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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Vai tarde mas deixa aprendizados e conquistas

Essa é a última postagem do blog em 2008. Retomo na volta das férias, dia 5 de janeiro de 2009. Estarei não muito longe de São Paulo, mas o suficiente pra tentar recuperar a energia. A paulicéia suga em demasia. Alguns amigos supersticiosos me disseram que ano ímpar é sempre melhor. Talvez seja. Até porque, acho complicado ano que vem ser pior que 2008, pessoalmente muito doloroso e complicado. Comparo apenas a 1999, quando perdi meu pai e a vida familiar estava pra lá de tumultuada.
No entanto, 2008 me ofereceu aprendizados relevantes.
Gente querida se foi e isso dói, como citei no postagem anterior. Dói que é absurdo.
E os amigos, ahhh, o que seria de mim sem eles. Gente leal e amada que conheci e que somou demais nesse ano. Gente inesquecível. O verdadeiro valor da amizade a gente saca na hora que a perna bambeia e vem a mão pra te reerguer. Eita "putada" boa e essencial pra mim. Tem muita gente importante mesmo. Difícil até de escrever. Nem vou me alongar. O importante é que a gente siga acreditando que dá pra fazer a diferença, que dá pra mudar, que dá pra ser digno e ético num mundão meio fodido e cheio de problemas - de crises a catastrofes economicas, sociais e ambientais. Que o jornalismo não se perca mais e que eu possa, na medida do possível, porque nem sempre permitem, praticar um jornalismo respeitável. Quanto aos escrotos, e olha que vi e descobri muitos saindo dos esgotos durante o ano, não digo mais que um simples "que se fodam." Um brinde aos novos projetos - coletivos, de preferência - e que venha 2009. Deixo aqui um texto meu, um pouco romântico ou muito, mas verdadeiro. Espero contar com mais visitas e trazer mais textos "com algum sentido" para este blog em 2009.

O beijo do mundo.

Não se faz declaração de amor sem um beijo do mundo.
O beijo do mundo é simples, pacato, de certa maneira volátil, pois o beijo do mundo são as aventuras do nosso pensamento.
Os dias são feitos de cotidianos prontos, embalados e mastigados e aceitamos ou não fugir dele.
O beijo do mundo é acessível.
O bom e o mau humor, antagônicos, paradoxos imutáveis da nossa existência.
Motriz clara do beijo do mundo.
Coração e presságio do porvir.
O acordar e lavar o rosto, escovar os dentes, o vestir da calça, a xícara personalizada, o dia todo de tarefas.
É pouco do que há e do que somos verdadeiramente.
O mundo: é preciso estar abraçado por ele, estar com ele e viver nele, mesmo querendo o oposto.
O travesseiro deixa a mancha do último sonho, a lágrima do último choro, o grito abafado da angústia de viver e sempre querer mais.
Beije o mundo e declare seu amor nas entrelinhas ou escancare para as montanhas ecoarem – poético.
Sofra depois de tentar – é o mínimo.
O beijo do mundo não vem, você o tem.
Basta aventurar os pensamentos (misto de sentimentos) e declarar-se aos que valem a pena mesmo que incorra no rótulo de ridículo.
Isso é pra vocês, um recado confuso, mas presente.
Um recado que diz que estou aqui e que amo vocês.
Sintan-se beijados e abraçados.
Sem palavras, só carinho.
Um beijo do meu mundo.

Thiago Domenici (2008)

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Na berlinda em London City

Nosso papudo ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, não imaginava pegar um jornalista da BBC tão bem preparado e sem rabo preso. Mal acostumado com a imprensa brasileira e seus papagaios oficiais, esse vídeo no youtube (em duas partes) é uma boa lição de como fazer uma entrevista séria. Serve também pra relembrar alguns episódios que teimam em ser esquecidos. Por que será?

