Liquidificador da “informação”: Plínio botou lenha na fogueira do debate da Bandeirantes que mostrou uma Dima insegura, um Serra pouco convincente e uma Marina confusa

Imagine a turbulência mental ao ler detalhadamente todas as notícias mais “importantes” do dia veiculadas no jornal do dia seguinte. S.A.T.U.R.A.Ç.Ã.O é o que penso sempre que pego o jornal, qualquer deles. “Não quero saber, mas preciso”. Liquidificador da informação é um apanhado. Nada mais. Aqui, somente, apenas, a informação menor. O que batemos o olho. De ontem, não te importa hoje. Respire e vá de um fôlego.

Dia 6 de agosto. Rolou o debate na TV Bandeirantes entre os candidatos à Presidência da República José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) – enquanto o Internacional perdia o jogo mas ganhava vaga na final da Libertadores e sua vaga no mundial de clubes. No debate, Serra e Dilma falaram sobre seus projetos na área de saúde e emprego, Marina disse que ira priorizar a área de saúde, pois acredita que “a saúde não pode esperar nem um momento”, enquanto Plínio disse que “há um problema de desigualdade social” a ser enfrentado “com firmeza”. De certo, tirando o candidato do PSOL, que colocou lenha na fogueira, o debate foi frouxo e pouco esclarecedor.
Ainda eleições: a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) divulgou pesquisa encomendada ao instituto Sensus, sobre as intenções de voto para a presidência, que aponta liderança da candidata Dilma Rousseff (PT) com 41,6%, seguida por José Serra (PSDB) com 31,6% e Marina Silva com 8,5% (foram ouvidas 2 mil pessoas em 136 municípios de 24 estados). E essa hem? O depoimento do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, à Polícia Federal, em Brasília (DF), durante o qual afirmou que a violação de seu sigilo bancário e fiscal e o vazamento dos dados para a imprensa é de inteira responsabilidade de Dilma Rousseff (PT) – ele afirmou que a montagem do dossiê partiu do comando da campanha petista, com único intuito de atingir a candidatura de José Serra.
Enquanto isso, no gabinete do Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília, o presidente Lula se reunia com o vice-presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho – Marinho disse que “num determinado momento da conversa, ele falou da campanha e candidatura da ministra, mostrando-se muito otimista”. Depois do debate o que será que ele disse?
Do mundo econômico: nota emitida pela Embratel anunciou que lançará oferta pública voluntária (OPA) para a aquisição de até 100% das ações preferenciais (à exceção das ações detidas pela empresa) de emissão da Net, pagando até R$ 23 por ação, num total de R$ 4,579 bilhões.
Quem viu? O manifesto publicado por 12 associações industriais nos jornais de maior circulação do Brasil, em que defendem a política de financiamentos adotada pelo BNDES - entre as entidades que assinaram o documento estão a Abimaq e o Sindipeças, sindicato das fabricantes de autopeças (“A ideia surgiu porque estamos assistindo a um ataque violento ao BNDES. Liguei para todo mundo (associações nacionais) e falei que tínhamos de fazer a defesa do banco. Se não fosse o BNDES, estaríamos mortos aqui, chorando sangue”, disse o presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto).
Em entrevista coletiva a presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu (DEM-TO), classificou como “farsa” os acordos fechados entre o Ministério Público Federal (MPF) com frigoríficos e produtores rurais da Amazônia contra o comércio de carne bovina produzida em fazendas desmatadas ilegalmente ou com registro de trabalho escravo e disse que a carne produzida na região não tem origem legal, “nem teria como ter” - segundo ela, a Corregedoria do MPF decidiu abrir sindicância para investigar o caso. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse no lançamento do Movimento Empresarial pela Proteção e Uso Sustentável da Biodiversidade, em São Paulo, que o Ministério pretende elaborar uma proposta de alteração no Código Florestal – o objetivo é oferecer uma alternativa ao projeto de lei apresentado pelo deputado federal Aldo Rebelo (PcdoB-SP), recentemente aprovado em comissão especial na Câmara dos Deputados.
Parabéns pro papai... a aprovação pelo Senado, na última quarta-feira, de projeto de lei que determina que a paternidade pode ser reconhecida mesmo se o exame de DNA. O projeto determina que outras provas podem fundamentar a ação, convencendo o juiz sem a necessidade do teste. Para fechar, atrasadíssimo nesta sexta, volto com o liquidificador na segunda: divulgação pelo Departamento de Estado dos EUA do “Country Reports on Terrorism for 2009”, relatório sobre o terrorismo no mundo, segundo o qual o braço da Al Qaeda no Paquistão é a maior “ameaça terrorista” contra o país – Irã, Síria, Cuba e Sudão são classificados pelo documento como apoiadores de organizações terroristas. Você acredita nesse relatório feito pelos EUA?

Thiago Domenici, jornalista.