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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Rico e Pobre na voz de Ary Toledo


Izaías Almada # 7


Frases desconcertantes


As crianças são maravilhosas, em particular quando andam aí pelos quatro anos de idade. Aprendem a falar, mas ainda não compreendem determinadas frases, expressões ou mesmo onomatopéias que criam lá dentro das suas cabecinhas. Mas como estão se socializando, aprendendo, falam com todo o seu conhecimento de causa.
Começo por citar a minha própria filha, Ana Luísa, hoje uma moçona mãe do meu neto Leonardo, na altura com seus quatro aninhos. Estava entretida a brincar com um desses jogos de encaixar as peças. Diante de alguma dificuldade momentânea, ouvi-a exclamar: “Pucamela!” Como não entendi o significado da expressão, perguntei-lhe o que havia dito e ela repetiu: “Pucamela!”. Horas depois é que me dei conta, pois o fato é que se tratava de uma expressão que significava revolta por não conseguir o seu intento no tal joguinho. Significava nada mais, nada menos “puta merda!”, ouvida – com certeza – da conversa de adultos e da qual não nego a minha irresponsabilidade verbal de pai.
Outro caso, também curioso, deu-se com o aluno do pré-primário de uma professora amiga minha. Ela resolveu levar a sua turma a um passeio no jardim zoológico. Quando passavam em frente ao espaço reservado para um casal de veados, minha amiga anunciou às crianças: “aquele ali é o veado”. Um dos alunos sapecou alto e bom som: “veado, f.d.p., odinálio”... Não foi difícil descobrir que a expressão era, vez por outra, proferida pelo avô do menino em almoços dominicais da família contra algum desafeto.
Outra pérola é a resposta de um menino quando lhe perguntaram pela mãe: “Como está sua mãe, fulano?” A resposta foi seca e brilhante: “Mamãe está lá em casa sentada, olhando...” Profundo senso de observação. Um primo da minha namorada, também na mesma faixa de idade, chegou com a mãe a uma festinha de aniversário. Os adultos, sempre bajuladores, atacam com suas tradicionais perguntas: “E aí, Carlinhos, cadê o seu pai?”. A resposta, decidida, mostrava também um agudo senso de observação e pragmatismo: “Papai foi trabaiá pra compá pijunto”, pois o Carlinhos adorava presunto.
Por último, peço licença para narrar uma aventura do meu filho caçula, o Vinícius, hoje com seus vinte e sete anos de idade. Era eu sócio de uma empresa produtora de filmes publicitários, quando numa determinada tarde recebi a visita do pequeno Vinícius acompanhado do padrinho Jorge. Lá pelas tantas, o padrinho foi até uma padaria próxima ao escritório e levou o Vinícius, oferecendo-lhe a perspectiva de um sorvete ou uma barra de chocolate. A preferência foi pelo chocolate e o padrinho comprou duas. Uma para o Vinícius e outra para a irmã, que estava no colégio. No caminho de volta para a produtora o Vinícius comeu com enorme prazer a sua barra de chocolate, chegando ao escritório com aquele indefectível bigode produzido pelo chocolate derretido ao redor da boca. Lavou as mãos, limpou-se e dirigindo-se ao padrinho, disparou: “agora eu quero meu chocolate...” O padrinho Jorge, surpreso e com ares pedagógicos respondeu: “mas o seu você já comeu pelo caminho.” Meu filho não teve dúvidas: “não, aquele era o da minha irmã, agora eu quero o meu...” Gênio.
Pena que ao nos tornarmos adultos, percamos essa sinceridade e essa transparência das crianças. O mundo seria bem melhor.

Izaías Almada é autor, entre outros, do romance FLORÃO DA AMÉRICA, Editora Estação Liberdade.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Festival do Rio 2009

O site Porta Curtas - e o blog rodapé é parceiro - promove um Prêmio onde você é o jurado: são 9 filmes para você ver e votar ou recomendar os Curtas do Festival do Rio 2009 para alguém votar. Para ver a seleção dos filmes aqui no blog rodapé basta clicar em um deles; você não sai da página.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

George Harrison "Here Comes Emerson"

O falecido beatle George Harrison homenageia o amigo e ex-piloto Emerson Fittipaldi à época que se acidentou gravemente num fórmula Indy; quando Harrison faleceu anos depois, Fittipaldi disse que o conheceu no Grande Prêmio da Inglaterra em Brands Hatch, em 1973. Fã fervoroso da Fórmula 1, depois disso, George passou a se encontrar com Emerson em vários outros GPs. "Nós ficamos muito amigos e passamos a nos encontrar também fora da pista. Passamos férias com nossas famílias e sempre que ia à Inglaterra, jantávamos juntos", contou.


sábado, 26 de setembro de 2009

Download livro Brasil Direitos Humanos 2008


Disponibilizo para download o PDF (em baixa) do livro-reportagem Brasil Direitos Humanos 2008 da Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH). Basta clicar na imagem e baixar gratuitamente. Se o link der problema basta deixar o e-mail e nome nos comentários que enviarei.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Manchetes Rejeitadas # 7


Agora o Tietê Campos, além de soltar suas manchetes rejeitadas vai dar pitacos com base em perguntas do que anda acontecendo no mundão nos diversos assuntos possíveis e imagináveis. Topou o desafio e pra testar mandei uma sobre Honduras. O amigo e amiga visitante pode deixar a sua nos comentários e, na medida do possível, ele responde para publicarmos aqui.

como vê o imbloglio em Honduras?


Bem, não tenho maiores novidades a acrescentar ao que todo mundo já sabe. A posição do governo brasileiro, e de muitos outros governos, da necessidade de restabelecer Zelaya no poder, deve ser apoiada. A posição do governo de fato de Honduras, de que a Constituição do país manda depor o presidente que tentar se reeleger, não se sustenta, porque Zelaya havia simplesmente convocado um plebiscito para mudar a Constituição, e não se candidatado à reeleição. Deve ser notado ainda que há informações, impossíveis de confirmar, de que a repressão aos partidários de Zelaya tem sido muito mais violenta, com assassínios e torturas, do que tem sido noticiado pela mídia. Há informações também de que setores do governo americano e outros setores influentes nos EUA estão apoiando os golpistas. É visível que setores da mídia, nos EUA e no Brasil, estão na prática apoiando o golpe.
Não vejo problemas em o presidente Zelaya exercer atividades políticas a partir da Embaixada do Brasil. Afinal, ele é o presidente reconhecido internacionalmente de Honduras.
O problema é que a população de Honduras está dividida, entre os mais ricos e os mais pobres, não se sabendo qual dos dois lados é predominante, mesmo porque os setores intermediários, os menos ricos e os menos pobres, estão divididos. Outro problema é um velho problema dos setores políticos que defendem os mais pobres: por que precisam de lideranças perpétuas? Por que o líder ter de ser sempre reeleito? Os setores que defendem os mais pobres são incapazes de formar outros líderes?

Tietê Campos é jornalista dos bons e escritor - com mais de 10 livros - e aqui usa pseudônimo; trabalhou em grandes veículos de comunicação do Brasil e já ganhou inúmeros prêmios na área.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

"Parecia um campo de concentração"


Rubens Marujo
, 57 anos, é jornalista profissional e morou num albergue da Prefeitura de São Paulo durante três meses em 2008. Foi morador de rua. Chegou ao fundo do poço literalmente. Neste ano o procurei para escrever um depoimento para a Revista do Brasil na matéria Política do Pão e Circo do repórter Marcelo Santos. Já tinha contado sua história para a repórter Cylene Dalbon no livro Brasil Direitos Humanos 2008, da SEDH. Uma porrada o depoimento. Rubens toca a vida como jornalista novamente. Pensa em escrever um livro sobre o período.