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Ensinamentos do Serjão

Taí um texto sobre o meu mestre e de muitos, Sérgio de Souza, que se foi em 2008 e deixou muitas saudades e ensinamentos. Sempre que eu puder, trarei textos, lembranças, sobre quem foi Serjão e o que significa para o jornalismo. Esse é da minha amiga Natalia Viana, repórter das melhores. Para quem tiver interesse no trabalho dela, fica a dica do seu livro, Plantados no Chão, sobre assassinatos políticos no Brasil e que pode ser baixado na internet.

Quando entrei na Casa Amarela, havia decidido que era a última chance que eu dava ao jornalismo. Havia saído fazia alguns meses da faculdade que conseguiu matar qualquer paixão que eu pudesse ter pela profissão, com aquela velha fixação pelo lead e pelos manuais de redação; havia feito algumas reportagens como free-lancer, as quais haviam sido totalmente deturpadas por editores da indústria; estava trabalhando em um grande site de internet, e o trabalho em si não era tão bonito quanto o nome do cargo: simplesmente rescrevia, o dia inteiro, press releases que chegavam à minha mesa de editora. Saí para ser estagiária da Caros Amigos, sem saber que era ali que começava, pela primeiríssima vez, a única escola de jornalismo de verdade que freqüentei na vida.
Por mais próximo que fosse de nós, os mais novos, Serjão nunca deixou de lado a tarefa de ser um professor. Desempenhava com zelo, mas apenas a quem quisesse ouvir. Jogava, sempre, um ensinamento ou outro pra a gente pescar – alguns deles eu relembro agora, para compartilhar, em texto escrito, e portanto sem data de fim, com novos repórteres que virão depois de mim.
Sérgio de Souza me ensinou a ter uma fidelidade canina ao leitors – fidelidade essa tão marcada nas páginas de Caros Amigos. Assim: “Pense no leitor sempre: antes, durante, e depois de fazer a reportagem. E quando estiver dormindo também”. Um pouco, esse ensinamento resume para mim quem foi o Serjão. Serjão me ensinou a amar o leitor acima de tudo.
Impressionava, no homem, a tranqüilidade com que ele encarava cada problema – e cada problemão! – que nos batia à porta. Quando eu chegava, na pressa dos vinte anos, com uma idéia para uma reportagem, ele sempre incentivava, fazia todas as perguntas para as quais eu não tinha resposta, e me mandava sair à rua: “Leve o tempo que for preciso, não se preocupe com o prazo”. Para ele, caso raríssmo na imprensa brasileira de hoje, valia sempre mais uma reportagem bem feita do que uma feita rapidamente.
Na Caros Amigos levávamos dois, até três meses para construir uma matéria, exagerávamos no tamanho, brincávamos com as palavras. Serjão aceitava todas as tentativas, todos os formatos, sempre com seu olhar clínico e seu bom-senso característico. Transformava cada idéia maluca em reportagem boa! Serjão me ensinou que toda idéia é válida, e toda pauta é um aprendizado.
Fazer uma reportagem com ele era bom, era muito solto. A gente saía na rua e dava alguma satisfação de tempos em tempos. Estilo antigo, acredito, duma época em que o editor confiava no repórter, o repórter confiava no instinto, e o jornalismo era bordado à mão e não produzido a rodo como em máquina de indústria. Cada reportagem tinha sua história, e seu desenvolvimento, e Serjão respeitava o tempo de cada uma. Serjão me ensinou sobre a criatividade imprescindível ao bom jornalismo. Nas suas mãos, cada história era única – quantas vezes fizemos pautas que já haviam sido feitas dezenas, centenas de vezes, com resultados totalmente inovadores.
Outra coisa: Serjão não deixava ninguém mentir, ou enganar, em troca de boa informação, prática comum em boa parte da imprensa. Sempre, ele dizia, se apresente como repórter; sempre tente explicar por que a sua reportagem é importante, por que a pessoa deveria colaborar; nunca interfira nos fatos, apenas os relate.
“Não é responsabilidade do jornalista mudar a realidade”, dizia o Serjão, “O nosso papel é apontar os problemas para que as pessoas mudem”. Esse foi um dos ensinamentos mais valiosos. Todos os que cobrem as misérias do mundo sabem como é difícil voltar para casa e ter deixado para trás destruição e dor, e como é louca a vontade de interferir e transformar tudo. Mas Serjão ensinava que a nossa arma era a caneta (a dele, o lápis com que rabiscava os nossos textos), e com ela fazíamos muito.
Reportagens como as de Caros Amigos mudam as pessoas por dentro, e essa mudança é debatida na mesa do bar, é espalhada na sala de aula, passa para outras pessoas, e por aí vai, numa silenciosa e minúscula revolução. Serjão era, aos 73 anos, um revolucionário.
Quando vim para a Europa, vim para ver como funcionava por aqui a imprensa, tendo dinheiro de sobra e muito talento para inovar. Vi coisas boas, mas também fiquei muito decepcionada. Tudo eu contava a ele por email. Uma das suas últimas respostas foi:
“Quer dizer que a mediocridade não é “privilégio” exclusivo de nossos jornalistas? Sabe o que é, Nat? Esse mundo bem cheiroso das redações ricas e seus bem postos e obedientes empregados não é para o bico de qualquer um como nós. É um mundo que a gente não compreende, mas isso não é novidade. Foi sempre assim, mesmo antes da existência dos manuais de redação. Quem ousa tentar romper esse estado de torpor paralisante é excluído loguinho. Se bem que a gente se diverte neste nosso apartheid, né?”
Serjão me ensinou a dignidade – e a diversão – de buscar ser livre dentro do jornalismo-indústria. Ser livre para contar uma história como ela merece ser contada vale mais que qualquer salário, vale mais que qualquer prêmio, vale uma vida dedicada a isso. Cada novo desafio, cada nova idéia, vale a pena. Se for original, se romper com o que está aí, terá o apoio de Sérgio de Souza.
Ainda na Caros Amigos, uma das últimas coisas que Serjão me ensinou, junto com o repórter João de Barros, foi sobre o “imponderável da silva”, muito útil nas reportagens investigativas. Uma vez, Sérgio me pediu que fizesse plantão na porta da casa de uma figura que não dava entrevista para ninguém. E se ela não falar? “Aí e o Imponderável da Silva”, disse ele, indicando que no jornalismo como na vida, muitas vezes não dá para prever o que pode acontecer. Numa investigação, nunca se sabe de onde vai sair a resposta para a pergunta crucial, a informação mais valiosa; as grandes investigações são terreno do imponderável, e a tarefa do repórter é se manter vigilante, aberto, para ele. Apostar em todas as fichas; seguir todas as pistas, e acreditar nele, o imponderável.
Foi por culpa do imponderável da silva que Serjão morreu no final de março de 2008, de maneira totalmente inesperada. E foi por culpa do mesmo imponderável da silva que eu não estava por perto, acabei me demorando na Europa. Mas por mais triste que seja, Serjão me ensinou a amar e abraçar o imponderável. E a seguir em frente, sempre. Por mais isso, Serjão, minha gratidão eterna.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O mistério da Gol

