Gosto de ver novela. Uma por dia está de bom tamanho, então é aquela que passa depois do jantar. Por inércia, vejo a da Globo, que parece que ainda tem a qualidade menos pior, não sei por quanto tempo mais.
O título, o autor e o elenco não importam muito, só não suporto os enredos francamente imbecis. E não acho que novela tem que ensinar coisas altamente edificantes. Tem é que divertir, distrair mesmo. Então eu me jogo na cama, recostada, e fico ali vendo aquelas histórias quase sempre tolas e absurdas, sem pensar em nada. De preferência, acompanhada do meu filho, e a gente se diverte comentando as bobagens e os desempenhos ótimos ou desastrosos, e adorando as cenas de baixaria, sempre as nossas preferidas.
As personagens sempre sabem o que dizer. É óbvio que a qualidade do texto depende da competência do autor, mas não faltam uma boa resposta, uma má-criação rápida e certeira, um elogio preciso, uma declaração de amor caprichada, uma frase espirituosa. E aí eu fico pensando em como seria bom ter um texto pronto à minha espera.
Sim, porque não sei como é com os outros, mas eu sempre demoro pra pensar na melhor frase ou na resposta boa e aí, geralmente a ocasião já passou ou a oportunidade foi perdida. Isso acontece especialmente quando a conversa ou comentário é sobre mim mesma. A pessoa diz alguma coisa que toca num ponto sensível, que merece que eu me defenda ou modifique a perspectiva do que está sendo falado, e eu fico ali, feito uma idiota, dizendo qualquer coisa desimportante, quando devia ter dito isso e aquilo e aquilo outro, que eu só formulo alguns minutos depois, mas aí já não serve pra nada. Ai que ódio!
Acho que é também por isso que leio livros e vejo filmes e novelas. Pra me sentir vingada da minha parvoíce naquelas frases encadeadas, na reflexão instantânea e tão interessante que a personagem faz diante dos meus olhos, na ironia certeira, na capacidade de dizer exatamente o que aquela pessoa que a está ferindo ou maltratando precisa ouvir naquele momento. Dá uma sensação boa de alma lavada e também uma esperança de que quem sabe da próxima vez eu consiga fazer a mesma coisa.
Júnia Puglia, cronista, mantém a coluna semanal De um tudo no NR.
Delícia. Lendo você, meu café da manhã fica mais saboroso. Muito bom, Júnia!
ResponderExcluirCONTINUA BRILHANDO.Sempre pensei que você fosse caladinha em atenção ao ditado : "Falar é prata, calar é ouro". Pois,daqui por diante, deve deitar falação com o mesmo bom humor que põe em suas palavras. É gostoso e divertido o modo como você escreve,dentro de uma linguagem séria e, ao mesmo tempo, clara e divertida.
ResponderExcluirBeijos da Mummy
Pronto.
ResponderExcluirDisse e repito, pronto.
Quantas vezes em pensamento falei, perguntei, respondi, soltei um palavrão ou mesmo declarei minha admiração e amor. Tudo fez e faz parte da minha construção. Inclusive as respostas dos outros e o textos da "outra". Vc disse tudo.
É isso, quero sempre que precisar, ter um texto pronto.
bjo
Essas "vinganças vicárias" dão sabor à vida da gente, né?
ResponderExcluir