Eu tinha trinta anos. Era um sujeito idealista e romântico, cheio de boas intenções, convencido de que toda a humanidade se dividia em dois bandos: os bons e os maus. Eu era da turma dos bons, heróicos, fiéis e abnegados. Enfim, me sentia muito bem trabalhando como jornalista. Tínhamos todos várias coisas em comum: éramos machinhos satisfeitos, com o pênis sempre ereto, bons bebedores, mulherengos, defensores da verdade, da justiça e de tudo isso, respeitadores da ordem estabelecida. Tão tempestuosos que nem sequer sabíamos que existia uma ordem estabelecida. Nós a tínhamos dentro do sangue, como um vírus, e não sabíamos disso. Formávamos um bom time.
Pedro Juan Gutiérrez, pg. 130, Insaciável Homem Aranha, Cia. das Letras
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