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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Madrugador # 2


Reflexões do cotidiano


Hoje resolvi sair das notícias, análises ou críticas. Vamos falar de assuntos mais light. Sem pretensão alguma, apenas sugiro que vocês reflitam sobre seus costumes. A vida de um madrugador é sacrificante, mas me proporciona refletir sobre algumas coisas que, em geral, acabam sendo deixadas de lado na correria do nosso cotidiano.
Eu vivo em São Paulo, no fuso horário de Tóquio, sem trabalhar para uma multinacional japonesa. O desgaste físico e emocional é grande: depois de passar a noite inteira acordado, com uma série de responsabilidades e cobranças, chegar em casa com o sol quente e tentar dormir não é fácil. Quando não é o calor que atrapalha, é o vizinho que resolveu furar a parede, ou as crianças que brincam no pátio do condomínio... Na verdade, ninguém tem culpa, afinal, o dia foi feito para ser aproveitado. Médicos, policiais, bombeiros, entre outros profissionais que sacrificam o sono em benefícios da sociedade, sabem que a jornada é dura. Mas não pensem que estou reclamando.
Um dia desses, voltando do trabalho resolvi tomar uma água de coco para refrescar a mente. Quantas pessoas podem se dar ao luxo de se sentar em um gramado no parque, às dez e pouco da manhã de uma quarta-feira, sem se preocupar em não perder a hora do trabalho?
Comecei então a reparar à minha volta: pessoas estressadas, com cara de preocupação e irritadas eram comuns. Poucos estavam tão relaxados quanto eu. Cheguei em casa, mais descansado, e fui recepcionado por Malzibeer, não a cerveja, mas meu cachorro, que ficou feliz só de ouvir meus passos no corredor.
Neste momento dei valor à antiga frase: “as pequenas coisas da vida nos proporcionam as maiores alegrias”. Estamos rodeados de notícias ruins, mas podemos, sim, conviver melhor com elas, sem enlouquecer ou ganhar uma úlcera. Experimente dar um simples “bom dia” aos companheiros de trabalho, principalmente àqueles que você não tem muito contato. Não deixe de falar o quanto você ama sua família e amigos. “Perca” alguns minutos respirando, sem correria, sem preocupação. Claro que não vamos mudar o mundo com esses gestos, mas, com certeza, teremos mais momentos prazerosos na vida.

Thiago Barbieri é jornalista; autor do livro sobre o Corinthians "23 anos em 7 segundos", editor do jornal Primeira Hora da Rádio Bandeirandes e colunista do Blog Rodapé.

2 comentários:

Bia Rodrigues disse...

fui uma madrugadora por 3 anos. mudar a rotina não é fácil e eu nunca me acostumei com isso. mas eu realmente dava valor ao ver todas aquelas pessoas apressadas pra chegar ao trabalho e eu sem pressa para chegar em casa e dormir. hoje voltei para a 'vida normal', com o trânsito, a barra funda cheia logo cedo, os ônibus lotados, e estou feliz por isso. viver no fuso do japão é complicado demais para minha mente que só quer estar aqui no Brasil. hahaha. beijos

Anônimo disse...

Grande amigo Barba! Cara, só quem vive essa loucura sabe o que é isso. Belo texto e bela reflexão! Eu o admiro mais a cada dia (sem viadagem!). A vida está aí, apesar de todas as pedras no caminho... E viva Malzibeer!!! rs. Ass. TIGER!

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