.

.
30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Elis Regina, arrebatadora

"Como Nossos Pais", poesia composta por Belchior em 1976, interpretada por Elis, a "pimentinha", maior interprete de voz feminina da música brasileira é arrebatadora. A sua interpretação gestual, a expressão encarnada de uma diaba que gritava com afinação a liberdade de um país sabotado no período militar. Ouvir essa música é qualquer coisa. Energia pura. Assista em tela cheia!




Não quero lhe falar, meu grande amor
Das coisas que aprendi nos discos
Quero lhe contar como eu vivi e tudo o que aconteceu comigo

Viver é melhor que sonhar
E eu sei que o amor é uma coisa boa
Mas também sei que qualquer canto é menor do que a vida de qualquer pessoa

Por isso cuidado, meu bem, há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal está fechado pra nós que somos jovens
Para abraçar seu irmão e beijar sua menina na rua
É que se fez o seu braço, o seu lábio e a sua voz

Você me pergunta pela minha paixão
Digo que estou encantado como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade, não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento o cheiro da nova nova estação
Eu sei de tudo na ferida viva do meu coração

Já faz tempo eu vi você na rua cabelo ao vento gente jovem reunida
Na parede da memória essa lembrança é o quadro que dói mais
Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo que fizemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Como nossos pais

Nossos ídolos ainda são os mesmos e as aparências não se enganam, não
Você diz que depois deles não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer que tou por fora ou então que tou inventando
Mas é você que ama o passado é que não vê
É você que ama o passado é que não vê
Que o novo sempre vem

Hoje eu sei que quem deu me deu a idéia de uma nova consciência e juventude
Está em casa guardado por Deus contando vil metal
Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo tudo o que fizemos
Nós ainda somos os mesmos e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Como os nossos pais

Um comentário:

Anônimo disse...

Quando escuto Elis cantar, minhas forças se renovam, voltando acreditar num mundo mais equitativo, não me acomodando às situações vividas, suprindo um certo conservadorismo que há em mim. Ela é digna de ser ouvida para todo sempre.

Por favor, peça ao Tietê Campos marchinhas carnavalescas. Ele está sumido!

Um abraço!

Postar um comentário

Ofensas e a falta de identificação do leitor serão excluídos.

Web Analytics