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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

sábado, 31 de outubro de 2009

Mirna, 14, joia rara

Antonio, soldador, e Dilce, confeiteira, moram em Sertãozinho, interior de São Paulo. Há dois anos o casal reside com mais de cem famílias no assentamento sem-teto que ocupa um antigo galpão do INSS e vai virar moradia popular. Desempregados, vivem de “bicos”. “Ou a gente voltava pra nossa terra no Maranhão, ou ficava aqui”, explica Dilce, que apesar do sufoco está animada com tempos melhores. Um dos motivos é Mirna, 14 anos, uma das filhas, de voz doce e fala articulada, que levanta às 5h30 da manhã para tomar o ônibus às 6h20 até a escola estadual onde cursa a 8ª série. “Sempre foi muito estudiosa e esforçada. Quer ser engenheira mecatrônica”, diz a mãe, que ficou surpresa com o desejo da filha.
Mirna representou São Paulo na III Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente em Brasília, em 2008. Antes foi preciso vencer centenas de adolescentes na seleção regional e estadual com dois projetos: a horta comunitária e a casa de caixas de leite. A horta reverte parte da produção para a merenda escolar e outra para a comercialização na comunidade. Já a casa abriga uma sala de jogos de ciências e matemática. “São dois projetos coletivos, mas fui a selecionada para representar e fiquei muito feliz”, revela.
Em 2006, recebeu menção honrosa na Olimpíada de Matemática das Escolas Públicas do Estado de São Paulo, comemorada ao som de violino e trompete, que também toca com desenvoltura. No computador que ganhou para os estudos falta o acesso à internet. “Faço os trabalhos na lan house e não dá pra ir sempre. Não importa de onde você veio, tem que fazer para merecer. Vou ser engenheira.”

Thiago Domenici é jornalista; texto publicado originalmente na Revista do Brasil, seção Retrato, outubro de 2009.

Manchetes Rejeitadas # 12

Do Tietê Campos:

Quer saber como pensa a Família Marinho?
Leia ou ouça Arnaldo Jabor.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Nove perguntas sobre a puta da Uniban


hoje é curta, mas não é banal. tem textinhos engraçadinhos e simpáticos meus pra entrar, mas pedi um espaço urgente pro thiago. e não é porque eu ache que tenho alguma coisa importante pra dizer ou uma reflexão maravilhosa pra fazer. é simplesmente porque hoje é sexta-feira, são 10h da manhã e eu me sinto enjoada há pelo menos uma hora, desde que li na folha de s. paulo o caso da “puta da uniban”.

parênteses pra quem não sabe do que eu tô falando: http://www1.folha.uol.com.br/folha/videocasts/ult10038u644777.shtml
e pra quem sabe mais ou menos, mas não tem a dimensão da coisa, esse vídeo foi feito de dentro da multidão. atenção ao coro: http://www.youtube.com/watch?v=f2dPmntMDSk

eu me pergunto:

1. até que ponto podem chegar essas pessoas? esses meninos são os meninos que andam de ônibus com a gente, que não levantam pros velhos no metrô, que entram na mesma fila na padaria, que sentam ao nosso lado no cinema. até ponto eles podem ir quando em grupo? matar, linchar, esquartejar?

2. e as mulheres? em um dos vídeos dá pra ouvir claramente um diálogo entre duas amigas. uma delas diz “ela tá chorando!”. a outra responde: “dane-se!”. na reportagem da folha também diz que, antes do tumulto, a moça foi ao banheiro, já acompanhada de uma amiga que receava que acontecesse algo. o banheiro foi invadido por cerca de 20 meninas que tentaram obrigá-la a mudar de roupa. que pensam essas mulheres? concordam quando os homens dizem que uma mulher foi estuprada “porque tava pedindo” ou apanhou do marido “porque mereceu”?

3. claro que ter namorado não é garantia de bom caráter nem de discrição, mas a menina tinha ido arrumada para a faculdade porque o namorado iria buscá-la no fim da aula para ir a uma festa. quantas meninas não fazem isso? por que o fato de ela ser gostosa incomoda tanto pessoas que mal a conhecem, sendo que não incomoda nem mesmo o namorado da moça, já que ela disse já ter usado o vestido outras vezes?

4. será que as mulheres se sentem tão pressionadas pela ditadura da beleza, da magreza, dos peitões, do cabelo loiro e liso, que numa catarse descontaram todas as suas frustrações na moça?

5. será que os homens se sentem tão pressionados a só conquistar e gostar de mulheres que façam parte desse estereótipo que numa catarse também descontaram suas frustrações na moça?

6. ou será que a autoestima de todos é tão baixa que apenas procuram alguém que seja “pior” do que eles, alguém em que possam jogar pedras para poder dizer “eu sou uma merda, mas tem gente ainda pior”?

7. a atitude dos professores e da polícia: será que eles de fato acharam relativamente normal o que aconteceu, o que pelo menos fizeram parecer a partir das declarações que deram a imprensa e das frases que falaram pra moça? o que é, então, a realidade das faculdades e das escolas? algo muito pior do que imaginamos?

8. num país como o brasil, onde todos andam com o corpo a mostra pelo menos quatro meses por ano, num calor infernal, e num mundo como o nosso, onde o que mais se vende é o que está relacionado de alguma forma a sexo (apresentadoras peitudas, realitys com gostosas na piscina, aulas de sexo anal em programas vespertinos na tv, revistas que ensinam como conseguir um orgasmo rápido e fantástico), por que esse inesperado surto moralista?

9. e afinal de contas: por que tanto ódio?

joga pedra na geni, joga bosta na geni. você pode nos salvar, você vai nos redimir. você dá pra qualquer um… bendita geni!

Sofia Amaral é roteirista e produtora

Manchetes Rejeitadas # 11


Pelé ou Maradona. Quem é melhor?


"Pelé é melhor. Participou de quatro Copas, ganhou três, fez mais de mil gols, mas, mais do que isso, era craque em todas as posições, inclusive a de goleiro e, acima de tudo, inventou jogadas, como o chute a gol do meio-de-campo e tantas outras. Maradona não inventou nenhuma jogada, apenas executou à perfeição o que já havia no repertório do futebol."

Tietê Campos é jornalista e escritor.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Extremo Ocidente # 2


Galo, forte e brigador


A palavra de ordem era “secar”. Torcedor gosta de agourar o time alheio e há mesmo quem prefira jogar maus ares para o oponente do que enviar boas vibrações à própria esquadra.
Quando foi chegando a data da viagem para Belo Horizonte, apressei-me em conferir a tabela. Brasileirão, Galo e Vitória. O Galo, que de fogo de palha passou a candidato ao título, este time que resolveu interferir nos planos do meu Tricolor, não merece comiseração: a ordem é secar.
Chegando a BH, a bilheteria do Mineirão esperava. Problemas de ingressos à parte, consegui entrar no estádio. No início, até pensei que a função de secador pressupunha sentar na torcida baiana. Ainda bem que não deu certo, teria sido um enorme arrependimento. Ficar lá, no meio da torcida do Galo, é beleza pura.
Mineirão lotado, bonito de ver. O Atlético vive seu momento divino, maravilhoso, em que precisa estar atento e forte, sem tempo de temer a morte. A ordem é secar e, por isso, cabe olhar torto pra casa cheia, achar que isso é coisa de quem não ganha título há décadas, feito de torcida carente, moço.
É hora de o Galo vir a campo. Torcida em uníssono é algo fantástico, só se arrepia quem vê. É um dos poucos momentos em que vale a pena integrar um rebanho, penso eu. A torcida é linda, mas a decisão é de secar. Para isso estou. Aliás, todo o resto de BH, a Pampulha, a Praça Sete, os botecos, que tudo fique menor frente ao jogo, a ordem é secar. Que caia o Galo.
A bola rola, a torcida segue cantando bonito. O time está longe de ser o melhor do torneio, mas tem fibra. Sabe de suas limitações, assimila seus problemas, não olha com empáfia para o adversário. Sabe que, se não correr, perde. E a torcida canta bonito, empurra o time.
Não, já não dá pra secar. Um time que dá o sangue, uma torcida que lota a casa e vai pra cima, não dá pra secar. Que vença o Galo. Tardelli, atacante que parece ter cansado de dar problema, marca o gol. É o único do jogo, é aquilo que o time precisa.
A torcida, empolgada, quer agora ver o retorno de Marques, cavaleiro de mil andanças que fica melhor à medida que passa o tempo. Entendeu que, quando já não era veloz, precisava ganhar classe, e assim o fez. Vai andando como é, vai sendo como pode, joga seu corpo no mundo, anda por todos os cantos. Pela lei natural dos encontros, deixa e recebe um tanto.
No segundo tempo, o Vitória melhora. Bola na trave. Por um momento, hesito e penso em voltar a secar, mas logo a torcida do Galo empurra de novo e deixo de lado o papel de agouro. Há tempo para Tardelli sofrer e perder um penal, não importa: o Galo é forte e brigador.
E merece ganhar. Depois de uma tarde-noite no Mineirão, penso que, se não for para o Tricolor, que seja para o Galo.