"Parecia um campo de concentração"

Morei no Albergue São Francisco, esquina da rua Santo Amaro com o viaduto Jacareí, bem em frente à Câmara Municipal de São Paulo. Antes, chamava-se Cirineu e era administrado por uma ONG de quinta categoria, com verba da prefeitura. Quebrado, sem dinheiro, não conseguia arrumar emprego e fui parar lá. Éramos mais de 400 pessoas amontoadas num imenso porão-dormitório sujo. Um depósito de seres humanos, com um cheiro insuportável. Senhores com mais de 80 anos misturavam-se a jovens alcoólatras, drogados, crianças, mulheres, pessoas com deficiência, tuberculose, aids, alguns ex-presidiários, outros em condicional, nenhum tipo de assistência.
Aquilo se assemelhava a um campo de concentração nazista. Durante dez anos o albergue funcionou ali – foi desativado por força de um abaixo-assinado de vizinhos. O “dum-dum” dos veículos ao passar pelas emendas do viaduto martelava nossos ouvidos. Com raríssimas exceções, os monitores, contratados pela igreja e sem qualificação profissional, nos humilhavam, deixando-nos na fila, debaixo de chuva e frio, à espera da hora de entrar. Entrava-se após as 17h30 e acordava-se às 5 horas. Até as 7, todos tinham de ir para a rua, inclusive aos domingos e feriados, fizesse sol ou chuva. As assistentes sociais explicavam que eram ordens da prefeitura. Alguns idosos não conseguiam fazer suas necessidades no banheiro. Sujavam a roupa, a cama, o chão. Não havia fralda geriátrica.
Para conseguir almoçar era preciso esperar até três horas. Um papel colado na parede interna do dormitório indicava a dedetização vencida. Os dormitórios ficavam infestados de baratas e outros insetos, principalmente muquiranas, espécie de piolho que dá no corpo de quem não toma banho, produzindo uma coceira infernal. Suportávamos as humilhações com medo de represálias: ser cortado e ir para a rua. Eram filas para entrar, para pegar alguma roupa no bagageiro, para tomar banho (quando os chuveiros funcionavam) e para jantar. Não adiantava muito tomar banho, porque éramos obrigados a vestir a mesma roupa, que cheirava mal.
Às 5 da manhã, no auge do sono, as luzes do amplo dormitório eram acesas. Lavava o rosto, escovava os dentes e ia tomar café. Ficava observando o movimento de homens sujos e maltrapilhos, que geralmente não falavam coisa com coisa. Muitos usavam muletas ou bengalas, com a perna ou os braços engessados. Não era difícil adivinhar o motivo: embriaguez seguida de atropelamento. Pouco antes das 7 horas estava na rua. Passava na banca mais próxima para ler as manchetes. Eu era um maloqueiro bem informado. Quando ainda estava com sono, pegava um ônibus que fazia um roteiro bem longo. Não foram poucas as vezes em que acordei com o cobrador gritando: “Ponto final, Terminal Santo Amaro. Queira descer, por favor!” Descia, subia a escada do terminal e pegava o ônibus de volta. Graças aos meus cabelos brancos eu não pagava passagem. Duas horas para ir e duas para voltar: quatro a menos na rua. Aí tentava almoçar.
Depois voltava para a rua. Tinha de enfrentar a realidade. O corpo dolorido. Andava desconjuntado de tanto sentar em superfícies duras. Quanta saudade de um sofá. Sentava em um degrau de uma porta qualquer e ficava pensando na vida, no meu passado. Com tênis furado, calça larga e camiseta suja, me sentia um espantalho.
Numa tarde fazia muito calor. Entrei num bar e sentei num banquinho. Pedi um copo de água da torneira e o funcionário respondeu: “Aqui, meu senhor, água da torneira se toma em pé e do outro lado do balcão”. Sentia uma vontade louca de tomar um cafezinho. Andava olhando para o chão na esperança de encontrar dinheiro.
Entrar num albergue é fácil. Sair é o problema. Tem gente há mais de dez anos nessa vida. Um dia mandei um e-mail (no centro velho da cidade existem alguns lugares em que se pode acessar a internet) desesperado para um jornalista amigo meu. Ele sempre me ajudava e pedia para que não perdesse a esperança. Mas eu estava mal, com princípio de pneumonia, cansado e com a autoestima lá embaixo. Sem forças. Eu não acreditava em mais nada e pensava até em abreviar a vida. Ele repassou o e-mail para outros jornalistas, que no final das contas acabaram me socorrendo com algum dinheiro e algumas roupas e pediram para eu sair de lá. Providenciaram trabalho, ajuda psicológica, e eu me reintegrei à sociedade. Mas sou uma exceção. Comigo aconteceu o que chamo de milagre.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

quadrinhos # 1



Fonte: tirinha dos malvados

Curtas Banais # 6


da peruagem

2 da tarde, saio pra ir à padaria. é um belo dia de sol, frio e céu azul na bela e ensolarada vila madalena, e parece que esse clima de primeiro mundo deixou as peruas em polvorosa. abaixo três exemplos fantásticos que consegui em apenas dez minutos na rua (em ordem cronológica!):

perua #1 – EXT/ DIA – rua rodésia esquina com jericó – caminho de ida

a vila madalena é o local com maior número de confusões engraçadas de trânsito por quilômetro quadrado. são ônibus gigantescos em ruazinhas apertadas, quase sempre duas mãos. a isso some-se a geografia acidentada do meu querido bairro natal e os carros estacionados dos dois lados, mais os manobristas e… enfim: as peruas. era exatamente uma situação dessas: um ônibus entalado em uma curva fechada, um carro tentando dar ré na curva e mudar de mão pra ver se o ônibus encontrava espaço pra desentalar, uns outros dez carros esperando… uma confusão dos diabos. a nossa perua #1 vem na única mão livre da rua (justamente pra onde o bondoso senhor do carro tentava se locomover pra liberar o ônibus) a toda velocidade e buzinando. tira uma fina do carro que manobra e ainda sai xingando por trás de seus vidros com insulfilm. acho que ela deve ter colocado insulfilm também nos olhos, pra só enxergar o lado de dentro, né?

perua #2 – INT/ DIA – padaria rodésia

padaria lotada – caixa idem. a nossa querida perua #2, que está na minha frente na fila, é uma perua fashion: pequena e magrelinha, seus óculos tipo abelha parecem ainda mais bizarros no rostinho minúsculo emoldurado por cabelos assimétricos. ela deve realmente gostar muito de moda pra se obrigar a usar óculos tão desproporcionais ao tamanho de seu rosto. ao lado dela, uma amiga. atrás de mim, mais umas quatro pessoas esperando pra pagar.

- você tem algum doce que não seja chocolate?

- tenho esses aqui.

infelizmente ela estava continuando a conversa com a parceira. alguns segundos depois:

- tem ou não tem?

- tenho esses aqui.

- ah, esse eu não quero.

vira novamente para a amiga e conversa mais um pouco. o caixa, irritado. nós, resignados.

- e tic tac, do normal, você tem?

- tenho.

- ah…

pensa durante um século. pergunta o que a amiga acha do tic tac. pensa de novo.

- não, e mentos?

- tá aqui.

- ah… não. daquele mastigável, você tem?

- tenho.

- ah…

pensa mais um século. continua um pouco mais a conversa. de repente, um estalo:

- não. não vou querer, não. ó, cobra aqui. só que eu só tenho cinquenta, tá?

perua #3 – EXT/DIA – rua rodésia esquina com jericó – caminho de volta

no mesmo malfadado cruzamento da perua #1, a nossa perua #3 pára pacientemente para dar passagem pra outro carro (é um cruzamento sem semáforo). pena que pacientemente demais: ao pisar no freio, nossa querida abre o porta-luvas do carro, tira uma bisnaga de creme e, calmamente, começa a hidratar a delicada pele de suas mãos e antebraços. dois, três, quatro carros se acumulando atrás dela. mas a perua #3 termina calmamente de se hidratar e só então move seu veículo. detalhe: ela só olhou pra frente depois de andar uns bons metros. ainda bem que sou uma pedestre atenta, ufa!

Sofia Amaral é roteirista, produtora e na pré-adolescência usou polo ralph lauren e tênis de salto, mas acha que peruagem não tem nada a ver com roupas.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Dia mundial sem carro

Hoje, 22 de setembro, é o dia mundial sem carro. No vídeo de 2007 - válido para hoje, sem dúvida - intervenção feita no tunel Ayrton Senna, em São Paulo, onde ativistas retiraram a fuligem das paredes deixando mensagens para este dia que não deveria ficar só nas 24 horas. Afora a poluição crescente e trânsito insuportável o que é mais é necessário para a conscientização de que é preciso diminuir esse transporte? Reparem no vídeo que a fuligem impregnada nas paredes parece uma lousa mágica do mal. O protesto é sempre válido, aqui vai o meu por mais ciclovias e mais metrôs e trens para a periferia das cidades. Deixe seu protesto aqui no blog rodapé e veja o que está preparando o Greenpeace para a semana de mobilização sobre o clima.


segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Penetra Oficial # 6


As mentes perigosas do show business


Faz um ano que circulou por aqui uma figura que deixou história. Se eu fosse responsável pelo RH das empresas, com certeza pediria o exame do pezinho anexado ao currículo por segurança. A garota enviou um currículo de deixar muita gente por aí com inveja e dias depois estava no time da produtora. Dizia-se experiente na área. Avalie você, ok? Vou chamá-la de “Maia”.

Telefone toca:

- “Maia”, boa tarde.

- blábláblá

- O senhor quer ver um show de quem?

- blábláblá

- Bordel do Fogo Encantado?

Teve funcionário que se jogou no carpete para rir. Eu, inclusive. A moça conseguiu trocar Cordel por Bordel. Não bastasse essa pérola:

- Alguém pode me ajudar?

(Todos olham)

- Tem um cliente pedindo a consulta de um artista, mas nunca ouvi falar.

- Quem?