Voltei a Brasília, confesso que não queria. Dessa vez, só um dia, menos mal. Não precisei de hotel. Fui de Tam e voltei de Gol. Da Tam só vou dizer que as aeromoças são lindas. Muito lindas e simpáticas. E da Gol, ahhh, da Gol. Eis o mistério da Gol.
[Voltando um pouco, informação importante: eu tenho medo de avião. muito!]
Dito isso, existem dias que o seu cagaço é premiado. Por que? Hoje choveu em São Paulo e em Brasília. Choveu muito! E eu tenho medo de avião, já disse.
[Outra pausa: Brasília foi bem cansativa, novamente não almocei, o que o diga Marina, companheira de trabalho, três "pão de queijo" e dois "café" pra segurar quase 12 horas. Comida de avião não conta. O vôo de volta que era pra ser 19h 10 foi transferido para às 20h 30. Atraso.]
A combinação de chuva forte, tempo escuro mais avião ter que voar comigo dentro não caiu bem. Achei que fosse o estômago, mas não. Era o meu cagaço premiado gritando.
[dentro do avião eu rezei e fingi estar sem medo. A mão gelada me remetia ao mantra que tilintava na minha cabeça 'se essa porra cair, fodeu']
Tentei me distrair pensando no porquê dos aviões terem assentos flutuantes. Alguém acredita que isso funciona? Será que alguém já usou numa piscina? Você usaria na piscina? Porque pra mim é meio claro, se cair fodeu. Se for no mar então... Eu não sou o Tom Hanks, não teria a mesma "sorte" do náufrago.
[em meio a esses pensamentos para evitar o meu cagaço eis que surge o ministério da gol]
"Senhoooooressss passageeeeirrooosss, beeeem-vindooos a bordo da Gol"
[cafajestemente pensei: 'que voz espetacular de tele-sexo'. Risadas gerais entre os passageiros. Era Milene, a aeromoça, sussurrando as instruções]
A cada chamada e explicação sussurrada ficava vidrado naquela voz. Que voz de presença a da Milene. O vôo seguia com chuva e luzes que eu julgava ser relâmpagos. A turbulência aumentava e eis que surge novamente Milene pra eliminar meu cagaço.
"Senhoooooressss passageeeeirrooosss, mantenhaaaamm a callllmaaaaa, estaaaamoooss num treeechooo de turbulênnnciiiiaaa."
[preciso saber quem é Milene, escondida lá na frente do avião, sem rosto ainda, apenas a voz. Marina concordou, temos que vê-la].
A avião chegando. O pouso seria na chuva.
O cagaço volta e se mistura com a fome, com os relâmpagos. Tento dormir e durmo.
Chacoalhão do avião e segundos depois: "beeeemmmm-viiiindooosss a sãooo paaaulo! A gooollll agradeeeeece a prefereeeenciaaa."
[Acordo e penso rapidamente 'uau, consegui dormir e o avião pousou. Enfim, terra firme'].
Vou agradecer Milene, vou ver Milene, eu preciso agradecê-la! Ansiedade.
A porta abre. É agora. Estou no fundo. A porta do fundo abre. Não é possível. Não vou ver Milene, mas Milene triunfou sobre meu cagaço, dessa vez, duplamente premiado. O cagaço premiado por Milene, o mistério da Gol.

