Soneto de carnaval
Distante o meu amor, se me afiguraO amor como um patético tormento
Pensar nele é morrer de desventura
Não pensar é matar meu pensamento.
Seu mais doce desejo se amargura
Todo o instante perdido é um sofrimento
Cada beijo lembrado uma tortura
Um ciúme do próprio ciumento.
E vivemos partindo, ela de mim
E eu dela, enquanto breves vão-se os anos
Para a grande partida que há no fim
De toda a vida e todo o amor humanos:
Mas tranqüila ela sabe, e eu sei tranqüilo
Que se um fica o outro parte a redimi-lo.
3 comentários:
o soneto de carnaval me tocou, por isso deixo aqui o soneto de quarta-feira de cinzas de Vinícius de Moraes.
Por seres quem me foste, grave e pura
Em tão doce surpresa conquistada
Por seres uma branca criatura
De uma brancura de manhã raiada
Por seres de uma rara formosura
Malgrado a vida dura e atormentada
Por seres mais que a simples aventura
E menos que a constante namorada
Porque te vi nascer de mim sozinha
Como a noturna flor desabrochada
A uma fala de amor, talvez perjura
Por não te possuir, tendo-te minha
Por só quereres tudo, e eu dar-te nada
Hei de lembrar-te sempre com ternura.
Oi S.
gostei muito do soneto. Legal você compartilhar aqui, obrigado. Você chegou a ver o site do poetinha? Tem muita coisa boa, impressionante. Obrigado, abraço, Thiago
obrigada por você lembrá-lo...
vi o site, e como Vinícius mesmo disse: "é um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias." que ternura... ele têm vida!!!
beijos
Postar um comentário
Ofensas e a falta de identificação do leitor serão excluídos.