E ela com ar de desdém:

- Um tal de Bélxiór (atenção à pronúncia)

Vale dizer que essa história aconteceu muito antes do Belchior virar notícia novamente.
Ela não se contentava com pouco. A personagem tinha hábitos, no mínimo, estranhos, por exemplo, cheirar o suor entre os seus seios (Argggh!). E quando foi demitida? O que não é uma mulher ressentida, não é mesmo? Resolveu escrever para nossa diretoria e meter o pau nos coleguinhas, coisas do tipo: “A fulaninha fica o tempo todo só comendo, não sai da cozinha. Fica só enrolando e falando no telefone”; “Beltrana pegou dois shows meus, já estava articulando a venda e ela começou a gritar me pontuando que a venda era dela”; “Para ser bem sincera para você não gosto do cicrano, na minha opinião não passa de um puxa-saco, sem respeito por ninguém”; “O João e a Maria ficam o dia inteiro no MSN de fofoca. Além deles a “X”, “Y”, “Z” e “W” ficam fazendo futrica o tempo todo de tudo e todos.” O meu conselho é: adote o exame do pezinho nas seleções de vaga da sua empresa!

A “Juju” tem fama Internacional
Não é novidade pra ninguém que todo músico tem fãs, e a gente sabe que alguns fãs passam do limite da admiração e partem logo para ação! Mas, também existem músicos que adoram correr atrás das fãs. É o velho ditado, o que um não quer dois não fazem. Já vi, já ouvi e já fiquei sabendo de tudo nessa vida.
Quando eu era adolescente soube que uma das groupies mais populares de São Paulo no final da década de 90 resolveu desabafar com um amigo do ICQ. Ela estava com dores no maxilar, pois o teria deslocado devido a sua intensa atividade naquele final de semana. Precisou ir ao médico... Profissional hein?
Dizem as más línguas (no “bom sentido”) que o nome dela constava na listinha de groupies “Top Ten” e era passada de banda para banda.
Vocês devem imaginar que a garota é linda, não é? Pasmem, não sabia sequer andar em linha reta. Era uma mistura de Courtney Love com Heleninha Roitman. A gente nunca conseguia decifrar se ela estava bêbada ou era torta por natureza.

A fã prestativa
Tem músicos que já foram verdadeiros galãs quando jovens, mas o tempo foi passando, passando e hoje, melhor não comentar, pode magoar. Benditas sejam as mulheres que não se deixam levar pelas aparências e querem de toda forma agarrar esses homens com unhas e dentes... Literalmente.
A “Fefe” começou tímida, apenas queria conhecer. Depois que conheceu, apenas queria fotografar. Depois que fotografou, apenas queria ajudar. Depois que pensou ter ajudado resolveu montar um site. Depois que montou um site, decidiu que era a hora de acompanhar os shows da estrada para ter material para colocar no site. Ahã... Estratégia incrível. Pronto, ela já conhecia o músico, já tinha liberdade com a equipe e sua credencial permitia sua perigosa circulação ‘all access’.
Certo dia ela elaborou um plano fantástico, típico das mentes femininas de extremo perigo. Conseguiu um jeito de se alojar no quarto do músico. Amigos, qual não é a surpresa dele quando ele acorda de uma maneira bem motivadora com a boca em seu “instrumento”, não o de trabalho, é claro.
Ele que não é bobo nem nada deixou que a dedicada fã terminasse. Como diria sarcasticamente minha amiga Emily: “Olha só, você tem 30 minutos para sair daí hein”.

A Lagoa Azul
Fico com dó de alguns empresários que muitas vezes pagam os micos ou prejuízos pelos músicos. Já faz algum tempo, numa bela tarde de segunda-feira, um deles recebe a ligação de um gerente de hotel para reclamar a respeito do comportamento da certa dupla sertaneja.
E o motivo? Eles estavam no êxtase da felicidade e resolveram brincar com suas fãs pelo corredor do hotel durante a madrugada. Isso seria apenas mais uma história comum se não fosse por um detalhe: esqueceram de colocar as roupas antes de saírem pelos corredores badalando alegremente.

Meu primeiro amor
Já passei por situações constrangedoras, aliás, é normal. Dessa vez o “pepino” veio parar na minha mão, calma lá, vou explicar o que se trata o “pepino” em questão. Agora a moda são os programas que elegem um novo talento musical. E quando aconteceu uma das primeiras versões desses programas, o ganhador entrou para nosso cast. Histeria total, telefone que tocava sem parar, cartinhas apaixonadas, promessas de amor. Uma loucura.
Nas apresentações de divulgação, o produtor tinha que ter atenção redobrada ou com certeza ele voltaria pra casa com uma coleção de hematomas. Como costumamos dizer: “Fãs enlouquecidas não possuem escrúpulos”.
Vale tapa, arranhão, vale qualquer coisa para chegar perto do ídolo. E se tiver qualquer mulher na produção que não seja a mãe do cara, pára tudo, você deve se precaver e andar sempre com um colete a prova de armas femininas.
Foi em uma dessas apresentações que uma fã resolveu fazer um pedido: “– Vou fazer 15 anos e quero realizar um sonho. Você pode me ajudar a perder a virgindade com ele?”.

Comportamento só escatológico?
Uma casa de show conceituada de São Paulo recebeu uma banda de rock que estourou em todo o Brasil e fez desses caras príncipes encantados para milhares de adolescentes de todo o pais. O vocalista, mesmo sendo o cão chupando manga, aos olhos dessas garotas era, praticamente, o Gael Garcia Bernal.
E nesse show, ele resolveu levar uma fã pra dentro do camarim e mandar bala no seu talento. O problema é que o camarim tinha livre circulação de toda a produção e virou um espetáculo ao vivo. Diante dessa humilhação pública ele consumou o ato sexual na frente de todos.
Não bastasse, pediu a ela que o deixasse realizar uma fantasia. Qual não é meu choque ao saber que ali, na frente dos demais, a garota aceitou que ele cagasse em cima dela.
Melhor parar por aqui, porque meu estomago não aguenta! E viva o show business!

Fabiana Cardoso é jornalista e produtora

sábado, 19 de setembro de 2009

Jerry Lee Lewis, 73, piano a milhão


Estive no Credicard Hall, nesta sexta-feira (18), e vi uma lenda, um monstro do rock, Jerry Lee Lewis, 73 anos, que ao entrar no palco em São Paulo em curtos passos - anda com dificuldade - acenou aos aplausos e gritos - tiros de câmeras e celulares, um mundo de luzinhas acessas em substituição ao velho isqueiro dos shows de antigamente. Sentiu-se bem recebido, sem dúvida.
O que pensou nessa hora? Sentou-se ao piano como quem toma café da manhã e lê jornal. Os parceiros de banda, quatro senhores que já haviam cantado quatro músicas esperavam despretenciosamente. Acomodado, mãos em cima do piano... Jerry Lee Lewis - que de outro mundo é, sem dúvida - e sua banda - também de outro planeta - faz o público se emocionar. Um rapaz, vestido a caráter como muitos espectadores do show (estilos anos 50 e 60, rockabillies), grita "eu não acredito, ele existe". Perto do palco, casais dançam e rodopiam ao som do The Killer (O Matador), apelido carinhoso que ganhou aos 15 anos e que tem o piano como uma extensão do corpo. O show durou uma hora e deixou gosto de quero mais. Terminada a última música, levantou-se, acenou, sorriu como quem diz "acho que gostaram" e saiu. O públicou correu para a beirada do palco ovacionando a fera. Durante o show sua expressão e calma me surpreenderam, a intensidade das músicas era enorme, mas parecia não fazer esforço para cantar; como se estivesse ao telefone.
Lewis voltou ao Brasil depois de 16 anos para lançar seu último disco "Last Man Standing" (2006); amigo de Jonh Cash, Elvis Presley e muitas feras, é precursor do genuino rock and' roll, (foi um dos originadores do gênero, ao lado de Chuck Berry, Little Richard, Ike Turner e Fats Domino) dono de clássicos como "Great Balls of Fire", "Whole Lotta Shakin' Goin' On" (1957) e "Breathless" (1958). Fez uma única aula de piano na adolescência "o professor não gostou do meu jeito"; criou estilo próprio, virou lenda viva.
Em entrevista para a Estadão disse: "Sempre vivi intensamente. Se pudesse, faria tudo de novo"; "Meu estilo de música é rock and roll, boogie woogie, country, blues, tudo junto." Já para a Folha de S. Paulo, por e-mail, o repórter pergunta. "É o senhor mesmo que está teclando essas respostas, como faz com o piano?" ao que responde "Estou falando, mas não teclando. Nunca aprendi a datilografar, só a tocar piano. É a única coisa em que coloco os dedos, além de mulher bonita", disse Lewis, que casou seis vezes, lançou mais de 50 discos e só com a gravação de Great Balls of Fire, clássico dos anos 50, vendeu 6 milhões de cópias.