João Peres é jornalista e foi a BH numa promoção dessas imperdíveis de passagens aéreas. Viu Atlético Mineiro x Vitória, no 24 de outubro, e conheceu o Mineirão.

Em terra de Saci raloín não tem vez


Hoje tem o lançamento, na Vila Madalena, São Paulo, do livro "Anuário do Saci e seus amigos - Mitologia Brasílica" com texto de Mouzar Benedito e ilustrações de Ohi, colaboradores habituais da Revista do Brasil. O livro é da editora Publisher, a mesma que faz a Revista Fórum. O livro de Mouzar tem 160 páginas e retrata com muito humor as lendas do folclore brasileiro. É isso, não é só do Sitio do Pica Pau Amarelo, de Monteiro Lobato, que vive o folclore brasileiro. Tem muito mais!

Lançamento:
Bar Canto Madalena, rua Medeiros de Albuquerque, 471. Telefone: 3813-6814 , a partir das 19h. Quem não puder ir ao lançamento e quiser adquirir o livro acesse o site da editora e para mais informações o Tel: 11 - 3813-1836.

Companheiros do conhecimento

Você sabia que hoje (29 de outubro) é o Dia Nacional do Livro? Fiz uma seleção de dez citações de alguns autores discorrendo sobre esses companheiros do conhecimento e suas peculiaridades e sensações. É bom para refletir e pensar a importância que tem para cada um de nós. Para mim é essencial para sobreviver. No Brasil, foram produzidos 340,2 milhões de exemplares em 2008, segundo Pesquisa da Fipe/USP. Ao final, uma música de Caetano Veloso também sobre o livro.

1 - “Não peço aos livros a não ser que me dêem prazer por honesto divertimento; ou, quando estudo, procuro neles apenas a ciência que trata do conhecimento de mim mesmo, e que me ensine a bem morrer e a bem viver.” Montaigne (1533-1592), Ensaios: “Dos Livros”

2 - “Dir-se-ia que alguns livros não foram escritos para que com eles se aprenda, mas para se ficar sabendo que alguma coisa o autor sabia.” Goethe (1749-1832), Arte e Antiguidade

3 - “Vejo nossos livros como outros tantos bilhetes de loteria; realmente não valem mais do que isso. A posteridade, esquecendo uns e reimprimindo outros, é que proclamará os bilhetes premiados.” Stendhal (1783-1842), Do amor.

4 - “Um livro necessita de tanto tempo quanto um feto. Obra que se escreve rapidamente, em poucas semanas, em mim desperta certa desconfiança contra o autor. Mulher honesta não pare antes dos nove meses.” Heine (1797-1856), citado por Mário da Silva Brito em O I antasma sem Castelo.

5 - “No fundo, o mundo foi feito para acabar num belo livro” Mallarmé (1842-1898), Resposta ao Inquérito de Jules Huret.

6 -“Não há livros morais e livros imorais. Há livros bem escritos ou mal escritos. E é só.” Oscar Wilde (1854-1900), O Retrato de Dorian Gray.

7 - “Um país se faz com homens e livros” Monteiro Lobato (1882-1948)

8 - “Todos os livros bons se parecem: são mais reais do que se tivessem acontecido de verdade.” Hemingway (1889-1961)

9 - “Há duas espécies de livros: uns que os leitores esgotam, outros que esgotam os leitores.” Mário Quintana (1906), Caderno H.

10 – “Ah, a tristeza de saber, no fim da leitura de certos livros, que nunca mais os leremos pela primeira vez, que não se repetirá jamais a sensação da primeira leitura, que não teremos renovada a felicidade de ignorá-los num dia e conhecê-los no dia seguinte!” Álvaro Lins (1912-1970), Notas de um Diário de Crítica.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Izaías Almada # 9


Algumas perguntas ao prêmio Nobel da Paz


Presidente Barack Obama: se o senhor ainda não lê o blog Rodapé, deveria fazê-lo. Tenho a esperança de que algum funcionário do consulado norte americano em São Paulo irá indicá-lo ao senhor. O que me motiva, desde já, a encaminhar à sua consideração a possibilidade de responder a algumas perguntinhas, não só ao blog, mas quem sabe ao mundo, agora também na condição de ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2009. Vamos a elas:

1 – Qual o número de ogivas nucleares ainda guardadas em arsenais norte americanos?
2 – Por qual motivo o seu governo não condena o Estado de Israel por possuir armas nucleares, quando se condena a República do Irã a evitá-las?
3 – Por quê enviar mais 25 mil soldados ao Afeganistão?
4 – Por quê não retirar as tropas norte americanas do Afeganistão e do Iraque?
5 – Por quê manter o ignominioso bloqueio econômico a Cuba?
6 – Por quê não fechar a base militar de Guantánamo em território cubano?
7 – Por quê aumentar o número de bases militares na Colômbia?
8 – Por quê não condenar efetivamente o golpe militar contra o governo eleito democraticamente do senhor Manuel Zelaya em Honduras?
9 – Por quê reativar a IVª frota da Marinha de Guerra norte americana para operar no Atlântico Sul?
10 – Diante destas perguntas, por qual motivo o senhor não recusou o prêmio Nobel da Paz, na sua versão de 2009?

Creio que o mundo inteiro – e o digo sem nenhum tipo de ironia – gostaria de ver estas perguntas respondidas, com a transparência e a dignidade com que é suposto ter um agraciado com tal prêmio.
Como não posso falar em nome de todos, faço-o em meu próprio, no de meus três filhos e do meu netinho Leonardo, que ainda têm a expectativa de poder viver realmente em paz nos próximos anos.

Izaías Almada, escritor, dramaturgo e colunista do Blog Rodapé.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Penetra Oficial # 7

O trabalho e a vida frenética do show business me deixaram um pouco neurótica. Talvez eu tenha tendência para isso por ser ansiosa, agitada e um tanto “sr. Saraiva”, o personagem “tolerância zero” da tevê. Fujo um pouco dos hábitos profissionais nesta coluna para falar das neuroses cotidianos que muitos vão se identificar.

Como o nome já diz a escada é rolante
A – Será que os casais não aprenderam que escada rolante não é ponto de namoro? Por que eles cismam em ficar no meio do degrau, abraçados, trocando beijos estalados? E vai pedir licença pra passar que ainda te chamam de mal amada.

B – Um coisa é certa: siga em frente se você não sabe qual destino tomar ao sair da escada rolante. Coisa chata aquela pessoa que desce da escada e vira estátua sem mais nem menos. Lembrem-se, estátuas, atrás vem gente e a escada continua rolando.

C – Já viram as novas campanhas que avisam “deixe o lado esquerdo livre”. Não existe segredo, é só deixar o lado esquerdo livre e você não vai atrapalhar o tempo de ninguém. Fica parado quem quer, anda quem quer.

Hábitos alimentares
Comer é uma delícia, e os 10 mandamentos que me perdoem, mas o pecado da gula é algo que pratico quase que diariamente. Porém, esse momento tão prazeroso da vida pode se tornar um martírio. Vamos aos exemplos:

A – Um dos primeiros ensinamentos de nossas mamães: - Filhinho, não come de boca aberta. Por que tem tanta gente que resolve virar rebelde sem causa e contrariar essa máxima da educação? Eu não sou obrigada a saber o que meu amigo do lado está comendo. Desculpe, mas olhar pra minha comida já é o bastante.