lembrança de rodapé: hoje terminou em Brasília a 11 Conferência Nacional dos Direitos Humanos, no ano dos sessentão da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948-2008). Como de praxe, destaco a péssima cobertura da imprensa para um tema tão essencial e urgente. Fica a lembrança e o site para mais informações. Voltarei a falar do tema em breve.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Mulheres, 27 horas x Homens, 10 horas

O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgou a 3ª edição do "Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça", em parceria com a SPM (Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres) e Unifem (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher). O estudo, importantíssimo, aponta uma queda nas diferenças nos últimos 14 anos mas permanece grande o abismo em questões como o desemprego – as mulheres sofrem mais com essa questão – e os salários – mulheres ganham menos que os homens. Se as políticas de igualdade de gênero não forem aceleradas, serão necessários 87 anos para igualar salários de homens e mulheres.
Desde 1993 as mulheres superarem os homens em anos de estudo, mas os afazeres domésticos ainda são tidos como obrigações femininas, um cenário que só vai mudar com maior conscientização cultural do "macho" brasileiro de que ele precisa por a mão na massa. O estudo diz que “Entre a população de 16 anos ou mais, as mulheres dedicam 27 horas semanais nessas tarefas; os homens apenas 10 horas.”
No recorte de raça, as mulheres negras ganham menos, ficam mais tempo desempregadas e formam o maior contingente de domésticas. “Ser empregada doméstica ainda é no Brasil do século 21 o emprego mais comum para a mulher negra. A cada cinco negras, uma é doméstica. Para a mulher branca, essa proporção diminui para uma doméstica em cada oito com trabalho remunerado. Também a pobreza é um flagelo maior para os domicílios de famílias negras. Entre os beneficiados do Programa Bolsa Família, 69% dos domicílios têm chefe de família negro e 31%, branco.”
Sites como o Ipea, IBGE e outros são importante mecanimos de consulta, já que oferecem muitas informações sobre as diversas questões do Brasil. Em vez de ficar lendo ou vendo esporadicamente notícias de jornal sem muito foco, pesquise e descubra por si só. Seja você o seu filtro.

