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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Crise que não é de ontem

A Costa do Marfim,
mais um país africano em conflito
Notícias das agências internacionais desta quinta-feira, 31 de março, e repercutidas na internet e jornais de hoje dão conta de que a Costa do Marfim, na África, fechou suas fronteiras e decretou toque de recolher até “nova ordem”, nas palavras de Alassane Ouattara, presidente eleito e reconhecido pela comunidade internacional após vencer as eleições de novembro de 2010. Ele enfrentou no pleito o “motivador” do atual toque de recolher, o ex-presidente Laurent Gbagbo, que não aceitou a derrota alegando fraude no processo eleitoral.
A questão, no entanto, é muito mais complexa. Desde 2002 o país está dividido e em estado de guerra civil por uma revolta iniciada por grupos rebeldes concentrados ao norte. Inclusive, desde esse período, mais de 10 mil soldados da ONU patrulham a região. No caso recente, especificamente, mesmo vencendo as eleições, Ouattara - que era o líder dos grupos rebeldes nortistas - não levou o “caneco”. O rival, Gbagbo, não deixou a cadeira presidencial, se recusou a renunciar e fez um apelo a Suprema Corte, por uma recontagem de votos, no que foi atendido. Ficou o impasse. Um ganha mais não leva. O outro perde mais não sai. Desde então, novos confrontos dos dois lados já mataram centenas de marfinenses. Segundo a Folha de S. Paulo, “Em Genebra, o porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Rupert Colville, disse temer a violência dos confrontos entre pró e anti-Gbagbo.” Cerca de 400 mil pessoas deixaram o país desde o início dos conflitos entre os dois grupos.

Em tempo.
No Zoom do IG, imagens dos conflitos e da situação de Guerra Civil. Também a Al Jazeera está com uma página especial sobre a Costa do Marfim, infelizmente, só em inglês. 

Por aqui, ou por falta de tempo ou de interesse, pouco se fala sobre a África. Bem definiu o jornalista Ramón Lobo do El País sobre a Costa do Marfim estar ofuscada por três catástrofes simultâneas: "o terremoto-tsunami-acidente nuclear do Japão, a guerra civíl na Líbia e o habitual desinteresse ocidental pela África." Na edição de fevereiro da Retrato do Brasil, nosso editor de internacional, Flávio Dieguez, fez um texto mais explicativo sobre os pormenores da crise e seus antecedentes, matéria que coloco na íntegra para vocês em PDF. (Thiago Domenici, jornalista)

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