Vídeo do show em SP (18/09/2009):

Creative Commons para leigos

Após ver a animação bem explicativa acesse o site para tirar mais dúvidas. O Blog Rodapé é licenciado pela Creative Commons.

Das Casas Bahia

Ao trocar produto tosco por outro, uma cama quebrada por uma panela elétrica, observo um casal conversar com o vendedor sobre a “cozinha vitória, com balcão” que desejam comprar em várias vezes no crediário. “Qual o brinde?”, pergunta a esposa. “Um relógio masculino ou um celular”, diz o vendedor. A mulher indigna-se “Ah, não, quero um secador de cabelos, cozinha é um negócio feminino e vocês vêm com relógio masculino. Chama a gerente, por favor?”. O vendedor se assusta com tamanha brabeza. “Mas senhora é o brinde de toda a rede de lojas”. Sem conversa. “Olha, já tenho celular e meu marido também. Ele não precisa de relógio masculino, né, amor?” “É, não preciso”, diz o marido constrangido e sem relógio no pulso. “Então quero um secador de cabelo. Chama a gerente, ela vai entender, é mulher, não é?”.
A gerente chega. “Não vai dar, o preço é muito diferente”, diz estressada. O marido soluciona: “Amor, pega o celular e a gente vende pra comprar o secador.” A mulher concorda com ar de “nossa, que boa ideia meu marido teve”; o vendedor ri e fecha o pedido, a gerente sai fora com um pepino a menos e eu fico lá, sentando no sofá verde musgo que serve de mostruário esperando minha panela elétrica mais uma hora num puta sabadão de sol. (Thiago Domenici)

ELT é “apaixonante”, diz aprendiz


SANTO ANDRÉ - Caio Zanuto, 32, é aprendiz de circo da Escola Livre de Teatro (ELT) desde 2007. “A escola foi um achado, pelo clima, prazer e trocas democráticas”, revelou durante o protesto pacífico desta quinta-feira (17), no plenário João Raposo Rezende Filho, na câmara municipal de Santo André, que reuniu mais de 100 aprendizes da ELT, a maioria jovens e entusiastas do projeto nascido há 17 anos.
Os aprendizes pedem a volta do ambiente de autonomia “pautado pela amizade, experimentação e democracia” e que transformou-se há oito meses com a chegada da coordenadora administrativa Eliana Gonçalves – funcionária da Secretaria de Cultura e amiga de infância e indicação do prefeito da cidade, Aidan Ravin.“Não há conversa com ela, sempre ausente ou tomando atitudes por conta própria sem consultar aprendizes e mestres”, acusou Zanuto.
Ainda do lado de fora, pouco antes dos jovens artistas Lílian Cardoso e Mário Augusto Simões discursarem aos parlamentares sobre os dramas da ELT, foram distribuídos por outros aprendizes galhos de arruda aos que passavam. Faixas foram erguidas no plenário da câmara. “Viva a ELT”, expressava uma delas.
Palmas efusivas e o hino da ELT após os discursos dos aprendizes que pediam apoio dos parlamentares marcaram o que vinha sendo, até então, um dia modorrento na casa legislativa de Santo André.
Vereadores sorriram quando a turma da ELT gritou três vezes em uníssono “Evoé”, expressão que traduz entusiasmo, exaltação e intensa alegria.
A aprendiz Carolina Splendore declara-se uma apaixonada pela ELT. “É um universo novo que me foi apresentado e é até difícil de explicar o tanto que essa pedagogia da autonomia é apaixonante”, diz, para, em seguida, afirmar que isso não pode acabar. “A legitimação de um cargo de coordenador administrativo ou prefeito não é autorização para medidas arbitrárias”, protesta.
A ELT possui uma média de 200 alunos, 19 professores, 11 núcleos de formação que vão da formação de ator e teatro laboratório ao circo, pedagogia, direção, teatro de rua, linguagem da máscara e outros.
Personalidades como Maria Alice Vergueiro ("Tapa na Pantera"), o jornalista e apresentador do CQC, Marcelo Tas, Antônio Feltrin (novela "Pantanal"), Leona Cavalli (filme "Amarelo Manga") já demostraram apoio aos mestres e aprendizes da ELT que recebeu nos últimos dias manifestações positivas de todo o país.

Assembléias democráticas
A ELT tem por tradição histórica realizar assembleias mensais com toda a comunidade artística de mestres, aprendizes e funcionários para a exposição de ideias e encaminhamentos gerais. “A Professora Eliana sempre foi ausente deste espaço. Simplesmente ignorava, não havia nenhum tipo de interesse da parte dela de entender que projeto é esse, reconhecido para além das fronteiras de Santo André”, explica o ex-coordenador pedagógico Edgar Castro, demitido pelo diretor de cultura, Pedro Botaro, que segundo Castro, alegou “falta de afinação” com Eliana, coordenadora administrativa da Escola.
“A Escola Livre de Teatro é um espaço de dignidade. Um espaço onde as pessoas são ouvidas, onde o indivíduo é estimulado na sua formação a se colocar de forma dialógica em relação ao outro. A ELT, como disse o Marcelo Tas em seu blog, deveria ser tratada como uma jóia, porque é isso que ela é”, diz Castro, há 11 anos atuando como mestre da ELT.
Caio Zanuto dá exemplos de como são as assembleias mensais. “Temos lá a Dona Bete, responsável também pela limpeza, que reclamou em assembléia da falta de pano para a atividade. Na reunião seguinte a ‘entrada’ de cada aprendiz foi um pano de limpeza e agora temos material até o final desse ano”, brinca. “Papel higiênico foi a mesma coisa", diz.
Em outro episódio, relembra. “Uma vez os ânimos estavam meio alterados e um dos aprendizes pediu a palavra e disse que queria ficar em silêncio um pouco. 100 pessoas em silêncio, respeitando o pedido do colega e a coisa acalmou, foi muito bonito”, finaliza o aprendiz de circo que também faz parte do Coletivo Ativismo ABC.
E mais: ELT divulga manifesto de repúdio >> Demissão na ELT pode ter motivação política >> Prefeitura responde às reivindicações da ELT em carta oficial >> Escola Livre de Teatro em Santo André vive drama e pede "volta da autonomia" >> Veja o blog do movimento ELT em Alerta

Thiago Domenici é jornalista
(textos publicados na Rede Brasil Atual)

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Linha na pipa # 3


Abro esse texto com uma fotografia do amigo e fotógrafo Gerardo Lazzari, tirada em setembro de 2004 num acampamento do MST na região de Ribeirão Preto. Lazzarri foi parceiro de reportagem na matéria da Defensoria Pública e deixo aqui seu site para os curiosos e amantes da boa fotografia. Daí que o Blog Rodapé continua crescendo. No último mês foram 800 visitantes únicos, número bem razoável, fruto da chegada dos colaboradores, sem dúvida. Só faço questão de reafirmar aqui o valor dos comentários nos textos publicados, nem que seja pra dizer que está uma merda. Comentar é estimular – mesmo que entre os poucos – o debate e a reflexão. Novos colaboradores vêm aí. Daí pergunto, vocês gostariam de ler sobre o quê? Algum tema específico? Digam daí. Li na Folha de S. Paulo dois artigos muito interessantes, o primeiro do Contardo Calligaris – “Casamentos possíveis” e outro do Xico Sá – “O leitor que não lê”.
Calligaris faz uma análise das covardias e impotências jogadas no parceiro quando se está junto, diz ele: “Em geral, a gente casa com a pessoa certa: com quem podemos culpar por nossos fracassos” e “A decepção consigo mesmo é menos amarga quando é transformada em acusação. Você está me impedindo de alcançar o que eu não tenho a coragem de querer.” Taí uma visão bem interessante.
Já Xico Sá diz uma coisa que penso faz tempo, o cara que critica sem ler na onda de alguém que levanta a bola sobre um assunto em questão. “Você recebe meia hora depois milhares de xingamentos e ameaças por uma coisa que nunca escreveu. O leitor que não lê nem sequer passa o olho no texto, simplesmente segue a boiada virtual liderada por um leitor que caiu de paraquedas e não entendeu o espírito da prosa”, desabafou Xico no artigo.
A revista Rolling Stones deste mês está bala. Duas matérias: a da capa sobre o fim dos Beatles – que não é tão novidade assim - e do amigo Tadeu Breda, sobre o Equador. Curioso que fiquei, fui ler a entrevista do Jonh Lenon em janeiro de 1971 para o repórter Jann S. Wenner. Entre as tantas perguntas e respostas, alguns trechos. “Os Beatles não eram nada”; “Pessoas como eu ficam cientes de sua genialidade aos 10, 8, 9 anos de idade...eu sempre me perguntei: por que ninguém nunca me descobriu?”; “Eu aprendi muito com George e Paul, mas tenho certeza de que eles aprenderam muito mais comigo – aprenderam fodendo comigo”; “Se eu pudesse ser um merda de um pescador, aí sim. Se eu tivesse as habilidades para ser alguém diferente do que eu sou agora, eu seria. Não é divertido ser um artista. Você sabe como é, todo aquele negócio de escrever, é uma tortura.”
Outra entrevista, do jornalista e cartunista Jaguar, muito bem humorada, para a Revista do Brasil de agosto. Repórter pergunta se ele já tomou viagra. “Tomei uma vez. Mas só para me masturbar. Viagra é ótimo para a memória: de vez em quando eu esqueço como é uma mulher nua.” Mais: “O Carlos Drummond de Andrade era caladão, como o Manuel Bandeira, mas era um velhinho assanhado. Cansou de dar em cima da Olga, minha primeira mulher”; “É muito bom broxar. O cara que não broxa é como um vibrador: aperta o botão, e pronto. A mulher adora quando consegue fazer o cara sair do prejuízo, se sente orgulhosa, uma heroína.”


