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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Pelo avanço das transformações, voto em Dilma

Acredito na Revolução. Aos 12 anos, em 1985, li – sem tudo entender – livro da coleção Primeiros Passos, da editora Brasiliense, intitulado “O que é Revolução?”. Escrito por ninguém mais do que o magnífico sociólogo Florestan Fernandes, o libreto é um resumo das etapas para chegar ao sistema comunista. Tornou-se a obra que me introduziu no interesse pela política e, consequentemente, pelo jornalismo. Por essa e outras inspirações, em síntese, voto em Dilma Rousseff para presidente da República.
Entendo como revolucionário um governo que, como o de Lula, entre conquistas simbólicas e concretas, baseou-se no desenvolvimento calcado na economia real, em que a produção e o trabalho passaram a travar diálogo com setores reacionários da sociedade brasileira, quando se construiu uma cidadania internacional, fortaleceu-se o setor público, diluindo o poder da especulação da banca financeira e dos fundos de investimentos, o que evitou, por exemplo, a bancarrota numa crise mundial de proporções astronômicas.
Então, voto em Dilma Rousseff, principalmente porque o Brasil mudou. Não vou estender nenhum rol de números, não sou especialista em estatísticas. Contudo, minha assertiva parte da premissa de que o país mudou porque elevou a autoestima do seu povo, retirando grande parte das pessoas da situação de miséria absoluta, gerando emprego e renda, promovendo mobilidade social e ciclos virtuosos em locais antes abandonados.
Voto em Dilma, pois é um quadro político que tem histórico de convicção ideológica firme, o que a levou ser presa e torturada pelo regime militar. Apesar disso, nas posturas que assume, busca ser racional e mostra domínio sobre a gestão pública, como no caso do Programa de Aceleração do Crescimento, essencial para o aprofundamento das mudanças. (além disso, qual o problema de ter Lula ao seu lado? Nenhum. Ao contrário, pois “o cara” é um fenômeno quando o assunto é a condução do processo político).
Repito: acredito na Revolução. Isso, num país em que as pessoas, hoje, comem mais e se sentem participantes do conjunto social. O velho Marx já dizia que, para criar-se ambiente revolucionário, são necessárias condições objetivas e subjetivas. Como revolucionar sem comer, sem se sentir cidadão? Revolução é uma grande transformação. Atendo-nos a condição humana, que tanto rechaça movimentos abruptos, as transformações devem ser graduais, fornecendo as ferramentas para que as mudanças ocorram a partir do subjetivo e do objetivo.
O governo do PT é, desde a posse no primeiro mandato, em 2002, revolucionário, com a chegada de um operário ao poder. E o será ainda mais com a eleição da primeira mulher à Presidência da República, com o adendo de que foi guerrilheira em um período ditatorial encerrado há poucos 25 anos e que, até a atualidade, mantém resquícios contaminando nosso cotidiano.
Ah, sim. Não é a baixaria nem a manipulação de pesquisas ou edição de entrevistas e debates que me faz optar por Dilma, mas isso fortalece minha convicção. Fora as tendenciosas e pseudo-neutras coberturas da velha mídia, os emeios que têm circulado na rede são torpes, de dar nojo, indo desde boataria de que a candidata teria cometido assassinato até questionamentos sobre a sexualidade dela.
Sobre tais boatos repassados sobre Dilma Rousseff, sugiro este link: http://www.luizalberto1303.com.br/site/todos-os-emails-falsos-sobre-dilma-rousseff-desmentidos-num-unico-post/

Moriti Neto é jornalista e colunista do Nota de Rodapé.

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