A seleção brasileira, mais uma vez, vai chegar a uma Copa do Mundo como favorita ao título. A amarelinha por si só já impõe respeito aos adversários e a campanha da equipe sob o comando de Dunga anima os torcedores. Depois de ser muito questionado, o capitão do tetra mostrou competência ao promover a reformulação no grupo pós-trauma da Copa da Alemanha-2006.
O time conquistou a Copa América, a Copa das Confederações, já em território sul-africano, e fez uma campanha sólida nas Eliminatórias Sul-Americanas. Apesar dos méritos da equipe de Dunga, há que se ressaltar algumas falhas a serem corrigidas.
O treinador montou uma base boa para a disputa do mundial de 2010, com uma defesa sólida e um esquema que aposta na velocidade, nos avanços dos bons laterais Maicon e Daniel Alves.
Do meio para trás, estamos tranquilos, com uma dúvida ainda para a lateral-esquerda, posição carente de um titular absoluto desde a saída de Roberto Carlos (se ele não tivesse se abaixado para arrumar a meia contra a França, talvez ainda estivesse no grupo...).
O problema para Dunga fechar o grupo está na parte ofensiva do time. O talento de Kaká e o oportunismo do artilheiro Luís Fabiano são as principais armas da seleção, mas acho pouco para conquistar o tão sonhado hexa. Nilmar tem aproveitado as oportunidades e parece ser o parceiro ideal do Fabuloso na frente.
Robinho, que não joga há muito tempo, ou porque está machucado, ou porque está preocupado com a próxima negociação da sua carreira, conta com a confiança do Dunga, mas eu deixaria o ex-menino da Vila assintindo a Copa pela TV.
Ainda sobre o Robinho, vale um comentário: é um jogador que tem muita habilidade, não é gênio e joga muito menos do que pensa. Ultimamente tem se especializado em criar situações adversas para romper contratos e conseguir ser negociado: a próxima vítima é o Manchester City, que deve perder o “pedalador” para o Barcelona. Alexandre Pato, que tem crescido muito no Milan, merece outra chance com a amarelinha. Kaká vai para a terceira Copa e chega com status de estrela principal do time, com méritos, mas é preciso alternativas para não diminuir a já existente dependência do time às arrancadas dele.
O ex-santista Diego, que está comendo a bola na Juventus, é uma boa opção para substituir Kaká, o único armador do time.
Diego Souza foi testado, mas não convenceu, além de não repetir, há tempos, no Palmeiras as boas atuações que o levaram a ser convocado. Ainda no ataque, Dunga deveria pensar com carinho em um nome que já vem sendo citado há algum tempo: Ronaldo. O jogador, mesmo fora de forma durante boa parte da temporada 2009 foi o principal nome do Corinthians e ajudou o time paulista a conquistar o campeonato estadual e a Copa do Brasil, além de ser o principal artilheiro da equipe no ano.
Ele provou, mais uma vez, que, motivado e focado em jogar bola, ele desequilibra. E Ronaldo já declarou que vai fazer o maior esforço da carreira para poder disputar mais um mundial (se não sofrer nenhuma lesão no primeiro semestre, o cara vai comer a bola... além do mais, seria mais um nome forte para dividir a responsabilidade com Kaká.)
Depois de inúmeras contusões nos joelhos, o atacante readaptou seu estilo de jogo ao novo porte físico. A explosão e as arrancadas ainda são armas perigosas do Fenômeno, mas hoje ele sabe que não consegue correr o campo inteiro durante 90 minutos, usa os atalhos do campo para ser mais cerebral e eficiente. A capacidade técnica de Ronaldo é incomparável com qualquer atacante – ele realmente domina todos os fundamentos como poucos, dribla, passa e chuta com as duas pernas. Claro que a camisa 9 será de Luís Fabiano na Copa, mas seria ótimo contar com a experiência de Ronaldo na competição, mesmo que ele fique no banco.
Os recentes testes feitos por Dunga mostram que ainda há espaço para o dentuço, ou alguém acredita que Hulk, chamado recentemente pelo técnico da seleção, é um reserva ideal para uma Copa do Mundo? A seleção precisa de um Fenômeno para brilhar na África.
Outro que merece estar no grupo é o goleiro Marcos, do Palmeiras. O pentacampeão pode ajudar muito o grupo com sua experiência. Seria um bom nome para terceiro goleiro, já que Júlio César vive fase extraordinária e Doni tem a confiança de Dunga (só dele...).
Bom, dia 04 de dezembro a Copa começa de verdade, com o sorteio dos grupos. Encerraremos o ano já sabendo os primeiros adversários na África. Boa sorte, Brasil!
Thiago Barbieri é jornalista; autor do livro sobre o Corinthians "23 anos em 7 segundos", editor do jornal Primeira Hora da Rádio Bandeirandes e colunista do Blog Rodapé.
Um comentário:
Parabéns "Barba" pela abordagem simples e direta sobre nossa seleção e o trabalho do,agora aplaudido, Dunga.Melhor ainda a análise sobre alguns dos "intocáveis" do grupo, tipo Robinho e Doni.
Abração,
Dedé Gomes.
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