blogues e blogueiros

Blogues e blogueiros que considero importantes fontes de informação – não importa o viés, humor, política, jornalismo, tosqueiras e afins – vou indicar por aqui aos amigos rodapédianos. Começo pelo criativo e genial Professor Ariovaldo Almeida Prado que faz comentários sobre o mundo comunista e seus “personagens”. A ideia é tirar um sarro da melhor qualidade da direitona e dos esquerdonas. O blogue adverte. “Este é um site humorístico, qualquer referência a pessoas, empresas, entidades ou instituições que não tenha tido propósito satírico terá sido mera coincidência.” Os últimos posts são: “Possessão demoníaca: marxismo satânico se incorpora em menino de 10 anos” e “Herança maldita da Martaxa inunda São Paulo novamente.”


pirata ou não, pra coleção

Paulo Vanzolini – Um homem de moral (leia o texto deste blog sobre o filme). Outra é a trilogia do O Poderoso Chefão restaurada. Dois tá bom, grana pra comprar é que são elas, se não tiver, vai de torrent. É isso, linha na pipa.


Thiago Domenici
é jornalista, torcedor do tricolor paulista e criador do Blog Rodapé; faz a coluna linha na pipa para ordenar ideias do que lê, vê e ouve por aí.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O melhor lugar da casa # 2


Comida vegetariana é sem graça?


As nossas refeições normais têm uma estrutura bastante naturalizada pela maioria das pessoas: uma carne com acompanhamentos. Se pensarmos comida vegetariana como a mesma comida que a gente come normalmente, mas sem a carne, então a gente tem um belo prato de acompanhamentos. Ugh.
Normalmente, o sabor e o prazer estão na carne – na “mistura”. Ela que concentra temperos, gordura – e gordura é sabor, sempre. O resto é só acompanhamento.
Mas viver a experiência de uma boa comida vegetariana pode proporcionar a oportunidade de desenraizar a estrutura alimentar mais comum para nós. Transformar os “acompanhamentos” em parte central também.
A primeira coisa é ser um pouco generoso com a gordura. Como, em geral, a carne tem muita gordura, o resto é mais seco. Portanto, mesmo que se apronte uma comida com doses generosas de gordura, provavelmente ela será menos gordurosa que uma carne.
Segundo, é preciso inovar e ter generosidade também com os temperos. Dá para fazer melhor que o arroz branco refogadinho com um pouquinho de alho e cebola. Ou pior, arroz sem tempero, feijão sem gordura, salada só com sal e um pouquinho de azeite. Se a pessoa for extravagante, bota umas batatas fritas. Sinto muito, isso não é gostoso, saudável, nada.
Terceiro que não vale ficar só nos pratos sem carne que a maioria das pessoas normalmente já comem. O mais comum é uma massa com molho sem carne, é bastante comum. Mas tente comer macarrão com molho de tomate cinco dias seguidos. Novamente, ugh.
Enfim, imaginar pratos e refeições diferentes, sem nenhum tipo de carne, é um exercício delicioso para quem gosta de ficar horas na cozinha, mexendo com comida, tentando novas combinações. De verdade, saem coisas fantásticas daí.

Polêmicas à parte
O vegetarianismo é uma opção, assim como suas diferentes vertentes (veganismo, crugivorismo, frugivorismo...), de milhões de pessoas no mundo todo. Há inúmeras razões para se assumir esse modo de vida – sim, porque uma opção de alimentação determina sua vida em vários aspectos.
Nesse texto, não pretendi tratar das razões políticas, econômicas, espirituais ou éticas de se optar pelo vegetarianismo. Apenas pegar um ganchinho pra levantar a discussão.
Historinha real: certa vez, um jovem vegetariano, alvo da curiosidade dos colegas pela sua opção vegetariana, foi se servir de café em seu trabalho. Espantada, sua chefe perguntou:
- Ué, mas você não é vegetariano?
- Sim. Mas café é vegetal.
- Ah, mas vegetariano não pode tomar café...
- Pode sim, oras.

Rodrigo Mendes é jornalista, colunista do Blog Rodapé e chef de cozinha sem diploma; alçado ao posto pelos amigos que curtem suas misturebas gastronômicas

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Stringfever é clássico sem ser chato

Stringfever é música clássica "evoluida"; o quarteto mata a pau, com algumas músicas um intrumento basta. É o caso desse bolero de Ravel tocado num único violoncelo. O site dos caras é inglês, mas dá pra ver que vão além do erudito com incursões no jazz, pop, rock e trilhas sonoras. Tem outro vídeo com a história da música em cinco minutos, bem legal.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Do analógico ao digital # 2


Sobre Internet e Lei Eleitoral


O Senado liberou a cobertura jornalística na Internet durante o período eleitoral, tendo em vista as eleições de 2010. Parece-me uma decisão menos pior do que aquela que se desenhava dias atrás, quando deparei-me com a notícia da Folha Online “Reforma eleitoral deve impor limites para sites jornalísticos e liberar blogs” que dizia em seu primeiro parágrafo: a ideia é equiparar a atuação dos sites ao dos jornais impressos – assegurando regras, por exemplo, para o direito de respostas.
Não consigo pensar os novos meios com velhas leis ou velhas técnicas. Na Internet, a ideia do direito de resposta usada pelos jornais impressos não tem a mesma eficácia. Além disso, os sites jornalísticos não dependem de concessão pública para existir, como acontece com o rádio ou a televisão, mas com isso entraríamos em outras discussões.
Fato é que, depois de muitas idas e vindas na Internet e no Senado, o relator Eduardo Azeredo (PSDB-MG) concordou, em parte, com as propostas de Aloízio Mercadante (PT-SP) que tentava liberar o uso da Internet durante toda a campanha eleitoral. Digo “em parte”, porque há ainda algum tipo de restrição, como os debates eleitorais da Web que deverão seguir as mesmas regras aplicadas a Radios e TVs.
Mas afinal: o que os senadores consideram como WebTV? Será que eles irão considerar Youtube como Tv na Web? Haja confusão. Tudo isso porque querem controlar o incontrolável. Ah, e fica também uma provocação que vi no Twitter. Diz @lmoherdaui: “Alô parlamentares, já ouviram falar em multimídia? Como podem separar os suportes e aplicar regras a cada um?”. Bem lembrado.
Por outro lado, as emendas do senador Eduardo Suplicy (PT-SP) que obrigavam partidos a divulgar doações na Internet infelizmente foram rejeitadas. O projeto aprovado hoje pelo Senado segue para a Câmara e deverá ser sancionado pelo presidente Lula antes do dia 03 de outubro.
Há quase dez anos, muitos políticos têm feito uso da Internet para campanhas eleitorais. No começo era algo tímido, mas agora é muito mais evidente. Nas eleições de 2006, escrevi na revista Caros Amigos sobre o uso do Youtube pelos presidenciáveis brasileiros Lula e Alckmin.
Em 2007, acompanhei a campanha na Internet dos quatro principais aspirantes à presidência da França e o que vi foi um salto bem grande no uso da rede para esse fim. O Youtube ainda estava em alta, mas já tínhamos novidades, como o Second Life. Agora, a bola da vez são as redes sociais, entre elas o microblog Twitter (vide Políticos no Twitter).
De acordo com a Agência Senado, “o relator Eduardo Azeredo observou que o Congresso está fazendo apenas pequenas alterações na Lei Eleitoral, pois a falta de consenso tem impedido uma verdadeira reforma eleitoral”. Segundo Azeredo este novo meio de comunicação não pode ser uma terra de ninguém, onde se pode caluniar à vontade. O relator destacou que, se o Senado não colocasse nada na legislação, prevaleceria interpretação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que impõe à internet os mesmos limites estabelecidos para o rádio e a televisão.
Há controvérsias.

