por Júnia Puglia ilustração Fernando Vianna
Eita 2014 da moléstia! Não passaram três dias sem alguma notícia trágica. Quantas bruxas precisam estar à solta pra fazer tamanho estrago? Já aprontaram de um tudo, desembestadas, mirando a torto e a mais torto. No meio do ano, quando a cota de maldades me parecia cumprida, considerei que 2014 estava bom de acabar, mas não, ele insistiu, e ainda teve muito mais. Sobrou até pro Chespirito, o querido Chaves do pessoal da geração seguinte.
Estar vivo ainda é a única condição indispensável para se morrer, mas que urgência foi essa que apareceu na produção? E no atacado, valhamedeus! Vamos parando aí, bruxaiada! Voltem a se ocupar com poções, maus olhados, chuvas, raios e trovões, voos de vassoura turbinada, servicinhos leves. Ou, melhor ainda, tirem umas férias em Júpiter ou Plutão, enquanto a gente aqui descansa um bocado dessa trabalheira de vocês.
Bruxas que se prezam estão sempre acompanhadas de urubus, que adoram uma teoria conspiratória destrambelhada, um comentário ferino sobre o que não entendem, uma matéria venenosa no blog político. Perdem amigos e a compostura, mas não perdem o comentário e o veneno. Em ano de eleição, então, se esbaldam. Teve de sobra, não é?
Na era dos retratos instantâneos, rebatizados de selfies, e das redes sociais, a gente está o tempo todo na berlinda, ainda que longe de ocupar ou mesmo aspirar a ocupar algum degrau na escala das celebridades. Até para tomar um café no boteco tem que ter cuidado. Vai que alguma câmera pouco amiga te pilha meio caidinha, antes das oito da manhã, ou com pelos de dois milímetros à mostra nas axilas, e pronto. Sua reputação de coroa que encara mais alguns caldos vai para o vinagre.
Mas não tem nada não, moçada! O ano finalmente está se despedindo, exausto, quase se arrastando, depois de segurar até campanha política com tragédia no pacote, além de um rebuliço danado no cenário institucional investigativo corruptivo. O clima de fim de ano já se instalou. Festas e comilanças na agenda, com os personagens, cardápios e piadas de sempre. A confraternização corporativa é inescapável, à base de cerveja morna, vinho no copo de plástico, champanhe duvidoso, perus, chesters e companhias aladas e assadas. É hora de celebrar. Porque está demorando um bocado, mas 2014 vai embora, ah se vai!
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Júnia Puglia, cronista, mantém a coluna semanal De um tudo. Ilustração de Fernando Vianna, artista gráfico e engenheiro, especial para o texto. Emails para esta coluna devem ser enviados a: deumtudocronicas@gmail.com
Um comentário:
2014 se vai, com suas dores, derrotas, vitórias, realizações, frustrações,bondade, maldade, levando tudo que está ao alcance dos interesses e desejos humanos. " Adeus, ano velho: feliz ano novo "que tudo
(de bom) se realize no ano que vai nascer" Mas, especialmente, que a GRAÇA continue sobre nós.
Bjs da Mummy Dircim
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