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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Que culpa tem o Urso Polar se Itaipú parou?

A dependência que se tem do consumo de energia elétrica ficou lugar comum com o apagão de ontem. Muita gente acordou hoje achando que foi uma quedinha no bairro. O rádio de pilha era o meio de comunicação aqui de casa. A informação sem energia fica manca. Aliás, aqui na Lapa, Zona Oeste de SP, numa baita escuridão, observadando da porta dos fundos de casa a saída da passagem subterrânea que vem por debaixo das linhas do trem da CPTM distante uns 50 metros presenciei vultos e à distância dois gritos de "pega ladrão" em disparada ao pular da boca do túnel. Seria verdade ou brincadeira de mau gosto? Ligar ou não para a polícia? Fixo apagado, só se fosse do celular. Mas a Polícia viria? Recuei.
Meu irmão, ao voltar do trabalho de moto, contou que os motoqueiros se reuniam em comboio por maior segurança. Ele mesmo voltou num desses. Na Paulista, contou, a ausência dos faróis "pirou a batatinha" dos motoristas. O trânsito ferveu. Quantos assaltos rolaram nesse intervalo de blecaute em 15 regiões - inclusive no vizinho Paraguai? Imaginei quem estava preso dentro dos trens que pego todo santo dia. E quem mora onde não tem energia elétrica o que deve pensar disso?
Os analistas já devem calcular os prejuízos econômicos deste novo apagão. Quantos milhões ou bilhões virtuais se dissiparam por aí? Realmente importa?
A Usina de Itaipú diz que o problema não começou lá. O Lobão, titular do Ministério de Minas e Energia, diz que "tempestades no Sul" podem causar problemas nos transmissores. Seria um aviso da natureza para iluminar as mentes sobre a necessidade de reduzir o Aquecimento Global de uma vez? A 5ª Conferência do Clima da ONU, que será realizada em dezembro, em Copenhague, vem aí e já tem Urso Polar ilhado em Iceberg boiando no mundão. Que culpa eles têm se Itaipu parou? E o nosso consumo alucinado é símbolo ou necessidade? Tá mais pra primeira opção. Quando a energia voltou, lá pela 3h da madrugada, eu queria manter a vela acessa. Simbolismo meu, mas que bobagem. O progresso é fruto da luta do homem contra a natureza. Estamos ganhando a luta.

Thiago Domenici é jornalista

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