B – Esse mesmo ensinamento vale para o chiclete. Não tem coisa pior que o som de gado mastigando grama no pasto, e do mesmo jeito que ninguém quer saber qual é a comida que fulaninho está mastigando, o mesmo acontece com o chiclete e seu barulhinho irritante.

C – Agora pára tudo: limpar os dentes em público não, mil vezes não. Banheiro foi feito pra isso. E quanto aos acessórios, todos são substituídos por algo chamado “fio dental”. Palitinho? Pelo amor de Deus, não! E o modo sucção (aquele barulhinho, sabe?). Também não! Pior que a gente enxergar a comida na boca da pessoa, é depois saber que o pedaço de frango ficou enroscado entre os dentes.

Fones de ouvido sim. Viva voz não!
Já faz algum tempo que inventaram o fone de ouvido. Sábia invenção. Pena que neste século algumas pessoas não perceberam sua eficiência. É como costumam dizer “som alto, música ruim”. Desculpem, não pretendo ofender, mas vamos aos exemplos.

A – Metrô de manhã. Você está com sono, quer dar aquele cochilo antes de ser arremessado na estação da Sé, mas o fulaninho insiste em colocar o celular dele no “viva voz” em alto e bom som para ouvir aquele “funk pancadão”. As pessoas olham torto, fazem cara feia, mas o fulano não se toca. Ele acha o som dele o máximo. Me desculpe quem ouve pancadão, mas às 7 horas da manhã não dá não.

B – Nextel é bom, prático, econômico e pensando nisso eu também tenho um. Só que, o fato dele ter um viva voz não quer dizer que todo mundo que circula ao seu redor precisa ouvir sua conversa. Certo dia, tive uma aula de informática dentro do ônibus. Não é que o técnico foi explicando ao cliente passo a passo tudo o que deveria ser feito? E tudo no alto falante, não apenas eu, mas os outros 20 passageiros também aproveitaram o momento “aprenda a trocar o hardware”.

C – Pior que esses exemplos acima é o cidadão que adora discutir o relacionamento em local público. Não tenho tendência para confessionário. No trajeto ao trabalho lá estava eu tentando meu soninho matinal e uma matraca insistente atrás. Achei que ela falava com a amiga. Não. Reclamava ao fiel amigo gay? Não. Falava com ele de um modo diferente, dos problemas com o marido, sobre o modo como ele a tratava mal e aos filhos. A voz de choro ao contar que o marido não se lembrou do seu aniversário e nem dos filhos terminou melosa e decifrei que o amante era a voz por traz do celular. E eu ali como uma ouvinte de programa de fofoca.

As pessoas dirigem da mesma forma como elas andam?
E pra terminar, prestem atenção em como andamos na rua.

A – Pessoas que andam de mãos dadas, e ocupam a calçada de ponta a ponta. Se você tenta ultrapassar ainda te olha de cara feia e diz: “Tá com pressa? Passa por cima!”

B – Fulaninha andando pela calçada em ritmo acelerado e de repente pára com tudo só para contemplar a vitrine. Não deu seta, não acendeu a luz de freio, não deu sinal nenhum. É óbvio que você acaba chutando a canela da fulana que diz indignada: “Ai, você me chutou”. Dane-se é o que dá vontade de responder.

C – Tem o dono da rua, o restante de pedestres é composto por meros figurantes. O cara gesticula e acerta o dedo no seu sorvete, risca a lente do óculos, é um horror. Ele faz que vai atravessar a rua e dá uma ré repentina, pisa no seu pé e não pede desculpas. E pra piorar também não anda em linha reta. Já aconteceu com você? Quanto mais você tenta ultrapassar, mais ele se joga na mesma direção. Se você vai pra esquerda ele também, você corre pra direita ele também.

O ruim é encontrar todos esses personagens num mesmo dia e descobrir que o pior de tudo é que a gente pode ser um deles...

Fabiana Cardoso é jornalista, produtora e colunista do Blog Rodapé.

domingo, 25 de outubro de 2009

Madrugador # 1


Rio-2016: a realidade não é tão bela quanto o filme de Fernando Meirelles


Passei os últimos dias digerindo a escolha do Rio de Janeiro para sediar a Olimpíada de 2016.
Não sou daqueles que torcem contra ou adeptos da política do “quanto pior, melhor” e, como brasileiro, comemorei o fato. Não há dúvidas que organizar o maior evento esportivo do mundo é uma grande oportunidade de desenvolvimento.
Além de investir em infraestrutura e transporte, o povo brasileiro terá a chance de crescer culturalmente. Mas tampouco sou inocente a ponto de não enxergar e me preocupar com alguns pontos negativos da campanha olímpica.
O possível superfaturamento de obras deixa os contribuintes de cabelo em pé, já que quase 100% das reformas serão custeadas com dinheiro público, principalmente após o Pan-Americano, também no Rio, quando o orçamento inicial foi extrapolado em quase dez vezes. A fiscalização desta vez deverá ser mais rigorosa e a punição em caso de irregularidade, mais eficiente.
Outro ponto que me deixa inquieto é a falta de políticas no país voltadas à formação de atletas e ao incentivo de práticas esportivas. A herança negativa vem de décadas: poucos clubes ou escolas têm a estrutura suficiente para treinamentos, o que prejudica o desenvolvimento do aspirante a qualquer modalidade esportiva. Salvo algumas exceções, os heróis olímpicos brasileiros de 2016 sofrerão, como as outras gerações, com a falta de patrocínio. Os investimentos públicos e privados deveriam ser intensificados a partir de já, mas, provavelmente, só quem tiver uma vaga garantida no desfile de abertura dos Jogos vai conseguir alguma ajuda. Quem não tiver que se preocupar em dividir os treinos com o trabalho pode comemorar. Mas todos os integrantes da delegação brasileira vão sofrer a pressão por um bom resultado diante da própria torcida. E como a torcida brasileira cobra... A nossa cultura não valoriza sequer o segundo colocado, quem dirá o atleta de badminton, que se não fosse o fato de o Brasil sediar a Olimpíada, talvez nem se classificasse para a competição.
A única obrigação dos nossos atletas será honrar nossas cores durante as provas. Medalhas?! É bom termos a consciência de que poucos serão premiados com os discos de bronze, prata e ouro.
Para terminar, as notícias que foram divulgadas pelo mundo nos últimos dias sobre a violência na Cidade Maravilhosa é o ponto mais crítico da nossa Olimpíada. Os investimentos em segurança em competições internacionais foram intensificados após os atentados de 11 de setembro de 2001. O treinamento de equipes de resgate e o combate a riscos de bombas foram exaustivos nos Jogos de Pequim, por exemplo. O grande problema do Rio, em comparação com outros lugares, é que no nosso caso, a luta é contra um terrorista que já está em nosso território. Os traficantes donos dos morros cariocas não são uma ameaça às nossas fronteiras, mas uma realidade presente no cotidiano da cidade. Combater um inimigo externo, como um terrorista taleban, parece mais fácil do que expulsar o mal que ameaça vidas inocentes no Rio. Lamentável ainda é o despreparo da polícia carioca e nem o BOPE intimida os traficantes. As políticas de segurança pública não passam de ações pontuais, como o envio de Forças Armadas para os morros, que não resolvem o problema e deixam a população desamparada.
Com certeza a operação vai ser repetida em 2016, pelo menos, no período olímpico, mas assim que a pira for apagada, as balas perdidas e a guerrilha dos traficantes voltarão à rotina dos cariocas. Gostaria muito de estar errado.

Thiago Barbieri é jornalista; autor do livro sobre o Corinthians "23 anos em 7 segundos" e editor do jornal Primeira Hora da Rádio Bandeirandes. Estreia hoje sua coluna no Blog Rodapé.