dica de rodapé: Woody Allen dirige um filme saboroso e franco, Vick Cristina Barcelona (2008). No elenco, Javier Bardem, Scarlett Johansson e Penelope Cruz. Resumidamente: o filme trata de um rolo entre duas amigas, uma ex-mulher e seu ex-marido artista. Está em quase todos os cinemas, ao contrário do nacional Última Parada 174, que ainda não vi por dificuldade de encontrar um cinema que o exiba.

Um comunista inabalável

Oscar Niemeyer completou 101 anos (15/12/2008). Viu duas guerras mundiais, todas as conquistas da seleção brasileira, todas as transformações do século. Construiu Brasília e obras maravilhosas no seu imbatível concreto armado cheio de curvas. Ele é a história viva. Dono de uma convicção comunista inabalável. “O importante é a vida”, costuma dizer. Em 2006, tive o raro privilégio de conhecê-lo em seu escritório em Copacabana, numa entrevista que virou capa da Caros Amigos. Impossível não se curvar diante de tal figura da história brasileira. Posteriormente, junto com meu mestre saudoso Sérgio de Souza, fizemos uma entrevista com Ciro Pirondi, também arquiteto e dos melhores amigos de Niemeyer. A entrevista foi publicada numa edição especial sobre seus 100 anos. Ele dá de ombros para a idade, não quer festa e nem badalação. Fico imaginando quantas memórias e histórias ele ainda não contou.

sábado, 13 de dezembro de 2008

pitacos de rodapé #1

Hoje é 13 de dezembro, 40 anos do AI-5, o que será que podemos refletir? Eu diria que estamos diante de um impasse histórico, real e urgente que é reconhecer e lutar pelo Direito à Verdade e à Memória. Temos que abrir os arquivos da ditadura militar, escancarar as feridas, fazer justiça contra os torturadores que teimam - com o apoio de algumas "entidades" da justiça - em ficar nas sombras. A lei de anistia de 79 foi um "mal necessário", mas todos sabem que contra tortura e assassinato não pode vigorar o perdão. É lei internacional, crimes contra a humaninade são imprescritíveis.
Por falar em "entidades"da justiça, segunda próxima, no Roda Viva, às 10h 30, teremos a ilustre - ilustre? - presença de Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, acompanhado de entrevistadores nada parcias (Reinaldo Azevedo, Eliane Catanhêde, etc) ou favoráveis a sua causa. Mas que causa? Manter Daniel Dantas livre? Informações privilegiadas? Ou dar sentenças favoráveis aos seus parceiros de negócio? Taí um espetáculo midiático que eu não vou perder.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Pague cinco estrelas e leve três

Terça e quarta-feira estive em Brasília a trabalho. Cai na burrice, por falta de experiência na cidade, de não reservar hotel. Lá pelas nove da noite, após exaustivo dia de trabalho liguei para alguns hotéis. Quase todos lotados. Quase, por que um único na Asa Sul tinha um quarto. Lá fomos eu e minha companheira de trabalho, Marina.

Ao chegar no três estrelas para passar míseras 9 horas de sono, a surpresa:

- senhor, o pernoite é de 180 reais.

