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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A "neurogênesis" dos taxistas londrinos

O estudo do cérebro dos taxistas virou especialidade da
ciência neurológica.
Taxistas da cidade de Londres formam a mais curiosa categoria profissional, sem igual em nenhuma cidade do mundo. Conseguir uma licença para dirigir um táxi na capital britânica é tão difícil quanto passar num vestibular para universidade.

Os testes e treinamentos levam até três a quatro anos antes dos exames finais. Quase a metade dos candidatos é rejeitada. Os aprovados devem saber de cor a localização de aproximadamente 25 mil ruas e 20 mil pontos importantes de referência, como monumentos, parques, museus e hotéis.

Evidentemente nenhum barbeiro ou displicente com as leis do trânsito são sumariamente eliminados. Ficha limpa também é essencial.

Mas o mais curioso é que o estudo do cérebro dos taxistas londrinos tornou-se uma importante especialidade de ciência neurológica, que não pode ser feita rigorosamente em nenhum outro lugar do mundo.

Um longo estudo publicado na edição de 8 de dezembro da revista Current Biology mostra que o longo aprendizado e perícia dos taxistas londrinos muda a estrutura de seus cérebros, em comparação com a população em geral e dos candidatos que tomaram bomba nos exames para licença.

“Os resultados são animadores para as práticas de aprendizado contínuo e também da reabilitação após acidentes cerebrais”, diz Eleanor Maguire da University College London.

O estudo envolveu tomografia cerebral comparativa de muitos voluntários taxistas, reprovados e pessoas comuns.

Maguire descobriu que os taxistas apresentaram mais massa cinzenta na parte posterior da região cerebral do hipocampo, onde, acredita-se, reside o principal centro de memória definitiva da mente. O hipocampo é essencial para a navegação espacial e memória tanto em humanos como em outros animais.

A pesquisa mostrou que no início do treinamento para obter a licença os cérebros eram iguais em todas as categorias. Mas três anos depois os candidatos aprovados mostravam substanciais mudanças no hipocampo.

Contrariando um dogma tradicional da neurociência, de que adultos não desenvolvem novos neurônios, o estudo mostrou que a região do hipocampo pode, além de recrutar mais neurônios, criar novos, um fenômeno chamado “neurogênesis”.

Outra importância do estudo é que as medicações antidepressivas, baseados num mecanismo de recaptura de serotonina, também fazem nascer novos neurônios, mas de maneira relativamente rápida ( poucos meses), mas à custa de desagradáveis efeitos colaterais.

O estudo reforça a evidência para o tratamento de depressão por técnicas terapêuticas complementares às medicações da psiquiatria.

Flávio de Carvalho Serpa, jornalista, especial para o NR

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