No ano da Copa no Brasil, a final da Copa do Brasil promete parar novamente o país, colocando frente a frente Cruzeiro e Atlético-MG. Os motivos não são poucos. O primeiro é o fato de se tratar de um clássico. É apenas a segunda vez que dois times de uma mesma cidade se enfrentam na decisão da competição – a primeira foi em 2006, quando o Flamengo se sagrou campeão sobre o Vasco ganhando as duas partidas (2-0 e 0-1).
A forma pela qual o encontro foi desenhado também é especial: até 35 minutos do segundo tempo das semifinais, Flamengo e Santos decidiriam a competição. Foi quanto Willian anotou o tento cruzeirense; quatro minutos depois Luan fez o derradeiro e milagroso gol atleticano, concretizando a final mineira. Olhos de todos os cantos apontaram para Minas Gerais, a terra do futebol na atualidade – o que não é mero acaso.
Em 2013 a Libertadores e o Brasileiro ficaram por lá. Este ano ambas equipes mantiveram a base, coisa ainda não tão natural em nosso país, e boa parte dos que entrarão em campo nesta final já levantaram algum troféu com seu clube. A manutenção dos treinadores também merece destaque: Marcelo Oliveira fez belo trabalho à frente do Coritiba, foi demitido do Vasco em apenas dez partidas e hoje caminha para seu terceiro ano de Cruzeiro. No Atlético, após a permanência de Cuca entre 2011 e 2013, Levir Culpi teve o apoio necessário após a turbulenta eliminação da Libertadores (que causou a queda de Paulo Autuori).
A pré-temporada igualmente merece atenção: como o campeonato mineiro é enxuto (quem chega à final entra em campo 15 vezes), o tempo de preparação das equipes é maior. Paulistas e cariocas, por exemplo, fazem 19 jogos – o que, além de prejudicar o calendário, proporciona uma série enfadonha de partidas, como a modorrenta primeira fase do estadual de São Paulo.
Cruzeiro e Atlético são acostumados a decidir o estadual, já o fizeram em 19 campeonatos. Vantagem para a Raposa, que faturou 12 destes canecos. Em 2014, entretanto, o placar não saiu do 0-0, fazendo com que o Cruzeiro fosse campeão por ter a melhor campanha. Ano passado o Galo levou a melhor, ganhando no Independência por 3-0 e perdendo no Mineirão por 2-1. Em competições nacionais, todavia, é a primeira vez que o duelo acontece em uma final. Aliás, é somente a terceira vez que a dupla mineira se encontra em fases decisivas de torneios nacionais. O último encontro foi em 1999, pelas quartas de final do Brasileirão; duas vitórias do Galo (4-2 e 2-3) no Mineirão sobre o Cruzeiro então treinado por Levir Culpi, atual comandante alvinegro. Antes, pelo Brasileiro de 1986, dois empates (0-0 e 1-1), também pelas quartas, levaram o Atlético à semifinal.
Nos cinco clássicos promovidos em 2014, foram três empates sem gols no estadual e duas vitórias atleticanas no Brasileiro, 2-1 no Independência e 2-3 no Mineirão. O fator casa foi explorado pelos presidentes, e os dois duelos terão torcida visitante. É legítimo realizarem-se uma partida em cada campo, mas o que eu gostaria de ver é um Mineirão lotado, com 30 mil para cada lado, tal qual o clássico que lá assisti há alguns anos. É triste, muito triste, ser isso for coisa do passado, sobretudo pela nossa incapacidade de lidar e combater a violência no futebol. Resta torcer para que haja o mínimo de confusões possível, e que Belo horizonte nos brinde com mais um espetáculo futebolístico à altura que equipes e torcedores merecem. Com um cafezinho com pão de queijo para acompanhar.
* * * * * * *
*Pedro Mox, jornalista e fotógrafo, especial para o NR
Um comentário:
Show de bola. Esta final está longe de ser acaso, assim como a campanha pífia da nossa seleção no mundial. Futebol se ganha com planejamento de longo prazo, seriedade, treino e vontade. Os times de minas estão aí pra provar isso.
Postar um comentário
Ofensas e a falta de identificação do leitor serão excluídos.