"Não fode", pensei e respondi:

- amigo, não tá meio exagerado isso não?

- é preço de balcão, sorriu o grande filho da puta!

- Engole seco, Thiago, ou é isso ou dormir na rua, com roupa social, duas bolsas e cheio de fome, ponderei com minha indignada consciência.

Brasília é deserta, descampada, sem muita gente na rua. Os hotéis são caros, o táxi é caro, o ar é oficialesco, mas o céu é foda, lindo e azul. O calor é pior, tempo seco. Use roupa preta e morra na rua. Há. E Niemeyer é ducaralho, sua arquitetura é genial, simplesmente, genial!

O hotel era uma porcaria. Óbvio. Sem ar condicionado, quarto precário, tv de 21 polegadas com antena de bombril. Pra foder de vez o quarto era no nível da rua - isso mesmo - dormi no subterrâneo de Brasília, sensacional a experiência de acordar e ver os carros passarem no seu nariz. Sem contar a cama ruim, o travesseiro duro e o café da manhã sem pão - é sério, não tinha pão - e sem água gelada também (num calor de 30 graus); nem vou falar do queijo fatiado amarelo manga de extremidades duras, meeeeeu deus!

O cartão de crédito olhou pra mim na hora de pagar e disse: "porra, chefe, tá pagando cinco num de três, trouxa."

Foram as 9 horas de sono mais caras da minha vida.

Pensei no jogo do São Paulo e Goiás. Queriam cobrar 500 paus o ingresso só por ser o último jogo do campeonato e pra foder o torcedor apaixonado e os putos dos cartolas encherem o bolso de grana. Barraram o ingresso de 500, ok, caiu pra 150 reais. Meeeeu deus!

Me fodi porque não reservei o hotel. Explorado e inconformado. Falta fiscalização nos hotéis de Brasília. É fato. Não tem controle. Aprendi a lição. Não faça igual. Em Brasília, reserve a porra do hotel dias antes. Com o que sobrar, bebe umas e brinde "ao Thiagão, o trouxa."

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Sessentona, AI-5 e a Constituição

Dia 10, quarta-feira, fará a Declaração Universal dos Direitos Humanos 60 anos. Uma sexagenária. A semana será cheia de referências sobre o tema; na internet, rádio, televisão - a TV Cultura, por exemplo, terá uma programação especial.
Coincidentemente, também nessa semana, o Supremo Tribunal Federal vai decidir, em Brasília, sobre a demarcação da terra índigena Raposa Serra do Sol. A decisão, pelo que foi noticiado, deverá ser em favor da manutenção das terras, ou seja, dos índios. Se assim for, ponto para o Brasil, que manterá o direito dos povos indígenas a terra, vivo!
Outra data, os 40 anos do Ato Institucional número 5 (AI-5), de 13 de dezembro de 1968, no terrível período militar. Foi o mais abrangente e autoritário de todos os atos institucionais, vigorou até dezembro de 1978.
Também nossa constituição cidadã de 1988 completou 20 anos, um passo adiante no liberdade democrática e nos direitos humanos.
Vale saber mais sobre os temas e mais sobre os direitos humanos que, ao contrário do que pensa a maioria, não serve para defender o "direito dos bandidos."


domingo, 7 de dezembro de 2008

6-3-3


Alguns dizem, secam, torcem o nariz contra o tricolor.
Mas cá estamos tricolorada, levantando, com emoção, depois de uma recuperação fantástica, o hexacampeonato e o tri-brasileiro inédito (2006, 2007, 2008).
Em tempos de futebol tão modorrento, o São Paulo mantém o nivel do futebol brasileiro no alto, seja pela boa administração, seja pelo excelente elenco e pelo brilhante, repito, brilhante, Murici Ramanho. Merecedor, técnico de ponta, competende e alheio a canalhada de técnicos do estilo "sou profissional". Murici é tricolor e num gesto de muita dignidade disse "me contento em ser o segundo melhor, porque o Telê, esse é que é o fera". 2009 é ano de libertadores.
Estaremos juntos tricolor. Vamos aumentar essa marca.