O vídeo de Fernando Meirelles

sábado, 24 de outubro de 2009

Reflexão do Renatão

Hoje é aniversário do amigo Renato Pompeu, escritor, jornalista e sábio. Renatão, agora com 68 anos, como diz em seu blog recente (conhecam, é muito legal) completará ano que vem 50 de carreira. Hoje ele postou o seguinte.

"Estou completando hoje 68 anos de idade, e no ano que vem devo completar 50 anos de jornalismo profissional. Vi muitos sonhos de minha juventude serem derrubados com o Muro de Berlim vinte anos atrás, mas esses sonhos renascem com a perspectiva de lutarmos por um governo mundial, eleito por todos os adultos do planeta, mantida a autonomia dos governos nacionais, como se mantém na União Europeia, e para que esse governo tenha a função de regular os fluxos de investimentos e de mão-de-obra, estabelecendo um salário mínimo mundial, um salário máximo mundial, direitos trabalhistas em escala mundial, bem como a extensão das liberdades democráticas em escala mundial, e a intervenção em caso de conflitos armados. O que vocês acham? - Renato Pompeu"

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Tio Pac e a inclusão digital na Cidade Tiradentes

Há pouco mais de uma semana estive no Sesc Consolação para acompanhar a palestra do sociólogo italiano Massimo Di Felice, um estudioso da sociedade no contexto digital. Após a palestra, apenas uma de um ciclo chamado Era Digital, uma rica “mesa redonda” ganhou espaço e atraiu olhares e mentes para o que estava sendo ali debatido.
Entre os presentes Cláudio, que prefere ser chamado de Tio Pac. Morador da Cidade Tiradentes, um dos bairros mais carentes da capital paulista, Cláudio lidera um ousado e interessante projeto: a WebTV Cidade Tiradentes.
Além de mostrar o que é feito na comunidade, o projeto oferece oficinas de produção audiovisual para jovens e adolescentes, principalmente alunos de escolas públicas, para que se tornem os próprios produtores dos conteúdos apresentados.
Segundo o site oficial do projeto, “a proposta editorial da WebTV Cidade Tiradentes visa facilitar o processo de tomada da palavra por parte de populações que sempre foram vistas como meras espectadoras, ‘consumidoras’ de conteúdo. O que se espera é que estas pessoas passem a produzir e a interagir com conteúdos nos quais elas se reconheçam. E, mais do que isso, espera-se que estas pessoas sintam-se valorizadas com a divulgação dos seus saberes e do seu cotidiano para outras regiões da cidade, do país e do mundo. Aliás, esse alcance que a internet possibilita é fundamental para desmitificar muitos dos discursos negativos construídos sobre o bairro Cidade Tiradentes, na capital paulista” Acesse aqui.

Em entrevista exclusiva ao Blog Nota de Rodapé, Tio Pac fala um pouco mais sobre a WebTV Cidade Tiradentes e comenta o vídeo premiado no festival de Quebéc, Canadá.

Blog Rodapé: Para iniciarmos, por que o nome Tio PAC?
O nome Tio Pac foi uma brincadeira. Surgiu pelo fato de gostar dos trabalhos do rapper Two PAC Shakkur. Aí, pela minha idade, coloquei “tio”. E o “p.a.c” tem como significado Política, Ação e Cultura: PAC.

BR: Como nasceu a ideia de usar a Internet, em particular a WebTV, para divulgar os trabalhos da sua comunidade?
Em primeiro lugar, existe a questão da democratização real. A internet é realmente democrática. A proposta da WebTV surgiu por não me sentir contemplado. Quando a grande mídia retrata a periferia, ela tem uma visão estereotipada, só pensa em mostrar a violência a miséria, gratuitamente, e nunca explora os motivos, o porquê; é puro sensacionalismo. Por isso resolvemos trabalhar com a internet, para divulgar os bons trabalhos existentes aqui na comunidade. Mesmo com todas as dificuldades nas periferias, sem infraestrutura, sem emprego, sem serviços básicos de saúde, transporte, educação, habitação, lazer e cultura, saem jogadores de futebol, cantores, poetas, cineastas ,etc. Então a proposta da WebTV na Cidade Ti radentes é retratar o que tem de bom nas periferias. E tem muita coisa boa.

BR: Acho que a WebTV é o futuro da televisão. Nesse sentido, seu trabalho na Cidade Tiradentes é muito importante. Em que situação o projeto se encontra e quais os planos para o futuro?
O nosso projeto está em fase de expansão. Estamos inserindo alguns jovens formados por nós para potencializarmos nossas produções. resolvemos trabalhar via Web porque essa é a melhor forma da comunidade ter acesso através das centenas de lan house existentes aqui no bairro. Estamos planejando algumas ações para que a maioria dos moradores da nossa comunidade conheça a programaçao da WebTV e se aproprie, pois a TVCT (TV Cidade Tiradentes) é da comunidade. Iremos estabelecer algumas parcerias com o comércio local (lan house) para podermos deixar exposto na tela de descanso o nosso endereço. Assim, as pessoas acessam e podem multiplicar para os demais usuários da comunidade. Estamos montando também uma equipe de produà ðão local e, com essa equipe, pretendemos criar na comunidade uma referência, jovens produtores da própria comunidade. Ah, eu vou assistir para ver o que eles fizeram.

BR: Há no seu blog um vídeo que recebeu menção honrosa em um festival do Canadá. Qual a sua participação e da comunidade na produção desse video?
A minha participação no vídeo, defina-se, foi na área de produção, e a participação da comunidade foi na parte de atuação. Todos os que participaram da realização do vídeo são moradores locais, foi muito interessante a participação da comunidade nesse vídeo, e entendemos que, a partir da participação, automaticamente a comunidade se identifica e se apropria.

BR: Como você vê a questão da Exclusão Digital, ou seja, a dificuldade que a população tem para acessar a Internet?
Eu acredito que a exclusão é uma coisa real, mas acho que está minimizando. Os preços estão barateando, o número crescente de lan houses em comunidades carentes, a infinidade de telecentros e infocentros. Na verdade, a questão da exclusão está sendo resolvida e o que na verdade agora temos que pensar é em como as pessoas devem explorar melhor a internet, em termos de informação. Há vários conteúdos em termos de páginas, blogs, que são pouco explorados. Agora temos que montar uma força tarefa para divulgar o que tem de interessante para os usuários das periferias, senão acaba que os usuários só vão ficar no youtube vendo futilidades, acaba virando uma Rede Globo da vida.



Paulo Rodrigo Ranieri é jornalista, pesquisador da comunicação no contexto digital e membro do grupo de estudos Atopos - ligado à USP - e colunista do Blog Rodapé. http://jornalismomultimedia.wordpress.com/

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Mundão nosso de cada dia # 4

Quatro manchetes hoje. Atenção ao recado que dá o jornal Hora de Santa Catarina a chamada "gangue do maçarico". O Diário do Pará é a fuga do bandido. O Dia, do Rio de Janeiro, e a irônia-real em cima de tema do momento. Fotografia das boas. O Sul, de Porto Alegre, tira um sarro do presidente Lula. A manchete, que é outro tema, brinca, de certa maneira com a foto do presidente.






terça-feira, 20 de outubro de 2009

Homenagem a Hélio Oiticica

Infelizmente, como foi noticiado aos quatro cantos, a arte nacional sofreu um duro golpe. E que golpe! Um incêncio destruiu 90% do acervo de Hélio Oiticica, artista plástico dos melhores e com renome internacional inabalável. Hélio participou do movimento neoconcretista ao lado de nomes como Lígia Clarke, Amílcar de Castro e Ferreira Gullar. O Porta Curtas preparou uma homenagem com uma seleção especial. É clicar e assistir aqui mesmo.

Extremo Ocidente # 1


Estreia neste blogue a coluna Extremo Ocidente. Neste momento, melhor que focar em algum tema é explicar a que veio este espaço.

Extremo Ocidente é um termo cunhado para designar a América Latina. O francês Alain Rouquié sintetizou no livro de mesmo nome sua oposição ao termo América Latina. Em primeiro lugar, e mais simples, é entender que o termo é insuficiente, uma vez que descarta que, antes dos povos latinos, havia por aqui indígenas. Indo-latino América ou Indo-América tampouco são suficientes: trata-se de termos que excluem africanos em geral, ingleses, japoneses, gente que tem igual importância na formação do subcontinente.

