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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Hexa: o título mais desejado no país

Finalmente terminou o Campeonato Brasileiro. Depois de 38 rodadas, onde muitos cobiçaram e jogaram fora o título, o Flamengo, justamente, ficou com a taça. Méritos à enorme torcida e ao grupo rubro-negros, com destaques ao “incompetente” técnico Andrade, ao “ex-jogador em atividade” Petkovic e ao “baladeiro, mas artilheiro” Adriano, segundo análises dos maiores “especialistas” em futebol do país, ainda na metade do campeonato, quando o Palmeiras nadava de braçadas na ponta da tabela e o time carioca sequer sonhava com uma vaga no G-4.
Mas os analistas não contavam com o imprevisível e a emoção, as duas maiores forças que movem a máquina futebol. Enquanto o Palmeiras, o Atlético Mineiro, o São Paulo, o Internacional e o Cruzeiro eram exaltados, o Flamengo era ridicularizado. Foi então que os deuses do futebol fizeram das suas e, em uma reviravolta incrível, o Flamengo cresceu, ao contrário dos adversários, que jogo após jogo, trocavam a certeza no título pela desconfiança.
A reação do Mengão foi épica, assim como a do rival Fluminense na luta contra o fantasma da Segundona (e como as séries B e C assustam os tricolores...). Os dois times do Rio honraram suas tradições e calaram todos, menos suas apaixonadas torcidas. Até o Botafogo, que estava entregue, brilhou em casa contra o São Paulo e o Palmeiras e se livrou de mais uma queda. Parabéns ao futebol carioca, que ainda foi coroado com o retorno do Vasco à elite do esporte nacional. E só para não passar em branco, já que não pretendo dar espaço para criminosos: lamentável as cenas de guerra em Curitiba e no Rio de Janeiro (entre torcedores do time campeão)...
Taça na mão, festas, comemorações, brigas e surge a polêmica: o Flamengo é penta ou hexa? A discussão aí vai longe e todos os argumentos, prós e contras, são válidos. Emblematicamente, o Hexa é um título muito desejado no país, desde a Copa de 2006. Aquela seleção de Kaká, Adriano, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e companhia, tem pesadelos até hoje com o gol de Henry (desta vez sem a ajuda da mão) e com as mãos de Roberto Carlos que teimaram em ficar nas meias do lateral. Passado o trauma na Alemanha, o futebol nacional produziu o primeiro hexa: o São Paulo. A rivalidade entre o tricolor paulista e o Flamengo cresceu, principalmente após a briga pela taça de bolinhas, que até hoje não se sabe quem é o real detentor. Mas isso é tema para outra discussão.
Voltemos à obsessão pelo Hexa. Ano que vem tem Copa de novo e o desejo da torcida é ver o Brasil conquistar a sexta estrela no seu uniforme. Mas o caminho será duro. A parte mais bonita do sorteio da Copa da África do Sul foi a maravilhosa presença de Charlize Theron. Mas a loira só encantou enquanto o assunto futebol não entrou em campo, já que o grupo do Brasil não é lá dos mais tranquilos.
Não sabemos o que esperar da desconhecida Coréia do Norte, mas podemos apostar em um time de muita correria, característica comum nas equipes asiáticas. Tudo pode acontecer, principalmente se o time de Dunga sentir o peso da estreia e não conseguir o que seria a vitória mais fácil do grupo.
Costa do Marfim e Portugal são equipes mais fortes e com certeza vão dar trabalho ao Brasil, que se bobear pode não ficar em primeiro na chave e ter o indigesto confronto com a Espanha logo nas oitavas-de-final.
É claro que o trabalho de Dunga até aqui tem sido muito bom, apesar das críticas. Mas a Copa do Mundo é uma competição diferente. Se os jogadores não estiverem concentrados exclusivamente no trabalho em campo, o sonho do Hexa vai continuar sendo um sonho.

Thiago Barbieri é jornalista; autor do livro sobre o Corinthians "23 anos em 7 segundos", editor do jornal Primeira Hora da Rádio Bandeirandes e colunista do Nota de Rodapé.

2 comentários:

Dedé Gomes disse...

Grande abraço Barba.
Análise perfeita sobre o Brasileirão 2009 e mais ainda sobre a nossa seleção.
Dedé Gomes (O Verdadeiro).
dedegomesoverdadeiro.blogspot.com

command.com disse...

quando você fala em "analistas" você fala da imprensa paulista né, que é bairrista ao extremo e ignora outros times do país

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