Paulo Rodrigo Ranieri é jornalista, pesquisador da comunicação no contexto digital e membro do grupo de estudos Atopos - ligado à USP - e colunista do Blog Rodapé. http://jornalismomultimedia.wordpress.com/

Milhares cantam Hey Jude em Londres

30 de abril de 2009. Uma empresa de telefonia móvel inglesa promoveu na Trafalgar Square, em Londres, um karaokê coletivo reunindo mais de 13 mil pessoas. A empresa simplesmente mandou um convite pelo celular: "esteja na Trafalgar Square tal dia, tal horário". Distribuíram microfones. E nada mais foi dito. Um encontro de gerações cantou Beatles. De arrepiar os pêlos do braço.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Izaías Almada # 6


As Leis do Mercado


    Miltão, o Milton Toledo Soares de Guimarães Neto, tinha o nome e a conta bancária bem extensos. Fato que jamais o preocupara, como é natural. Desde cedo conviveu com a fartura e o conforto de uma família que sabia administrar os bens que vinham passando de pais para filhos, todos trabalhadores e conscientes do patrimônio a zelar.
    O que de fato preocupava Miltão era o seu baixo desempenho sexual. O seu único casamento, aliás, terminara na cama. Ou melhor, na falta dela. Ali, entre lençóis de linho e seda, entre carícias e exóticos produtos importados, jamais se fizera sobressair como no pregão da Bolsa de Valores ou numa transação de cavalos de raça. E amara a sua ex-mulher, de verdade. Não guardava mágoas.
    Traumatizado, fez tratamentos no Brasil e no exterior. Consultou médicos e psicólogos, ingeriu drogas chinesas, africanas e baianas. Nada. Até que um dia, entre atônito e surpreso, teve uma bela ereção assim que acabou de arrematar um lote de ações da Petrobrás. Acabara de ganhar pouco mais de quinhentos mil dólares. Feliz e um tanto constrangido pela situação, correu para o banheiro e aliviou-se.
    Cinco sessões de análise não foram suficientes para Miltão esgotar o assunto. Nem a nova namorada, com quem conversava abertamente sobre os seus problemas, mesmos os mais íntimos, foi capaz de perceber sua aflição. Ela, que há meses esperava pelo milagre! Inspirado na reação da Bolsa de Valores, Miltão resolveu que durante o próximo ato sexual deveria ter, espalhados pelo quarto, alguns apelos ao seu novo erotismo, esperando que os tais objetos o motivassem e estimulassem. Do pensamento ao ato. Espalhou-os estrategicamente sobre a mesinha de cabeceira, sobre a estante de mão francesa e até mesmo colados na porta do guarda-roupas: dois talões de cheques, alguns cartões de crédito, gold e platina, as chaves do seu Jaguar, ações ao portador, uma fotografia do seu iate, ícones de inegável poder afrodisíaco para ele. E convidou Amelinha para jantar à luz de velas, com champanha e caviar.
    De madrugada, lançaram-se os dois na cama. Tudo correu bem até o momento esperado, onde – sem saber porquê – alguma coisa não funcionou. Em desespero, Miltão recorreu aos ícones. E ao pressentir que a derrota ainda assim era iminente, apelou para um último recurso:
- “Amelinha, diz quanto você quer para transar comigo...”
- “Você ficou louco?”
- “Claro que não, é apenas uma fantasia...”
- “Fantasia ou não, você está me ofendendo...”
Amelinha ameaçou levantar-se, mas agarrado a ela Miltão insistia:
- “Diga quanto, Amelinha, eu preciso que você diga, depressa.”
- “Cinqüenta mil reais”, respondeu Amelinha num misto de indignação e feminina curiosidade.
Hoje em dia, Miltão é um homem feliz. Até as sessões de psicanálise foram postas de lado. Amelinha tem uma invejável conta bancária, um Mercedes classe A, vários cartões de crédito e um loft em Nova Iorque, cujo quarto é decorado com um papel de parede que amplia as notas de cem dólares. Nesse quarto, em especial, Miltão torna-se um garanhão impossível...

Izaías Almada é escritor e colunista do Blog Rodapé. Conto do autor publicado no livro O VIDENTE DA RUA 46, Ed. Mania de Livro, 2001.

Dylan e Harrison

Corria 1970 e Bob Dylan tocou Yesterday no estúdio com o beatle George Harrison e sua guitarra inesquecível.

Humor em pílulas # 3


Top 10


A Medicina é, certamente, a área que mais proporciona o contato direto entre o profissional e o cliente. Nessa relação interpessoal tão estreita, diariamente, testemunhamos momentos que vão do trágico ao cômico, que às vezes me fazem parar e pensar o porquê dos livros de Medicina não conterem um capítulo entitulado “Os Absurdos na Prática Médica”.  Afinal de contas, onde está o tal do Dr. House quando mais precisamos dele?

Caso 10 – O Romântico


- Dr, tô com muita dor “na costa”!

- E começou há quantas horas essa dor?

- Olha Dr, foi logo depois que eu USEI a esposa!

Caso 9 – Caso Raro

- Dr, não consigo assoar o nariz e, quando consigo, VOMITO!

Caso 8 – Arquivo X

- Bom dia senhora. Qual a sua queixa?

- Dr, quando pego o celular na mão tenho uma sensação estranha... o Dr sabe né?! Celular é um BICHINHO VENENOSO...


Caso 7 – Torcicolo

- A senhora já teve torcicolo alguma vez?

- Já Dr, no JOEIO!


Caso 6 – Alergia

- Dr, tenho alergia daquele negócio das “pranta”...

- Do que? Do pólen?

- Não Dr, da FOTOSSÍNTESE!


Caso 5 – Gente Que Faz

- O senhor é diabético?

- Não Dr, sou OPERADOR DE MÁQUINAS!

Caso 4 – Parece Piada

- Dr, estou rouco desde semana passada.

- Mas foi após algum tipo de abuso vocal? Após gritar ou falar muito?

- Não Dr...

- E a senhor trabalha com a voz?

- Não Dr, MEUS AVÓS JÁ MORRERAM!

Caso 3 – Pós-Operatório

- Pela cicatriz, a senhora já operou o abdome. Qual o motivo?

- Dr, tive um CISCO NO ORVALHO e ESPERMA DE GALINHA!

(Tradução: “cisco no orvalho” = cisto no ovário; “esperma de galinha” = esplenomegalia)


Caso 2 – Malditos Genéricos

- A senhora tem alguma doença?

- Sim Dr, tenho pressão alta e diabete.

- E a senhora se trata, toma medicações de controle?

- Sim Dr! Tomo CABRITO FRIO, MOCOTÓ DA TIA ZILDA e DE BEM COM A VIDA...

(Tradução: ”cabrito frio” = captopril; “mocotó da tia Zilda” = hidroclorotiazida; “de bem com a vida” = glibenclamida)


E, orgulhosamente, o Caso 1 – Lactobacilos Vivos

- E aí Jovanete, como ficou do tratamento da Candidíase? Melhorou? Usou o creme vaginal?

- Sim Dr, tratei direitinho, o “escorrimento” parou já faz uns 10 dias! Até o “comichão na perseguida” melhorou!

- Que maravilha, fico feliz!

- Ah Dr, mas meu marido não gostou muito não...

- Nossa, mas porque???

- É Dr... agora ele tá reclamando que eu parei de dar MEU LEITINHO prá ele...


Dr Rino é médico e colunista do Blog Rodapé; se caga de rir quando pacientes com queixas absurdas fecham a porta após saírem da consulta.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

10 Dinge: humor alemão do bão

Faz uma semana publiquei o vídeo 10 drogas para não usar ao dirigir. Daí que fuçando e de indicação aqui e ali vi que existe uma série com esse ator alemão sobre "10 coisas a não se fazer". Alguns mais engraçados e outros menos; o do banheiro público (homens sabem) é genial. Como hoje é sexta-feira, dia da cervejinha e de menos estresse vai a lista com os links. É clicar e ser feliz.

