Certa vez, há uns três anos, falei com Paulo Vanzolini ao telefone. Marquei uma entrevista. A gravação não deu certo. Não saiu a entrevista. A pessoa que o entrevistou perdeu as fitas. Uma fatalidade. Jornalismo tem dessas. Até hoje lembro que ele dizia ao telefone “Não tenho nada pra dizer”. Me enrolou direitinho e ontem, pensei: “Tem tudo pra dizer, esse Vanzolini, tudo.”
Paulo Vanzolini é zoólogo. É também um dos maiores do samba em São Paulo. Em 1951, compôs o samba Ronda. Em 1959, ofereceu seu samba Volta por cima à cantora Inezita Barroso, que não quis gravá-lo. Por influência de seu amigo José Henrique (violonista e dono da boate Zelão), voltou a mostrar o mesmo samba ao cantor Noite Ilustrada, que o lançou em 1963, com grande sucesso. Ainda em 63 tornou-se diretor do Museu de Zoologia. Ficou lá até a década de noventa. Continuou acumulando composições inéditas, muitas, centenas, conhecidas apenas por restrito grupo de boêmios. Era amigo de Adoniran Barbosa.
Daí que ontem assisti o documentário Um Homem de Moral, sobre ele, no cine Bombril na av. Paulista. 40 pessoas na plateia. Ao fim, aplausos. Raridade em cinemas. Um homem de moral é gostoso, engraçado, saudoso, paulista, emocionante.
Uma homenagem a cidade, ao samba, a Vanzolini; um extra-classe de criatividade. As letras, as ideias de cada uma, sempre acompanhando a verdadeira paixão, as matas, a zoologia. Me reapaixonei pela cidade. Orgulhoso do samba. Contente em saber mais sobre o Vanzolini do telefone.
Maria Marta interpreta Cuitelinho, música do Vanzolini, também no filme
João Gilberto interpretanto Ronda, também de Vanzolini
eu sou mto fã da Praça Clóvis, onde minha carteira foi batida com vinte e cinco cruzeiros e o retrato.
ResponderExcluir25, eu, francamente achei barato.
Vi o cartaz do filme e pensei: acho que eu assistiria uma entrevista do vanzolini sem edição.
boa dica.