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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Pinheirinho e o direito de brincar




Toda criança gosta de brincar e ganhar brinquedos. O próprio estatuto da criança e do adolescente assegura o direito de os pequeninos aproveitarem plenamente essa fase. Mas como pensar em brinquedos quando sua família acabou de perder a casa onde mora?

Algumas pessoas em São José dos Campos, interior de São Paulo, tentam responder a essa pergunta e garantir esse direito “básico”.

Neste último domingo, esses voluntários organizaram o “Pinheirinho Existe”, um dia de show’s cujo objetivo foi arrecadar brinquedos e material escolar para a população desalojada..

A reintegração de posse do terreno de 1 milhão de m² e cerca de 10 mil pessoas ocorreu há exatas três semanas. Em meio a tanta tragédia, o “Pinheirinho Existe” contou com diversos show’s de Rap e Hardcore, grafittagem, gincanas e jogos para as crianças que viviam na ocupação e para os moradores dos bairros vizinhos. As apresentações foram na escola Edgar de Mello, de onde é possível enxergar o pouco que sobrou do local.

Fernando Santos – o “Fhero” – um dos organizadores do evento, explica que a ideia surgiu da conversa entre amigos e pessoas sensibilizadas com a situação das pessoas - atualmente em abrigos improvisados.

“Vimos o que cada um podia fazer e como dava para ajudar. Foi assim que surgiu a mistura de Rap, Hardcore e grafitagem. O que foi feito hoje saiu do esforço e da disponibilidade de quem se propôs a ajudar”, conta Fhero.

“Tio, vai ter mais rock?”

Logo após a banda “Sistema Sangria” terminar o seu último acorde na guitarra, umas das crianças que acompanhava o show correu até um dos organizadores e perguntou animada: “Tio, vai ter mais rock?”

Entre rappers e bandas de hardcore foram mais de dez apresentações que serviram como atrativo para o público que pagou a entrada com brinquedos e material escolar.

Outra organizadora, a estudante de direito, Ana Sanchez, comemora a participação e a quantidade de doações “que foi maior do que a esperada”, mas deixa transparecer um certo descontentamento com a situação dos ex-moradores.

“A gente queria trazer mais crianças que eram do Pinheirinho, mas os alojamentos ficam longe, boa parte das famílias não tem como vir para cá. O legal é que vamos poder alegrar um pouco essas pessoas”, comenta.

Desde a operação os antigos moradores passaram a morar nos abrigos criados pela prefeitura (em escolas e ginásios) ou nas casas de familiares e amigos.

A Prefeitura, em parceria com o governo do Estado, se comprometeu a pagar um auxílio-aluguel no valor de 500 reais o que, segundo relatos de moradores, não é suficiente.

Ativistas de movimentos sociais têm buscado alternativas como a criação de programas habitacionais voltados a população do Pinheirinho, além das campanhas para arrecadar alimentos e roupas.

Ana e Fhero planejam mais atividades para oferecer algum tipo de ajuda para os moradores. “ Os moradores do Pinheirinho continuam precisando de auxílio, eles perderam tudo”, diz a voluntária Ana. “Deu trabalho, mas vamos fazer um esforço para continuar nessa luta”, finaliza Fhero.

Paulo Cezar Pastor Monteiro, jornalista, de São José dos Campos, especial para o NR. Imagens de Gabriel Do Rio

Um comentário:

baixodo sistema disse...

EM NOME DO SISTEMA SANGRIA DEIXO UM MUITO OBRIGADO PELO CONVITE DE TOCAR PARA TODOS VOCÊS DA COMUNIDADE PINHEIRINHO,É UMA HONRA PODER CONTRIBUIR DE ALGUMA FORMA! ESTAREMOS SEMPRE DISPOSTOS A LUTAR CONTRA AS DESIGUALDADES E A VIOLÊNCIA ABUSIVA E DESNECESSÁRIA!

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