10 coisas para não se fazer quando estiver no avião
10 coisas para não se fazer ao terminar um relacionamento
10 coisas para não se fazer na reunião com o professor de seus filhos
10 coisas para não se fazer quando estiver de co-piloto
10 coisas para não se fazer na cozinha
10 coisas que um ginecologista não deve fazer
10 coisas que não se deve fazer no cinema
10 coisas que não se deve fazer no dentista
10 coisas que não se deve fazer no banheiro público
10 coisas que não se deve fazer ao cortar a grama
10 coisas que não se deve fazer na praia
10 coisas que não se deve fazer na Lanhouse
10 coisas que não se deve fazer numa casa de construção
10 coisas que não se deve fazer no elevador

“Mordaça” cai no Estado de SP e vigora na capital


Lei do período militar que proibia críticas do funcionalismo público e inibia declarações do professorado estadual é revogada depois de 41 anos; na capital restrição ainda vale

Na terça-feira (8) a Assembléia Legislativa de São Paulo aprovou projeto do executivo que altera a Lei 10.261 de 1968 (Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado) conhecida como “Lei da Mordaça”, resquício da ditadura militar que proibia o funcionalismo público de “referir-se depreciativamente em despacho ou por meio da imprensa às autoridades constituídas e aos atos da administração.”
Em dezembro de 2008 o fim da “mordaça” já havia sido aprovado na Assembléia Legislativa por unanimidade. No entanto, o governador José Serra vetou a medida, alegando tratar-se de tema de competência do Executivo, e devolveu-a para ser novamente apreciada pelos parlamentares, agora com sua assinatura, e não mais do deputado oposicionista Roberto Felício (PT).
O governador informou em sua justificativa que o envio da medida se deve à necessidade de a matéria ser disciplinada dentro dos princípios da Constituição da República de 1988, que prevê a livre manifestação de pensamento.
Levantamento do Observatório da Educação com base nos diários oficiais apontou que a “Mordaça” foi utilizada nos últimos anos no estado e no município

Capital mantém


Salvos no estado, trabalhadores do setor público municipal têm lei semelhante que ainda vigora. “É um absurdo. Não tem sentido, ainda mais que o próprio governo falou que deseja extinguir a lei, mas não toma nenhuma providência, está só nas palavras, enquanto isso a lei está sendo instrumento de intimidação dos professores”, critica o vereador Antônio Donato (PT), autor do Projeto de Lei 124/2009, que pede a queda do artigo 179 da lei 8989 de 1979. Donato informa ainda que o projeto tramita nas comissões e que a votação este ano é fundamental. “Estamos discutindo com as bancadas. O executivo ficou de mandar uma proposta de lei em maio e até hoje não chegou”, finaliza o vereador.

Thiago Domenici (publicado originalmente na Rede Brasil Atual)

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Curtas Banais #5


do condicionamento físico


aí que eu, que nunca gostei de exercícios, resolvi fazer academia. sabe como é que é, depois dos 25 tudo começa a cair, e principalmente porque estava (estou?) a fim de parar de fumar e achei que talvez os exercícios pudessem ajudar. nem é preciso dizer que eu ainda não comecei a tentar largar o cigarro, mas… tô adorando a tal da academia. me sinto ótima depois que saio, cheia de energia, os exercícios são baseados em metas pessoais e eu mesma tento me superar, enfim: aquilo tudo que todo mundo fala e eu nunca acreditei muito. e no momento meu grande objetivo é apenas um: correr na esteira.

eu comecei só andando, há três semanas. beleza, tranquilo, ando rápido, suo, ouço música eletrônica no meu ipod, fico feliz. mas comecei a reparar que absolutamente todos os meus vizinhos de esteira correm. e esse negócio de superar a si próprio é meio viciante: em poucos dias eu já fiquei super a fim de correr também. de conseguir. de me superar. de provar pra mim mesma que posso ser mais do que uma gordinha sedentária. coisas imbecis que só quem faz academia entende. mas eu tinha um grande problema.

não, meu problema não era (ainda) o fôlego. o cigarro. o sedentarismo acumulado em anos a fio. meu problema era o MEDO DE CAIR.

sim. medo de cair. eu sou descoordenada. muito descoordenada. tipo aquela que era sempre a última a ser escolhida na educação física, fosse pra futebol, vôlei ou queimada. e, por mais que eu desejasse, parecia que meus pés se grudavam no chão. eu não tinha coragem  de aumentar a velocidade. já me imaginava estatelada no chão, boca sangrando, as pessoas se segurando pra não rir, eu nunca mais tendo cara pra voltar nessa academia – e nem em nenhuma outra, nunca mais.

maaaas, como tudo nesse mundo fitness é superação pessoal, acabei conseguindo. senhoras e senhores, eu consegui. quase pude ouvir a música do carruagens de fogo tocando ao fundo. emocionante. corri apenas um minuto, já no final dos meus quarenta regulares, mas foi o suficiente para que eu saísse de lá e fosse imediatamente comprar um tênis decente, pra poder correr sem destruir meus joelhos.

dia seguinte, tênis novo. feliz, me sentindo uma verdadeira atleta, alterno minutos de corrida com minutos de caminhada. vou descobrindo os macetes de fôlego e equilíbrio. estou ali, na minha super viagem atlética – talvez uma das primeiras da minha vida –
vermelha, suada, sorridente, quando uma das instrutoras da academia se aproxima com uma cara preocupada.

-    então… deixa eu te perguntar uma coisa… por acaso você fuma?

puta que pariu. devo estar com cara de quem vai ter um enfarte prematuro. puta que pariu que merda, agora que tô curtindo tanto ela vai falar que não posso correr. ou que tô correndo errado. ai, droga droga droga!

-    fumo…
-    ah é?? – sorridente – pô, você tem um isqueiro pra emprestar?

a vida é bela, meus caros. a vida é bela.

Sofia Amaral é roteirista, produtora e um monte de outras coisas, inclusive uma quase atleta.

PNC e Cultura em números

Foi lançada nesta quarta-feira (9) a publicação "Cultura em Números – Anuário de Estatísticas Culturais 2009" com dados quantitativos sobre cultura popular, teatro, biblioteca pública, museu, artes plásticas, cinema etc. A publicação do próprio MinC consolida dados existente a respeito apresentados em cinco áreas: Oferta da Cultura; Demanda da Cultura; Indicadores Culturais; Financiamento da Cultura e Gestão Pública da Cultura. É um documento importante para pesquisores, jornalistas, estudantes e interessados em conhecer mais do cenário quantitativo da cultural no país. Outra novidade é o Blog do Plano Nacional de Cultura (fiz matéria, leia aqui).

Telefônica, Speedy e Atento S/A

Mais alguns detalhes complementares da reportagem sobre telefonia e banda larga publicada na Revista do Brasil (leia na íntegra aqui) com declarações de ex-atendentes da Atento S/A, que faz o atendimento dos serviços de relacionamento e reclamações dos clientes speedy, por exemplo. Atento é uma subsidiária espanhola da Telefônica que atua em 17 países, a maioria na América Latina e que está no Brasil desde abril de 1999. A empresa é a segunda em número de funcionários em contact center (atendimento ao público) do país com 73 mil empregados; declara ter patrimônio líquido de 1,3 bilhões de euros.
     
Luiz André, 22 anos, estudante de ciência da computação trabalhou na Atento no suporte técnico do Speedy entre 2006 e 2007.

 “Uma época entrou um serviço chamado Doctor Speedy, era um técnico por telefone para resolver problemas gerais. A pessoa ligava e mesmo se eu não solucionasse o problema do Speedy dela tinha que tentar vender o serviço”.

“Eles [telefônica] chegam a vender produtos que só depois de instalar vão perceber que não vai dar certo. Eu moro do lado de uma central e lá não chega determinado Speedy, ninguém entende. Sendo que minha casa não dá nem 1 km de distância da central.”

“Os supervisores recomendavam não mandar muitos técnicos. Quando o cliente era muito chato a gente deixava esperando na linha, ia no banheiro e voltava, desligava, aí ligava de novo.”

 “A gente testava o sinal e às vezes percebia que não tinha conexão criada telefônica-cliente, o sinal não chegava porque o pessoal técnico não fazia essa ponte.”

 “Quando a gente não tinha ideia do problema falava que era erro geral, entre nós chamado de massiva: O problema é na região inteira, ligue mais tarde, por favor.”

 “O cliente tinha que passar por todas as etapas para chegar na gente e ouvir que o problema é geral. O primeiro atendente não sabia.”

“Acho que tem um sinal fraco para o tanto de gente que eles venderam”; “Existe um limite de portas de onde sai o sinal de cada equipamento. Se você liga todas... é como ligar as tomadas da sua casa de uma vez ou imaginar a Sabesp disponibilizando água para São Paulo inteiro numa caixa d’água”.

“Se o cliente falava: ‘ah, sou cliente há tanto tempo’ isso não era nem levado em conta.”

Renata Falconeri, 21 anos, estudante de jornalismo, trabalhou na Atento de 2006 a 2009 e saiu por desentendimentos com um gestor que gritou com ela no meio da operação.

Ela conta que o atendimento com mais demanda vinha da Telefônica (a Atento atende mais de 400 clientes) e que realmente os atendentes derrubavam ligações ou por conta dos clientes muito bravos ou pela desmotivação de estar ali ganhando pouco e aguentando “desaforo”, revela.

“Lembro de casos de operador que excedeu 50 segundos do lanche e recebeu advertência.”

Da motivação, diz: “Sempre davam balas e doces pra motivar uma boa venda ou meta cumprida. A gente até brincava, ‘vamos sair diabéticos e obesos daqui’. Davam outras coisas, bicicletas e televisores, mas para uma multinacional desse porte deveriam valorizar o funcionário com maiores salários. Com doce e bala você não motiva ninguém, nenhum cachorro ficaria feliz de ganhar apenas um biscoito, quanto mais um humano”.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Do analógico ao digital # 1

Acabo de regressar de Portugal, onde estive por dois anos para fazer um mestrado em Ciências da Comunicação. As pesquisas com foco no jornalismo produzido para a Web permitem-me dizer que a área ainda é carente de bons estudos, e o que se vê é um grande número de candidatos a profeta e “futurologistas” baseados em “achismos” infundados. Obviamente, por outro lado, há muitos acadêmicos sérios, honestos e bem-intencionados.