Viva o 6-3-3.

Obrigado por me fazer sorrir, por me fazer campeão mais uma vez.

Grita, porque é nosso! É tudo nosso!

Campeão! porra, campeão!

Thiago, apaixonado tricolor

sábado, 6 de dezembro de 2008

Não seja ingênuo

A ideologia e a política são apenas o anestésico na operação. O bisturi é o dinheiro. Não seja ingênuo, Graham! O que move o mundo é o dinheiro e a ambição de poder dos políticos. Sempre foi assim, desde o primeiro líder que surgiu numa caverna. As boas intenções não funcionam. É o lado escuro dos seres humanos: a ambição, a vaidade, o egocentrismo, a ânsia de luxo e poder, isso é o que faz tudo funcionar nesse planeta. Os bons não têm nenhuma interferência, eles vão para o alto de uma montanha e ficam rezando para os deuses que eles mesmos inventam.

Pedro Juan Gutiérrez, pg. 99, Nosso GG em Havana, Editora Alfaguara

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Ajude Santa Catarina

A Defesa Civil Estadual, fonte oficial relacionada às inundações e deslizamentos ocorridos nos últimos dias em Santa Catarina, divulga em seu site ( www.defesacivil.sc.gov.br) as formas de mandar ajuda e doações aos atingidos pela tragédia.

Segue a lista de contas bancárias oficiais da defesa civil:

Banco/SICOOB SC - 756 - Agência 1005, Conta Corrente 2008-7

Caixa Econômica Federal - Agência 1877, operação 006, conta 80.000-8

Banco do Brasil - Agência 3582-3, Conta Corrente 80.000-7

Besc - Agência 068-0, Conta Corrente 80.000-0.

Bradesco S/A - 237 Agência 0348-4, Conta Corrente 160.000-1

Itaú S/A - 341, Agência 0289, Conta Corrente 69971-2

SICREDI - 748, Agência 2603, Conta Corrente 3500-9

SANTANDER - 033, Agência 1227, Conta Corrente 430000052

BANRISUL - 041, Agência 0131, Conta Corrente 06.852725.0-5

Nome da pessoa jurídica é Fundo Estadual de Defesa Civil, CNPJ - 04.426.883/0001-57. Defesa Civil de SC alerta sobre ação de golpistas pela Internet. A Defesa Civil não envia mensagens eletrônicas com pedidos de auxílio.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Espíritos loucos

GG reviu todas as reflexões que tinha inserido no livro. Um romance é como um edifício. Não se pode botar portas e janelas em qualquer lugar. É preciso saber qual é o ponto exato em que devem ficar. E qual é o tamanho, o estilo, a cor que devem ter. Como acontece com os edifícios, alguns romances são singulares e perduram e são visitados por milhões de pessoas. Outros são anódinos e vulgares e não atraem ninguém, até que desmoronam com o passar do tempo. Só os espíritos loucos, os atrevidos, os provocadores correm o risco de edificar romances perduráveis, comoventes, que transtornam e estremecem seus visitantes. A loucura é decisiva.

Pedro Juan Gutiérrez, pg. 59, Nosso GG em Havana, Editora Alfaguara

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Provocação

"Não seria muito melhor se nunca tentássemos compreender, se aceitássemos o fato de que nenhum ser humano jamais compreenderá um outro, nenhuma mulher o seu marido, nenhum amante o seu amante, nenhum pai o seu filho? Talvez por isso os homens tenham inventado Deus, um ser capaz de compreender. Quem sabe, se eu quisesse ser compreendido ou compreender, iria me atordoar a ponto de ter uma religião; mas sou um repórter, e Deus só existe para os que escrevem editoriais."

Pedro Juan Gutiérrez, pg. 58, Nosso GG em Havana, Editora Alfaguara
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