O pão é cultura
Nem polegar opositor, nem a capacidade de produzir sitcoms ou a mania de destruir o meio ambiente. O que separa os seres humanos de todos os outros animais da Terra é o pão. O pão é o símbolo máximo e, ao mesmo tempo, mais primordial da capacidade de transformar a natureza. Ou seja, de produzir cultura – ainda que, provavelmente, alguém vá me xingar por essa definição tosquíssima de cultura. Em se tratando de pão estamos falando da necessidade básica de nos alimentarmos.
Comida é muito mais do que coisas que ingerimos para sobreviver – só para ressaltar o óbvio. Todos os nossos hábitos alimentares, os nossos protocolos comportamentais, os nossos rituais à mesa, ao balcão ou à sarjeta têm raízes profundas na forma como o ser humano desenvolveu o hábito de comer, e explicam muito mais da nossa sociedade do que nos permite ver a nossa percepção naturalizada e amortecida.
Mas minha pretensão nem passa perto de falar sobre esses aspectos, já que não sou especialista no assunto – apesar de um estudioso amador e curioso. Quero falar sobre o que acontece na cozinha, também conhecido (por mim, pelo menos) como o lugar mais gostoso da casa.
Pois o meu sonho é morar num lugar que a vida gire em torno da cozinha, onde as pessoas possam sentar à vontade, descansar, fazer um “chill out” como dizem os descolados, tudo ali naquele ambiente sagrado. E não em volta da televisão, como a maioria das casas – apesar que, de vez em quando, adoraria ter uma TV na cozinha, pra cozinhar, beber cerveja e ver o futebol, tudo ao mesmo tempo.
A ideia dessa coluna que se inicia aqui e, espero, tenha longa vida, é tratar da comida como algo gostoso e um componente fundamental das nossas vidas, não só pelos aspectos biológicos, fisiológicos e nutritivos, mas pelo que ela representa na nossa vida. Sem afetação nem deslumbramento.
Iron Chef
Programas de TV sobre culinária são ótimos, não perco. Mas por que os estadunidenses têm essa irritante mania de transformar TUDO em uma acirrada competição até a morte? Quer dizer, até culinária, dança, tudo?
Fugindo um pouco disso, um imperdível programa é o japonês Iron Chef. Começando pelo visual breguíssimo, típico da TV japonesa – em comum com a italiana, estranho -, o espírito épico da abertura, com o “host”, um milionário de capa (!) e cabelo de príncipe Valente, dono do programa, experimentando um pimentão (!) e fazendo cara de epifania, enquanto a câmera dá um close, focando melhor esse momento mágico. Um dos três chefs da casa é escolhido, semanalmente, e desafiado para uma competição, montando uma refeição completa, de quatro ou cinco pratos, para um corpo de jurados formado por famosos (imagino) japoneses. O programa passa na Sony e não deve deixar de ser visto nem por quem não liga para culinária. Mas quem liga, não pode perder. Semana que vem tem mais.
Rodrigo Mendes é jornalista, estreando sua coluna no Blog Rodapé e chef de cozinha sem diploma; alçado ao posto pelos amigos que curtem suas misturebas gastronômicas
3 comentários:
arrasou mendes! nunca pensei tanto em pão quanto agora haha
iron chef é legal mesmo, mas prefiro o top chef e o hell's kitchen (mesmo que sejam competições).
Sabe que falando em "melhor lugar da casa" me lembrei que os melhores momentos em família passei - e passo ainda - na cozinha da casa da minha madrinha. Cortando cebolas, ajudando com alguma coisa assim e ouvindo as histórias mais clássicas dos velhos. Adorei o vídeo, breguíssimo, rs. E já virei fã da coluna.
CAFE COM LEITE PAÕ E MANTEIGA
SE DEUS TEM RECEITA MELHOR ESSA SO ELE SABE
PADARIA E UM UNIVERSO DELICIOSO
FICA UMA SUGESTÃO PARA SUA COLUNA
* * * PADARIAS * * *
PARABENS PELA COLUNA
ESTAREI DE OLHO
ABS BOA SORTE
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