Uma das coisas que mais me incomodam é ouvir no meio científico que “com a chegada da Internet, o jornalismo acabou”. Eu diria que a prática do “fazer jornalismo” ainda existe, mas a forma de fazê-lo vem mudando desde que a Internet se tornou fundamental na vida de todos nós, e para tais mudanças os profissionais devem estar atentos. Há uma enorme diferença entre dizer que o jornalismo acabou ou que está passando por uma grande mudança.

O cidadão, pouco a pouco, começou a ter mais voz ativa no conteúdo propagado na Grande Rede, e a comunicação que outrora foi de “um para muitos” passou a ser de “muitos para muitos”. Além disso, as maneiras de se transmitir notícias sofrem alterações, as atividades nas redações mudam, a linguagem muda, e as ferramentas mudam.
A Internet, como canal aberto, permite o contato imediato entre as partes que se comunicam através de fóruns e chats, por exemplo; permite a criação de blogues e websites de forma rápida e fácil; e abre espaço ao colaboracionismo e à participação do cidadão no conteúdo que é publicado (o envio de uma foto sobre um acidente, a gravação de áudios e vídeos, ou ainda colaboração com relatos textuais e comentários). Recentemente, foi criado o Blog do Planalto  e com ele uma grande polémica: a não abertura de espaço para comentários nos posts. Ao que parece, agora está tudo ok.
Nesse contexto de um jornalismo em mudança, pude perceber nos principais sites de notícias o uso constante de um recurso que começou no impresso: a infografia. Em ambiente digital, ela ficou animada, multimídia e interativa, e não seria exagerado dizer que se trata um gênero jornalístico independente. Este é um exemplo de infografia digital, meu objeto de estudo no Mestrado.
Para concluir esta primeira participação no Nota de Rodapé, gostaria de destacar outro ponto além das infografias e do webjornalismo. Tive a oportunidade de pesquisar não apenas em Portugal, mas também na Inglaterra e na Espanha, e as impressões gerais são as mesmas: chama atenção o valor que tem a educação, e o devido respeito que se dá a um professor nos três países. Certa vez, um grande amigo, professor em duas universidades de São Paulo, esteve em Portugal para um Congresso. Disse que em sua nota fiscal de um restaurante a conta veio em nome do “Professor João”, com respeitoso destaque para a palavra “professor”.

Paulo Rodrigo Ranieri é jornalista, pesquisador da comunicação no contexto digital e membro do grupo de estudos Atopos, ligado à USP. Agora colunista do Blog Rodapé. Mais: http://twitter.com/pauloranieri ou http://jornalismomultimedia.wordpress.com

domingo, 6 de setembro de 2009

Linha na pipa # 2

Mais três textos na semana que vem; uma estreia. É a coluna "Do analógico ao digital" de Paulo Rodrigo Ranieri, jornalista, pesquisador da comunicação no contexto digital e membro do grupo de estudos Atopos (USP). Pablito é parceiro faz tempo, desde os tempos de faculdade onde fizemos boas parcerias, entre elas, o documentário da Escola Base. Dos integrantes do Rodapé já em atividade o texto de Sofia Amaral "Do condicionamento físico" e seu Curta Banal e o Dr. Rino com seu "Humor em Pípulas" traduzindo nomes de remédios na boca dos pacientes são textos pra semana que entra. Lembro também que o texto de Mariana Santos para sua estreia no "Repórter Clown" está saindo do forno. Em breve aqui. Estou "atiçando" outros dois colaboradores. Esperando resposta, torçendo pra dar certo.  Em outra reportagem eu e Henrique Costa retratamos a telefonia brasileira explicando como as operadoras fazem dos consumidores reféns do serviço de banda larga, item essencial hoje para o acesso à educação e à informação. A reportagem na íntegra pode ser lida aqui. Ainda na semana trarei outras declarações que não entraram na reportagem de ex-atendentes da Atento, sobre os bastidores do atendimento do Speedy. Também sugiro a leitura da entrevista com o Jaguar, cartunista e jornalista da época do Pasquim que é de rachar o bico, além de ótimas histórias como o motivo da não publicação de trecho de Cem Anos de Solidão de Garcia Marquez. Outra ótima reportagem de Natalia Viana para o bom site Opera Mundi, "Para os índios do sul da Colômbia, resta fugir ou ficar para morrer". Pra fechar, os 30 anos da Anistia em depoimentos. Especial feito por mim, Anselmo Massad e  João Peres para a Rede Brasil Atual. Juca Kfouri, Ferreira Gullar, Frei Betto, Paulo Abrão, Duarte Pereira, Plínio de Arruda Sampaio, Renato Pompeu, Cecília Coimbra são alguns dos depoimentos. É isso, linha na pipa.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

10 drogas para não usar ao dirigir

O vídeo alemão 10 Drogas que não devem ser usadas enquanto se dirige é hilário. O ator ou usou todas as drogas (imersão) pra fazer o vídeo ou é muito bom observador das características do efeito em que usa. Tem até cola de sapateiro. Aí vai. Tem legenda.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Izaías Almada # 5


O Idiota


Honestaldo é um cidadão como outro qualquer, ou quase. Por vezes, não age como qualquer cidadão. Apesar do nome pouco comum, para não dizer até certo ponto ridículo, é um cidadão brasileiro nascido em plena ditadura civil-militar, nos anos de chumbo como alguns se referem ao período da história do país que permeia os anos 60 e 70 do século 20.
Nasceu em 1970, poucos dias depois de o Brasil ter conquistado tricampeonato mundial de futebol. Ano que vem Honestaldo completará quarenta anos de idade e anda dizendo aos amigos que dará uma festa de “arromba”, para usar uma expressão do tempo de seus pais. Aliás, ninguém faz ideia de onde os pais tiraram o invulgar nome para o rapaz, mas como nasceu numa família emergente de classe média, abonada, foi batizado com o nome composto: Honestaldo José. Foi a sua sorte, pois os pais, muito provavelmente após o porre que antecedeu ao dia do batizado, trataram de apelidá-lo de Zezito, como é conhecido até hoje no Clube Paulistano.
Fez seus estudos normalmente - do maternal ao Largo de São Francisco - e seu grande lance de cidadania foi participar das manifestações contra o então presidente Collor de Mello, mas sem pintar a cara. Atualmente trabalha no departamento jurídico de uma empresa multinacional e já fez várias viagens para os Estados Unidos e Europa, a maioria delas a trabalho.
Honestaldo adora um chope com colarinho acompanhado de uma linguicinha calabresa, hábito adquirido durante os primeiros anos de advocacia, quando – após o trabalho – costumava frequentar um barzinho próximo à Praça João Mendes. Considera-se um brasileiro bem formado e informado, pois além do curso de Direito, é há anos leitor assíduo da Folha de S. Paulo, do Estadão, da Veja e – sempre que pode – assiste ao Jornal Nacional. Sempre que viaja ao exterior, Honestaldo traz presentes para a mulher e as duas filhas adolescentes.
Adora falar mal do Brasil e enaltecer as virtudes de países como os Estados Unidos, a França, a Inglaterra e o Japão, países civilizados, democráticos e com um altíssimo padrão de vida. Não entende muito de política, mas considera o brasileiro um cidadão deseducado e os políticos brasileiros como sendo um amontoado de corruptos, onde – aliás – não anda muito longe da verdade. Considera Fernando Henrique Cardoso um estadista e Lula um ignorante que vai acabar com a agricultura brasileira, entre outros malefícios que presta ao país.
Ainda esta semana vendeu algumas ações da Petrobrás, pois foi informado que o tal pré-sal ainda vai demorar a dar resultados e seu negócio é faturar aqui e agora. Nada dessas aplicações para daqui a dez anos. Acredita sinceramente que Serra poderá ser eleito presidente em 2010 e que o tal de Hugo Chávez, da Venezuela, é um sujeito perigoso para o Brasil e América Latina.
Eu, pessoalmente, penso que o – com licença da expressão – Honestaldo tem todo o direito de pensar o que pensa. Agora, que é um tremendo idiota, disso vocês podem ter toda a certeza...  

Izaías Almada é escritor e autor, entre outros, do livro de contos Memórias Emotivas da Ed. Mania de Livro. É também colunista do Blog Rodapé.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

MÁQUINAS V de Guto Lacaz

O camarada e amigo Guto Lacaz está com uma peça que promete ser bem legal. Já vi pessoalmente peripécias do tipo. É muito, muito curioso e legal.

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