Desprezando o churrasco de Higienópolis, o presidente norte americano, temendo ser questionado pelos diferenciados do bairro paulistano, resolveu que era mais seguro fazer um churrasquinho com seu colega britânico David Cameron em Londres. Ali, cheio de empáfia e farofa na boca declarou em alto e bom som: "Países como a Índia e o Brasil, na verdade, só estão crescendo graças à liderança de americanos e britânicos”.
Obama e Cameron servem salsichas e hambúrgueres a um grupo de veteranos dos dois países. |
Que eu saiba, foi sempre ao contrário, Mr. Barack Obama. O atraso e a miséria de países emergentes como o Brasil sempre teve como causa a exploração e a dilapidação de suas riquezas por parte daqueles que o colonizaram antes e depois da Independência, sendo que muito do ouro aqui roubado passava por Lisboa rumo a Londres.
É bom lembrar que sempre nos momentos em que o Brasil tentou uma política independente e nacionalista, o seu país esteve implicado em impedir a concretização de tal desejo por meio dos quinta-colunas aqui existentes, normalmente orientados por seus embaixadores, incluindo-se nesta política o golpe civil/militar de 1964 com prisões, torturas, mortes, desaparecimentos e exílios.
A quem o senhor
quer enganar?
No mesmo ágape com seu colega britânico ainda teve a petulância de dizer que “a aliança entre Estados Unidos e britânicos seguirá sendo indispensável para um mundo mais justo, próspero e pacífico”. Pelo visto, a farta distribuição de uísque foi diligentemente escondida na fotografia. Afinal, que mundo é esse em que os países africanos, árabes e latino-americanos quiseram também ser mais justos, prósperos e pacíficos e, no entanto, sempre foram impedidos pelas botas de seus marines e dos soldados britânicos ou então por seus coleguinhas da OTAN ou das forças armadas locais compradas a 30 moedas?
Alto lá e pare o baile, senhor Obama. Mais respeito à nossa inteligência. Se o senhor tivesse um pouco mais de hombridade, deixava de falar sobre coisas para as quais se vê que não está preparado e, num ato de dignidade e autocrítica devolvia a Estocolmo o seu Prêmio Nobel da Paz.
Izaías Almada é dramaturgo, escritor e colunista do NR. Autor da peça “Uma Questão de Imagem” (Prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos) e do livro “Teatro de Arena: Uma Estética de Resistência”, Editora Boitempo.
Um comentário:
Yes,we can ... será ?
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