Como na edição de hoje, dia 03.06.09, no jornal O Estado de São Paulo, em sua seção internacional. Diz a notícia que o presidente Hugo Chávez “sumiu” por três dias causando grande preocupação e as mais variadas especulações na imprensa daquele país sobre tal “sumiço”. O texto começa por dizer que Chávez desapareceu por três dias, desde a última sexta-feira à noite, só reaparecendo na segunda-feira, mas que no sábado à tarde (o grifo é meu), cancelou suas aparições no programa Alô Presidente. Uma contradição da própria notícia. O pior vem a seguir.
Jornais e televisões, em sua maioria de oposição, especulam com ironias e falta de respeito ao presidente, levantando hipóteses de doenças, internamentos em hospital, visita secreta a Fidel que estaria morrendo, medo de enfrentar num debate público o escritor Mário Vargas Lhosa etc.
Toda uma enxurrada de notícias sensacionalistas e profundamente desrespeitosas vazadas através de uma mídia que diz ao mundo inteiro que na Venezuela não há liberdade de expressão. A esse propósito vale a pena destacar que neste mesmo final de semana, convocados pela oposição “democrática Venezuela” (essa cujo o seu mais destacado líder fugiu para o Peru acusado de corrupção), alguns escritores como Vargas Lhosa, Jorge Castañeda e outros menos conhecidos fizeram o ridículo papel de ir até Caracas denunciar para toda a imprensa nacional e internacional que não existe liberdade de opinião e expressão no país. O povo venezuelano ignorou tal provocação e só a mídia internacional é que repercute tal bobajada, aumentando o já não tão pequeno fosso que vai se abrindo entre a imprensa venal e o cidadão comum.
Por último, o mais triste da nota do Estadão: em pouquíssimas linhas fala-se do verdadeiro motivo do “sumiço” de Chávez. Sua segurança pessoal foi informada desde El Salvador, onde se deu a posse do novo governo de esquerda do país, que havia um plano para atentar contra a sua vida e a de Evo Morales, presidente da Bolívia, na rota de vôo Caracas/São Salvador. Isso não é motivo de preocupação na notícia. Nenhuma linha a condenar o possível magnicídio.
Pobre jornalismo brasileiro que, além de não buscar a informação correta dos fatos, repete como papagaio aquilo que julga ser a verdade de seus parceiros na Venezuela, onde, diga-se a bem da verdade, se pratica um jornalismo de gangsteres. Basta dizer que o principal acionista da Globovision, emissora de grande audiência, está sendo processado também por crime de usura, contrabando e enriquecimento ilícito. Essa é a democracia que os EUA procuram impor ao mundo pelas armas e que entre nós é defendida por órgãos como a FSP, O Estadão, Veja, Rede Globo, etc.
Izaías Almada é autor do livro VENEZUELA POVO E FORÇAS ARMADAS, Ed. Caros Amigos.
Um comentário:
é curioso mesmo que se ignore a denúncia de complô de assassinato de um chefe de estado. mas a mídia venezuelana, por questões de politica partidária, e a brasileira, por solidariedade ou direitismo, consideram Hugo Chávez uma fonte não confiável. bem observado.
Postar um comentário
Ofensas e a falta de identificação do leitor serão excluídos.