Essa amostragem, por mais que não prove nada, reflete um pouco a minha sensação com relação ao mundo e as pessoas que me rodeiam. E isso me entristece. O senhor sabe, vim para essa quick therapy porque estava para me suicidar. Esta é minha terceira sessão e alguns meses depois me sinto mais forte para enfrentar algumas coisas. Estou caminhando três vezes por semana. São trinta ou quarenta minutos em que fico de papo para o ar poluído de São Paulo com um amigo falando sobre a vida, o trabalho, o amor, literatura, futebol, poesia e sobre a falta que faz ao povo refletir sobre o mundo em que vive.
A política, por mais chata ou outro termo que você dê, é fundamental. O país vive às voltas com um problema crônico de picaretas no Congresso. Um conhecido disse no facebook... Sabe aquela rede social famosa? Você usa? Depois te acrescento, então. Ele disse: “Que fim levou a ética na política e por onde andam as promessas de uma política programática e de princípios? Tudo pode, tudo vale, escancaradamente, para ganhar eleições e satisfazer ambições pessoais. Precisa ser mesmo assim? O que será da democracia - tão falada - a médio e longo prazos com a generalização dessas alianças espúrias e a reafirmação desses vícios políticos? Lamentável!”.
Diante de uma indagação assim, te pergunto: tanto faz? E questões importantes que poderiam ser discutidas num debate online, em que qualquer um poderia perguntar sobre temas delicados que, normalmente, ficam de fora dos debates televisivos.
O aborto, uma questão de saúde pública, tanto faz? A redução da jornada de trabalho, tanto faz? O trabalho escravo, tanto faz? O aumento do salário mínimo, tanto faz? Usar dinheiro público nos estádios da copa de 2014, tanto faz? Um trabalhador que leva mais de três horas para chegar no emprego, gastando mais três para voltar, levantando de madrugada, para ganhar míseros reais para criar dois filhos, tanto faz? Eu sei, dr., estou num tema muito pesado hoje. Saindo daqui tenho uma entrevista de emprego num jornal de bairro. Gostei da ideia de escrever sobre os acontecimentos de um pequeno lugar da cidade. A grana é pouca, vou levar uma hora e meia para chegar na redação, mas vou distrair a cabeça. Aliás, você viu que beleza o beijo do goleiro Casillas da Espanha na namorada repórter após a conquista do mundial? Pra mim, é a cena do ano! Até a próxima, dr! Me deseje sorte na entrevista!
Fredo Sidarta, poeta, escreve sobre suas sessões de quick therapy (consultas de 15 minutos com o psicólogo) no espaço Cronetas do NR.
3 comentários:
Grande Fredo, de tanto faz em tanto faz o Brasil vai se tornando o país do quase. Há 20 anos comemoramos a volta da Democracia porque então seriamos um país de verdade. Depois comemoramos o fim da inflação e a moeda estável. Agora, a Olimpíada e a Copa no país. "Agora vai" é o pensamento geral. Mas, pelo andar da carruagem, vamos bater na trave de novo. O bonde vai passar e estaremos distraídos, batucando um sambinha e tomando uma no bar da frente. Pior de tudo, poucos estão bebendo, a maioria está com o copo vazio, esperando que alguém se compadeça e lhes dê um gole. A cerveja anda cara...
Abraço,
Henrique
Fredo...
Acho que estamos invertidos e quem precisa das sessões quick therapy é quem responde que tanto faz... há um suicídio constante nessa opinião!
É, deve ser alguma esquizofrenia aguda, cronica e quem sabe quase uma epidemia?
Taí, Maíra, gostei da sua intervenção. Será uma epidemia de mediocridade ou uma estafa mental com a atitude de "não quero sair da minha zona de conforto?".
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