Depois, e mais complexa, é a origem do termo. “Latina” foi o primeiro presente coletivo que recebemos. Bondade dos franceses que precedeu os regalos que receberíamos coletivamente de Inglaterra e de Estados Unidos.

América Latina é um termo criado na França de Napoleão III. No pós-independência, os franceses esperavam manter sob seu domínio econômico tudo que estivesse entre a Terra do Fogo e o Rio Grande. Com o termo “latino”, criavam o necessário vínculo de fraternidade com os povos de Extremo Ocidente e circunscreviam uma área na qual anglo-saxões, por exemplo, não eram bem-vindos – uma espécie de precursor do Big Stick.

Não por acaso, a cultura francesa reina inteiramente na região até pelo menos 1930, ou seja, a formação das elites dessas bandas é francesa. Não por acaso, no Rio de Janeiro do início de século 20 era mais comum cumprimentar-se com um “Viva a França!” que com um cordial “bom dia”. Não por acaso, também, o plano de modernização levado a cabo na primeira metade do século 20 no Rio teve como inspiração arquitetônica a cidade-luz, Paris: a tal modernização consistiu na expulsão dos pobres das regiões centrais – hoje se sabe no que deu tal expulsão, e que levante a mão quem está vendo algo parecido em outra metrópole brasileira neste momento.

Bom, mas essa é discussão para outro momento. O fato é que o termo América Latina transformou-se e, em contraposição aos Estados Unidos, ganhou o significado de liberdade, de soberania, algo amplamente reforçado nos últimos anos. Latina virou sinônimo de mestiçagem sem preconceito, de clima quente e de gente hospitaleira, ainda que na Europa alguns prefiram confundir “latinidade” com prostituição.

É sobre esse novo conceito de América Latina que se precisa falar. No pós-ditaduras militares, a partir da década de 80 do século passado, os governos da região finalmente deixaram de dar-se as costas, como fizeram nos cem anos anteriores, e a integração foi se tornando mais palpável. No caso brasileiro, primeiro na nova relação com a Argentina, depois com a formação do Mercosul.

No geral, os últimos anos trataram de aumentar o carinho pelo termo América Latina. Os Estados Unidos, muito preocupados que estavam com a formação de focos terroristas, olharam mais para os vizinhos centro-americanos e esqueceram-se de uma região que, beneficiada pelos altos preços de commodities, começou por fim a tentar impor sua própria agenda em contraposição ao paradigma neoliberal. A atual situação da União Sul-americana de Nações (Unasul), que se fortalece como espaço de decisão sem a presença estadunidense, é apenas um exemplo.

É sobre este nosso Extremo Ocidente que passaremos a falar aqui no Nota de Rodapé. Uma região em que, em que pese a melhoria recente, seguem convivendo contradições, desigualdades, modernidades sem modernização.


Adendo e pitaco

Permitam-me, já no primeiro momento, fugir um pouco do tema da coluna. Aos fins de semana, sempre que há tempo, gosto de dar uma repassada nos jornais. Como manda o oligopólio, leio Folha e Estadão. A edição de domingo (18) é fantástica como exemplo do momento vivido pelo jornalismo brasileiro.

Com poucos profissionais e editores absolutamente inaptos para suas funções, repórteres sobrecarregados abençoam as assessorias de imprensa que, por sua vez satisfeitas, conseguem “plantar” as pautas que desejam.

Pois o exemplo de domingo é rico. Li, no Estado, uma reportagem do caderno Metrópole a respeito da mudança de conceito da comida de hospital. Informa o jornal que os hospitais têm investido em chefs para a elaboração de cardápios agradáveis ao paladar dos pacientes. A princípio, uma reportagem que envolve alguma criatividade do repórter, certo?

Errado. A Revista da Folha tem matéria idêntica, em que o mesmo exemplo do Hospital das Clínicas é citado, além do Sírio-Libanês, claro.

Quem porventura leu as duas matérias e ficou com alguma dúvida de que elas têm origem em assessoria de imprensa, convido à comparação dos seguintes trechos:

Folha: “Para as dietas com restrições, em que a alimentação deve ser pastosa e sem sal, o caminho é buscar alternativas. As louças podem ser mais coloridas, para embelezar os pratos, e as ervas e os temperos naturais são fartamente utilizados para substituir o sal”

Estado: “‘Se a apresentação não for bonita, compromete a aceitação do paciente. Usamos muitas ervas’, comenta Adriana (nutricionista). O macete vale até para as dietas que podem ser pastosas. ‘Usamos potes coloridos e fazemos questão de rotular que aquele mingau é um macarrão ao pesto, por exemplo’”.

Sempre que leio dois jornais em um dia, tenho duas sensações: a primeira é de que um só bastaria, e talvez nem isso. A segunda é de que o texto “Do discurso da ditadura à ditadura do discurso”, de Bernardo Kucinski, poderia ser lido todos os dias pelos editores antes que iniciassem seus trabalhos.


João Peres é jornalista e estreia sua coluna no Blog Rodapé. Nos últimos anos, circulou por algumas das redações populosas de São Paulo, nas quais aprendeu algumas das práticas que não são saudáveis para o jornalismo. Foi colaborador esporádico de alguns veículos impressos de São Paulo e neste ano ingressou na Rede Brasil Atual, ligada à Revista do Brasil. Recentemente esteve em Medellín para um curso de crônica cultural da Federação Novo Jornalismo Iberoamericano, ocasião sobre a qual falará quando for oportuno.

domingo, 18 de outubro de 2009

Manchetes Rejeitadas # 10

Assim que terminou o GP de Interlagos o Tietê Campos deixou a mensagem na caixa postal do celular. "Thiago, a manchete: Rubinho volta ao normal. Obrigado." E desligou.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Mercedes interpreta Chico Buarque

Esse show foi em Viña del Mar no Chile. Mercedes Sosa, falecida recentemente, interpreta com a cantora argentina Julia Zenko, música de Chico Buarque, "O que será".

Mundão nosso de cada dia # 3

A capa do jornal El Espectador de Bogotá, Colômbia, é muito bonita graficamente com bela fotografia para retratar as chuvas que atingem a região. Em contrapartida, alguns jornais nacionais e as violências pelo país. O "A Notícia", de Vitória, ES, destaca a seleção para vendedor de drogas, que inclui entrevista de emprego e experiência. O "Correio da Bahia" destaca que deu a louca na polícia. E o "Super Notícia" de Belo Horizonte destaca a tolerância zero.




quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Fúlvio Abramo e Hermínio Sacchetta

Na próxima segunda-feira, 19 de outubro, a partir das 19h 30 no auditório Vladimir Herzog no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, na rua Rego Freitas, 530, sobreloja, haverá um ato-homenagem ao centenário dos militantes Fúlvio Abramo e Hermínio Sacchetta e também a celebração do 75º aniversário da Batalha da Praça da Sé. O evento é aberto ao público e foi organizado pelas netas dos homenageados, Paula Sacchetta e Paula Abramo. O mestre Antonio Candido estará presente junto com o historiador Dainis Karepovs, especialista na oposição de esquerda no Brasil, e que conviveu com Fúlvio Abramo.
O filho de Hermínio, o amigo Vladimir Sacchetta, explicou ao Blog Rodapé que esse ato-homenagem à memória e história de dedicação à luta revolucionária internacionalista é um resgate que faz pensar num “tempo de utopias”. “Eles deram o melhor de si, seja na política - e não era nada fácil ser militante de esquerda sob a ditadura do Estado Novo - seja no jornalismo, exercido com paixão”, conta Vladimir. “Fúlvio e Sacchetta foram companheiros fraternos e essa amizade transcendeu as gerações”, relembra.
Ambos jornalistas e militantes trotskistas, eles fazem parte da história do país, daí a importância de relembrar suas trajetórias para a juventude que pouco se interessa ou sabe sobre o período. Hermínio, que trabalhou com Cláudio Abramo, seu companheiro de redação no Jornal de São Paulo, disse: “Sacchetta foi durante muitos e muitos anos um dos melhores e mais importantes chefes de redação que o jornalismo de São Paulo produziu. Homem de princípios rígidos, (...) travou sempre com a profissão de jornalista uma batalha árdua e difícil, enfrentando ao mesmo tempo os empregadores e a redação, que ele tentou incansavelmente moldar e domar”.
Antonio Candido, explica Vladimir, traçará um painel sobre política e cultura nos anos 1930 e 1940. "Será um relato pessoal, nada acadêmico, com foco nos debates entre socialistas, trostskistas e stalinistas", finaliza.

