Toda criança gosta de brincar e ganhar brinquedos. O próprio estatuto da criança e do adolescente assegura o direito de os pequeninos aproveitarem plenamente essa fase. Mas como pensar em brinquedos quando sua família acabou de perder a casa onde mora?
Algumas pessoas em São José dos Campos, interior de São Paulo, tentam responder a essa pergunta e garantir esse direito “básico”.
Neste último domingo, esses voluntários organizaram o “Pinheirinho Existe”, um dia de show’s cujo objetivo foi arrecadar brinquedos e material escolar para a população desalojada..
A reintegração de posse do terreno de 1 milhão de m² e cerca de 10 mil pessoas ocorreu há exatas três semanas. Em meio a tanta tragédia, o “Pinheirinho Existe” contou com diversos show’s de Rap e Hardcore, grafittagem, gincanas e jogos para as crianças que viviam na ocupação e para os moradores dos bairros vizinhos. As apresentações foram na escola Edgar de Mello, de onde é possível enxergar o pouco que sobrou do local.
Fernando Santos – o “Fhero” – um dos organizadores do evento, explica que a ideia surgiu da conversa entre amigos e pessoas sensibilizadas com a situação das pessoas - atualmente em abrigos improvisados.
“Vimos o que cada um podia fazer e como dava para ajudar. Foi assim que surgiu a mistura de Rap, Hardcore e grafitagem. O que foi feito hoje saiu do esforço e da disponibilidade de quem se propôs a ajudar”, conta Fhero.
“Tio, vai ter mais rock?”
Logo após a banda “Sistema Sangria” terminar o seu último acorde na guitarra, umas das crianças que acompanhava o show correu até um dos organizadores e perguntou animada: “Tio, vai ter mais rock?”
Entre rappers e bandas de hardcore foram mais de dez apresentações que serviram como atrativo para o público que pagou a entrada com brinquedos e material escolar.
Outra organizadora, a estudante de direito, Ana Sanchez, comemora a participação e a quantidade de doações “que foi maior do que a esperada”, mas deixa transparecer um certo descontentamento com a situação dos ex-moradores.
“A gente queria trazer mais crianças que eram do Pinheirinho, mas os alojamentos ficam longe, boa parte das famílias não tem como vir para cá. O legal é que vamos poder alegrar um pouco essas pessoas”, comenta.
Desde a operação os antigos moradores passaram a morar nos abrigos criados pela prefeitura (em escolas e ginásios) ou nas casas de familiares e amigos.
A Prefeitura, em parceria com o governo do Estado, se comprometeu a pagar um auxílio-aluguel no valor de 500 reais o que, segundo relatos de moradores, não é suficiente.
Ativistas de movimentos sociais têm buscado alternativas como a criação de programas habitacionais voltados a população do Pinheirinho, além das campanhas para arrecadar alimentos e roupas.
Ana e Fhero planejam mais atividades para oferecer algum tipo de ajuda para os moradores. “ Os moradores do Pinheirinho continuam precisando de auxílio, eles perderam tudo”, diz a voluntária Ana. “Deu trabalho, mas vamos fazer um esforço para continuar nessa luta”, finaliza Fhero.
Paulo Cezar Pastor Monteiro, jornalista, de São José dos Campos, especial para o NR. Imagens de Gabriel Do Rio
Um comentário:
EM NOME DO SISTEMA SANGRIA DEIXO UM MUITO OBRIGADO PELO CONVITE DE TOCAR PARA TODOS VOCÊS DA COMUNIDADE PINHEIRINHO,É UMA HONRA PODER CONTRIBUIR DE ALGUMA FORMA! ESTAREMOS SEMPRE DISPOSTOS A LUTAR CONTRA AS DESIGUALDADES E A VIOLÊNCIA ABUSIVA E DESNECESSÁRIA!
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