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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Curtas Banais # 10


de mosquitos


já faz anos que, infelizmente, sou obrigada a passar quase todos os meses de janeiro em são paulo, trabalhando. mas o costume parece não fazer efeito nenhum: todos os janeiros são, para mim, igualmente tediosos e revoltantes.

sim, revoltantes. porque podemos ser esses animais obedientemente trabalhadores, mas a natureza grita que é verão. e no verão a gente tem que ser feliz, que me desculpem os que gostam de inverno – ou de trabalho.

eu ainda tenho o azar de estar trabalhando em casa nesses tempos. sim, azar, afinal eu não aproveito a única coisa boa de janeiro em são paulo: a melhora do trânsito. por outro lado, a cidade vazia dá uma sensação ainda mais irritante: “só eu estou aqui enquanto todos estão tomando água de côco à beira mar”. é. de fato não sei se é pior ou melhor ficar em casa.

mas sei que da minha janela, pra onde meu olhar teima em desviar a todo momento, vejo um céu maluco de verão, que alterna entre claro, cinza, chuvoso ou com um sol escaldante; e escuto as crianças em férias brincando na rua (sim, isso existe em são paulo, e na frente da minha casa existe até demais!). sinto o calor que entra e a brisa quente que sopra de vez em quando. e – ó vida! – também é por essa janela que entram os mosquitos.

mosquitos que picam de dia e de noite. que não respeitam meu horário de trabalho e nem meus momentos de descanso em frente à tv no fim do dia. aliás, nem mesmo as refeições: hoje mesmo enquanto eu almoçava os mosquitos também me almoçavam debaixo da mesa!

e são eles, meu deus, que mais insistem, que mais chateiam, que mais provocam: é verão! vá pra rua! corra na areia! ande de bicicleta! coce as picadas até sangrar, tenha perebas que serão curadas na água do mar!

mas… eu não: eu comprei um repelente. e continuo trabalhando sob o sol de verão.

Sofia Amaral é roteirista e produtora e gasta uma grana com repelente.

Um comentário:

Fabiana Cardoso | Canción Comunicação disse...

Eu achei que era solitária no grupo de "colecionadores de repelente". Fico mais feliz agora!

Varios modelos por todos os comodos da casa...

Cara, tem pernilongo tão gordo que mais parece uma vaca voadora.

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