Participantes da história
Hermínio Sacchetta (1909 – 1982) trabalhou na Folha da Manhã, na Folha da Noite, nos Diários Associados e no jornal O Tempo. Entrou na militância política em 1932, no Partido Comunista onde se tornou editor do Jornal A Classe Operária, secretário do Comitê Regional São Paulo e membro do Bureau Político. Articulou a greve dos Correios e Telégrafos em dezembro de 1934 o que o levou à clandestinidade. Em meio aos desentendimentos de linhas e ações partidárias é acusado de fracionismo trotskista e expulso do PCB. Constitui com o Comitê Regional de São Paulo a Dissidência Pró-Reagrupamento da Vanguarda Revolucionária. É delatado pelo stalinismo ao vivo pela rádio Moscou e preso e quase dois anos depois, quando sai da cadeia torna-se dirigente do recém-fundado Partido Socialista Revolucionário (PSR), então seção brasileira da 4ª Internacional junto com inúmeros camaradas como Febus Gikovate, Alberto da Rocha Barros, Vítor Azevedo, Patricia Galvão (Pagu), Florestan Fernandes, Maurício Tragtenberg entre outros.
Fúlvio Abramo (1909-1993) além de jornalista foi agrônomo. Antes de cumprir vinte anos (1928) conformou, com a irmã, Lélia, e Azis Simão, um grupo marxista independente do PCB. Pouco tempo depois, fundou, junto com Mário Pedrosa, Lívio Xavier, Aristides Lobo, Hilcar Leite, Rodoldo Coutinho, Rudolf Josip Lauff e João da Costa Pimenta, a Liga Comunista Internacionalista, seção brasileira da Oposição de Esquerda trotskista, chegando a formar parte da sua Comissão Executiva. Foi diretor do jornal O Homem Livre, porta-voz do antintegralismo, e, depois, foi eleito diretor da Coligação das Organizações Operárias que conformavam a base da Frente Única Antifascista, que conseguiu dispersar os integralistas na histórica "Batalha da Praça da Sé," contra-manifestação armada na Praça da Sé, em São Paulo, no dia 7 de outubro de 1934. Preso em duas ocasiões (1934 e 1935) pelo Estado Novo, exilou-se na Bolívia. Fundou o Partido Obrero Revolucionario na Bolívia e voltou em 1961 ao país quando liderou a greve do Sindicato dos Jornalistas, que conseguiu histórica vitória. Voltou ao jornalismo em 1965 como redator e repórter da revista Realidade com passagens pelo Diário do Commércio e Gazeta de Pinheiros. Em 1980 foi do movimento de construção do PT. Dedicou seus últimos anos de militância no trabalho de preservação da memória da classe operária como impulsionador do Centro de Documentação do Movimento Operário Mário Pedrosa (CEMAP), hoje sob guarda do CEDEM-Unesp.

Izaías Almada # 8


BRASIL: ANTES E DEPOIS DE LULA


Já não há como tapar o sol com a peneira. Tanto para os que são adeptos e correligionários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tanto para os que não o são (principalmente esses), o Brasil é um novo país interna e externamente.
Criticado pela esquerda mais radical (ou mesmo conservadora) e estigmatizado e enxovalhado pela oligarquia reacionária do país através de seus jornais, revistas e canais de televisão, em campanhas mentirosas e difamatórias sempre a serviço de interesses particulares, quando não impatrióticos, o presidente Lula vai chegando ao final dos seus oito anos de governo nadando de braçada.
Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, nos anos 50 do século 20, bem como o curto governo de João Goulart, no início dos anos 60, são períodos que se destacaram na mesma esperança e na mesma perspectiva do país poder construir o seu futuro, mas – tudo indica – é só agora nessa alvorada do século 21 que alguns vetores econômicos, políticos, sociais e ambientais se cruzaram e parecem proporcionar a um até então desconhecido e humilde operário nordestino a oportunidade de fazer do Brasil uma nação que começa a se respeitar (apesar dos descrentes, dos invejosos e das viúvas do neoliberalismo) e a ser respeitado pela comunidade internacional.
Nunca é demais lembrar que Getúlio se matou, João Goulart foi deposto por um golpe civil/militar com o apoio dos Estados Unidos da América e que Juscelino chegou ao final do seu mandato enfrentando tentativas de sedições militares e golpes de estado (Aragarças e Jacareacanga). Lula, forjado nas lutas sindicais, aprendeu – com certeza – a enfrentar patrões, geralmente testas de ferro das multinacionais e, ultimamente, as hienas da imprensa venal e mal intencionada.
Está certo que Lula nunca se disse socialista, longe disso. Foi um dos primeiros a saudar Lech Walesa, o líder polonês pró-ocidente, ainda no tempo da guerra fria. Selou um compromisso de governabilidade com a burguesia brasileira no início do seu governo, mas ainda assim tripula a nau brasileira com muita competência, não deixando nenhuma saudade dos anos FHC. Muito pelo contrário.
Com uma popularidade que ultrapassa os 60% de aceitação do seu governo, o presidente Lula tem se dedicado a aproximar o Brasil de seus vizinhos e irmãos sul-americanos, onde o Paraguai, Argentina, Bolívia, Cuba e a Venezuela se destacam nos acordos comerciais e perfila-se com independência e discernimento ao lado de nações emergentes como a China e a Índia, em busca de um mundo mais diversificado e menos concentrador. Aposta na riqueza do pré-sal como incentivo à melhor distribuição de renda dos brasileiros, em investimentos pesados nas áreas da educação, saúde, pesquisa científica e tecnológica, criando para o país uma infraestrutura capaz não só de elevar o patamar da nossa produtividade industrial e agropecuária, mas de nos tornar independentes e soberanos. E isso já não é pouco para quem governa um país como o Brasil no mundo contemporâneo.
Mas o Brasil mais conservador e atrasado não vê as coisas desta maneira, preferindo fazer tempestades em copo d’água como CPI’s impatrióticas, invenções de crises uma atrás da outra, factóides midiáticos de inegável aventureirismo eleitoral e irresponsabilidade com o país, onde o que há de pior e mais retrógrado é jogado sobre a mesa da ainda frágil (embora também consistente) democracia brasileira.
O teste de 2010 se aproxima. As armadilhas para o Brasil do futuro, de nossos filhos e netos, estão sendo armadas pelo Brasil mais atrasado, pelo Brasil que perdeu a noção de patriotismo, decência, soberania, nas redações de nossos dinossáuricos jornais, revistas e televisões e alguns recantos de São Paulo, Rio de Janeiro e alguns confins de Pará e Mato Grosso. O jogo, pelo que se viu até agora, será pesado, pois quando não se tem ideias para o debate sobre os caminhos mais progressistas, equânimes e solidários para a grande maioria do povo brasileiro, corremos o risco de ter que enfrentar o desespero, o despreparo, a mentira e a selvageria de grupos e pessoas que não perceberam que o país mudou. O Brasil AL e DL.
Uma eventual vitória PSDB/DEM/PPS em 2010 fará o Brasil retroceder na história. Quem viver, verá!

Izaías Almada, escritor, é autor – entre outros – do livro TEATRO DE ARENA: UMA ESTÉTICA DE RESISTÊNCIA, Editora Boitempo.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Corinthians: 23 anos em 7 segundos

Thiago Barbieri que concedeu esta entrevista ao Blog Rodapé é jornalista desde 2002 com passagens por Rádio Eldorado, Rádio BandNews FM, Rádio USP, Canal RIT Notícias e Rádio Bandeirantes, onde atualmente ocupa a função de editor do Jornal Primeira Hora. Thiago é o autor do livro 23 anos em 7 segundos, que faz parte do box especial que inclue o documentário de mesmo nome de Di Moretti e Julio Xavier. Heitor Paixão foi o editor do livro e Julia Grassetti fez a arte gráfica que conta a história do fim do jejum corintiano em 1977 com o famoso gol de Basílio. Barbieri, já adianto, será mais um colunista - para breve - do Blog Rodapé. Reforço e tanto!

O que vai ler o corintiano ou interessado que adquirir o livro?
O livro conta mais que a história do fim do jejum de títulos do Corinthians, fala do sentimento que o time provoca em milhões de pessoas. Ao escrever o livro tentei aproximar o torcedor do ambiente mágico que o envolve numa partida de futebol, mostrar os bastidores de um jogo, as reações da arquibancada e o clima de vestiários. Espero que o amante do futebol, mesmo quem não é corinthiano, goste da leitura.

O que o livro traz a mais que o documentário? Como foi feito?
O livro e o documentário são complementares. O filme nasceu primeiro e o roteiro inspirou boa parte da narração, mas o livro tem uma linguagem específica, que mexe com o imaginário do leitor, os detalhes são mais explorados. Apesar de ter como base a história do documentário, tive a liberdade de contar experiências pessoais como torcedor e usar outros personagens que não estão no vídeo.

Você é jornalista e corintiano. Qual a sua emoção ao escrever um livro que fala de data tão importante para a história do time?
Realmente o título de 1977 ficou muito marcado para todos os corinthianos. Não há um torcedor sequer que não conheça a história do jejum. Mesmo tendo nascido depois da quebra do tabu, eu lembro de histórias que meu tio me contava sobre o sofrimento que os corinthianos viveram. Para mim foi uma honra fazer parte deste projeto.

Quem você entrevistou para o livro? Como é que foi? O que disseram?
Muitos depoimentos que estão no livro foram tirados do próprio documentário, mas alguns corinthianos ilustres, como o Marcelo Duarte e o Pedro Luis Ronco, e outros tantos anônimos enriqueceram a história. Alguns torcedores contaram fatos marcantes daquela época nas arquibancadas do Pacaembu, durante o intervalo de jogos que assisti. Mas como o tempo para entregar o livro era curto não pude me aprofundar muito nas entrevistas.

O livro é uma edição especial?
Sim, é um projeto inovador, que resgata a memória do torcedor brasileiro. O livro é comercializado em um box especial, junto com o documentário. São cinco mil exemplares, numerados, na primeira edição. Não sei se haverá novos exemplares.

Ser corintiano é?
Como disse no livro, ser corinthiano é indescritível, é mais do que torcer para um time de futebol. Quem é corinthiano sabe exatamente o que isso significa e não precisa explicar para outro corinthiano. Quem não é corinthiano nunca vai saber...


terça-feira, 13 de outubro de 2009

Manchetes Rejeitadas # 9


Por que Brasília tem uma concentração maior de jornalistas e São Paulo tem uma concentração maior de lixões tóxicos?

Porque São Paulo é mais antiga e escolheu antes.

Qual a semelhança entre um jornalista e um espermatozóide?
Os dois tem uma chance em um milhão de se tornar ser humano.

Por que o dono do jornal e o diretor do jornal nunca conseguem se encontrar em dia de chuva?
Porque a chuva dispersa os poluentes.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

domingo, 11 de outubro de 2009

"Não esperem +. Vejam esse Tarantino urgente"

Bastardos Inglórios de Quentin Tarantino é um filme imperdível. O amigo Paulo Donizetti de Souza escreveu um SMS ao sair do cinema na sexta-feira "Não esperem +.Vejam esse Tarantino urgente". Sabadão à noite lá fui ver já esperando boa coisa. Brad Pitt tem atuação brilhante, mas o ator que se destaca é o austríaco Christoph Waltz - que interpreta o coronel SS Hans Landa e que venceu o prêmio de melhor ator em Cannes. Em linhas gerais o filme aborda a perseguição nazista aos judeus na 2ª Guerra de um ponto de vista "tarantinesco", sangrendo e bem humorado, entretem com irônia, cheio de detalhes de cenas, conversas longas e tensas que prendem realmente a atenção. Lembre-se dos primeiros 10 minutos do filme. Também faz inúmeras referências aos faroestes. O roteiro é originalíssimo (e já tem livro). O tema, sabemos, é delicado e o filme é politicamente incorreto de um ponto de vista mais conservador ou "sensível" o que, para mim, o deixou mais saboroso de ver, pois não hesita em reescrever a história.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Mundão nosso de cada dia # 2

Manchetes na capa de alguns jornais desta sexta, 9. Tem o Hora, Santa Catarina; Diário do Pará; Extra, RJ; Notícia Agora, Vitória; O Dia, RJ e o Hoy de Managua, Nicarágua.










quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Viola boa de Paulo Freire

Em 2006, pelos idos do primeiro semestre, fui até Campinas com o produtor e diretor de TV, o Kuja. Quem nos levou foi o Neizão, motorista e faz tudo da Caros Amigos. O objetivo era gravar com o Paulinho Freire, violeiro, para mais uma das ideias do Serjão, um programa piloto da Caros Amigos na TV; juntaríamos colaboradores, artistas, jornalistas e afins para fazer um programa semanal. O piloto saiu. O programa não. Faltou o canal e a grana. O Paulinho Freire é um baita violeiro, desses para escutar sempre. Paulinho é filho do “bigode’, o Roberto Freire, também criador de Caros Amigos, escritor e somoterapeuta que faleceu em 2008. E lá em Campinas, num cenário muito bonito, cheio de árvores, num fazendão vizinho ao lar do violeiro, fizemos a gravação de “Pedro Paulo” para o piloto que não vingou. Uma historinha cantada na viola, deliciosa, que compartilho aqui no blog com vocês. Não é a gravação de Campinas que guardo na memória, mas é Pedro Paulo.


Aborto inseguro no Brasil e no Peru

O parlamento peruano criou recentemente uma comissão especial que aprovou um projeto para legalizar o aborto e permitir interromper a gravidez fruto de abuso sexual ou quando os fetos forem comprovadamente malformados.

A proposta ainda passará por discussão no Congresso para ser aprovada. Prevê ainda despenalizar abortos em caso de inseminação artificial ou transferência de óvulo fecundado sem consentimento.

A igreja católica de lá criticou. Entretanto, os movimentos feministas celebraram a possível conquista para a qual lutam há décadas. A atual legislação do Peru considera crime qualquer tipo de abortamento a não ser quando há claro risco a vida da gestante.

As entidades feministas estimam que por lá 376 mil abortos ocorrem anualmente, em condições precárias, sem contar o forte índice - absurdo! - de violência sexual, 22 por cento das mulheres da capital do país.

1 milhão no Brasil
O abortamento legal só é permitido em dois casos no Brasil: gravidez decorrente de estupro ou com risco de vida para a mãe. O código penal de 1940 determina prisão de um a três anos da mulher que praticar aborto. Pune também o médico que o fizer.

É uma lei retrógrada. Ainda assim, mais de 1 milhão de abortos induzidos são realizados por ano por aqui. Provavelmente todos vocês conhecem, ao menos, algum caso próximo.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 60 mil mulheres morrem por ano no mundo em decorrência do aborto inseguro. É, sem dúvida, questão de saúde pública. O documentário o Aborto dos Outros (2007), de Carla Gallo, é fundamental (assista o trailher abaixo).

Ela acompanhou o trabalho de equipes médicas ao realizar o documentário. Assisti no último final de semana no Canal Brasil e impressiona o registro inicial de uma garota estuprada falando com a psicóloga.

Além da dor das meninas e mulheres frente a violência que sofreram e do abortamento, o documentário de Carla revela o preconceito que muitas delas - inclusive as equipes médicas -, especialmente as vítimas de estupro enfrentam na interrupção da gravidez, contrariando a lei e as normas do Ministério da Saúde.

Tanto no Peru quanto aqui, a clandestinade é um dos principais fatores de risco. Eu sou - que me "perdoem" os conservas e reaças e religiosos punitivos em geral - totalmente favorável ao aborto.

É um direito da mulher, sobretudo. Questão, repito, de saúde pública e não uma questão religiosa. Criminalizar fere o direito de escolha ou de autonomia e coloca sua saúde em risco. Está claro que criminalizar não resolve.

Mundão nosso de cada dia # 1

O lance aqui é pegar notícias das páginas dos jornais do mundão nosso de cada dia. Do bizarro ao engraçado. Do sério ao criativo e daí em diante publicar procêis. É jornalismo do jeito de cada um, com manchetes de cada um. Aqui, pra estrear, o Diário de Borborema em Campina Grande, 8 de outubro e o Q´Hubo de Medellín, Colômbia. Sugestões são muito bem-vindas.




Manchetes Rejeitadas # 8

Na enquete publicada com as perguntas o jornalismo é podre? Marina ou Dilma? Política é fundamental? Pelé ou Maradona? Outro? a escolhida com três votos foi a primeira. Eis a resposta do Tietê Campos. Se tiverem outras perguntas deixem nos comentários. Nova enquete em breve.

O jornalismo é podre?

"Podre" é demais para definir o jornalismo brasileiro atual. Digamos que ele está "passado"; continua agindo como se ainda tivesse o papel de formar a opinião pública em geral. Como constatou o jornalista Franklin Martins, formado em Ciências Políticas na França, "a era da pedra no lago no Brasil já passou". Antes a mídia ajudava a formar a opinião das classes A e B e, em ondas socialmente difundidas, essa opinião era assumida pelas classes C, D e E e se tornava a "opinião pública em geral". A partir das últimas décadas, as classes baixas passaram a formar suas próprias opiniões, levando em conta suas próprias experiências. A seus olhos, e aos olhos de seus aliados, o jornalismo atual está "podre", pois continua querendo exercer o mesmo papel de antes. O que mudou não foi o jornalismo, a não ser em alguns casos mais extremos de manipulação, mas os modos de vê-lo.

Eleanor Powell e Fred Astaire

Queria fazer igual. Parece fácil. Muito bonito e cativante.


quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Fazendo Media: reconceituar o jornalismo


É preciso reconceituar o jornalismo
Por Marcelo Salles, Fazendo Media

Lendo o artigo do Mário Augusto Jakobskind, que será publicado amanhã, fiquei pensando: é preciso reconceituar o Jornalismo. Não faz mais nenhum sentido chamar de Jornalismo o que fazem as corporações de mídia. Quem se preocupa com o lucro em primeiro lugar não é uma instituição jornalística. Não pode ser. Quando uma empresa passa a ter como principal meta o lucro, essa empresa pode ser tudo, menos uma instituição jornalística. E aí não importa a quantidade de estrutura e dinheiro disponível, pois a prática jornalística é de outra natureza. Exemplo: eu posso passar uma semana no Complexo do Alemão com um lápis e um bloco de papel. Posso chegar até lá de ônibus. Posso bater o texto num computador barato. Mesmo assim, se eu e a publicação para onde escrevo for jornalística, vou me aproximar muito mais da realidade do que uma matéria veiculada pelas corporações de mídia. Essas podem dispor de toda a grana do mundo, de carro com motorista, dos gravadores mais caros, das melhores rotativas, de alta tiragem e de toda a publicidade que o dinheiro pode comprar. No entanto, se não forem instituições jornalísticas, elas dificilmente se aproximarão da realidade da favela, isso quando não a distorcem completamente (...)

Para ler o restante do texto vá até a página do ótimo site do amigo Marcelo Salles, o Fazendo Media. Clique aqui.

Curtas Banais # 7


do casamento


e aí que paramos de rodar só mais de meia-noite, sendo que eu havia marcado a equipe às 7h da manhã. filme com orçamento de institucional e exigência de publicidade. eu com apenas três carros: o de câmera, o de figurino e o caminhão de luz. e a locação – que beleza! – era o shopping D, lá no meio da marginal tietê, perto da rodoviária.

essa é uma das coisas mais chatas de uma diária de filmagem, principalmente quando se está num lugar fora de mão e já é tarde o suficiente pra não poder mandar a galera se virar de condução. chega o fim da parada, você, produtor, completamente cansado – de ficar tanto tempo em pé, resolvendo problemas, correndo de um lado pro outro, etc, etc – ainda tem que resolver como cada um dos trinta (ou mais) cidadãos da sua equipe vai pra casa. “você tá de carro? não? mora aonde? ô, fulano, você não mora na zona leste? será que você não deixa o assistente do maquinista em casa? e você, fulana? ah, vai com a maquiadora? ah beleza. e você? hmm… então melhor você ir no carro de câmera que depois que ele descarregar na locadora ele te deixa. não, mas vai descarregar primeiro. é, eu sei que seria mais fácil passar primeiro na sua casa mas o coitado do assistente de câmera tem um job amanhã às 4h da manhã. é, e de lá ele ainda vai pra zona norte. tá?”. acho que deu pra entender. como diria um amigo, você tem que “se imiscuir nas subjetividades alheias”. e depois resolver o problema de cada um.

estava eu nesse processo fascinante, ainda no set, e descubro que meu fotógrafo está sem carro. além disso, uma parte da luz era dele, então teria que descarregar na casa dele também. passo um rádio pro motorista do caminhão:

- fulano, mudei o esquema então: o diretor de fotografia está sem carro, então ele vai junto no caminhão, tá? aí você descarrega a luz na casa dele primeiro, e já descarrega ele também, rs…
- aaaah é…?
- é. vai você e ele, e o fulano vai junto pra descarregar a luz lá, na cine e na produtora, ok? eles já tão carregando aí né?
- aaah… hmmm… vão duas pessoas no caminhão, então?
- é, ué. não cabe você e mais dois? cabe, já mandei duas pessoas!
- não, é… cabe… mas é que eu tô com uma pessoa aqui…
- hã? como assim, uma pessoa? não copiei, repete.
- não, é, então… a minha mulher… é… ela trabalha aqui perto né? então ela saiu umas seis horas e veio me encontrar aqui pra dar carona pra ela…
- seis horas? mas são meia-noite e meia! gato, como assim, não tô entendendo. você trouxe sua mulher pra trabalhar com você??
- é, então… é que ela não fica sozinha, sabe? ela não fica sozinha em casa. tem medo. é casamento novo, seis meses só… e ela não gosta, sabe? de ficar sozinha. precisa ver quando eu tenho que viajar. eu saio e não aviso nada, só aviso quando já tô chegando em outro estado. senão, já viu, né?

Sofia Amaral é roteirista, produtora e é casada. Mas acha que levar o marido/esposa no trabalho é ainda pior do que levar marmita em restaurante.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Cor-de-Rosa na luta contra o Câncer de Mama


Era perto das 22 h quando resolvi dar um rolê de moto. Chamei minha sobrinha, Vitória, 13 anos, para ir comigo. Sem sono, aceitou. Daí fomos até o Ibirapuera ver as fontes funcionando à noite (ela nunca tinha ido no parque neste horário). Surpresa nossa ao chegar e ver o Monumento às Bandeiras todo iluminado de rosa. E as fontes, coloridas, dançavam. Um deslumbre em meio ao buzinaço e barulho da região. É Sampa, até aí sem novidades. Curioso, fui na internet ver do que se tratava a iluminação rosa e me deparei com a notícia de que para chamar a atenção sobre outubro ser considerado o mês mundial contra o câncer de mama o Movimento Outubro Rosa - Mulher Consciente na Luta Contra o Câncer de Mama está iluminando alguns locais.
No Rio de Janeiro, o Cristo Redentor ficou de cor-de-rosa; ainda em SP, o prédio da BM&F, a ponte Estaiada e lojas da rua Oscar Freire - conhecida por reunir grifes luxuosas - , além de carros, escritórios e restaurantes também serão iluminados com a cor que representa o movimento. Contei pra Vitória, ela achou o máximo. Eu também achei.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

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