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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

sábado, 20 de junho de 2009

Entrevista Muricy Ramalho

Entrevista realizada em janeiro de 2009 para a Revista-DVD oficial do Hexacampeonato do São Paulo. Ao contrário do que imaginei, Muricy foi super tranquilo, respondeu tudo com paciência, apesar da pressa. Foram 15 minutos. Repito o que disse no twitter sobre sua saída do São Paulo que ele é das poucas coisas que tiram o futebol da merda e da mesmice de sempre. Incrível como a história parece se repetir. Dessa vez, com final infeliz. Reproduzo a entrevista como saiu na revista e peço que se reproduzirem citem a fonte.

O NOVO MESTRE

Eleito o melhor técnico nos últimos quatro campeonatos brasileiros e único tricampeão da competição pelo mesmo clube, o comandante tricolor e discípulo do mestre Têle Santana dispara: “a torcida do São Paulo foi tudo pra mim”

O que um título como o Tri-Hexa traz para o futuro do clube?
É importante, afinal um time ser tricampeão inédito no Brasil onde todos os times se preparam para ganhar é complicado. O marketing melhora, a torcida, o maior patrimônio do São Paulo, aumenta muito, você vê as crianças torcendo para o São Paulo porque é um time vencedor. Com certeza, daqui alguns anos, o São Paulo vai ser uma das maiores torcidas do Brasil.

E ser o único técnico tricampeão brasileiro por um mesmo clube?
Além da satisfação, o que mais gosto é quando analisam e reconhecem o meu trabalho. Se o meu trabalho está sendo bom, as minhas conquistas me dão mais orgulho. E não posso parar porque o futebol é bom, mas às vezes é ingrato, você ganha muito, mas se perde um jogo, uma decisão, todo mundo vem em cima e não gosto de sentir esse sabor ruim, então tenho que brigar muito para continuar vencendo, e é o que vou tentar fazer, vencer novamente.

A pressão é o principal sentimento que carrega um técnico?
É o pior que tem sim, é da nossa cultura. Diante de um resultado negativo o técnico é o único cara que perde, porque ninguém divide a derrota, a verdade é essa. Estou acostumado com a pressão, sei sair muito bem dela quando acontece, mas é desgastante, porque vira uma coisa quase que pessoal, várias pessoas acusando uma só, se não tiver uma cabeça boa, você cai.

Nas horas de pressão você faz o quê?
Me fecho, falo pouco, converso muito com a minha esposa e com a minha família e não vou em programa de televisão.

O Hexa-Tri foi o título da superação?
Sem dúvida. A comissão técnica é responsável por 25 por cento, a diferença é a qualidade do jogador, mas nesse título tivemos um valor muito maior. No momento da desconfiança fui muito forte e houve uma superação muito grande, reuni os caras, peguei duro demais, falei coisas muito fortes e treinamos muito.

Dá pra contar o quê você disse?
Se tenho dúvida não deixo passar, chamo individualmente ou falo forte no coletivo. A conversa foi depois do empate com o Atlético Mineiro, em Minas, que pelo resultado era razoável, mas a equipe empatou com um futebol horrível e eu não aceitei aquilo. E quando acerta o time é difícil parar o São Paulo.

E a importância do torcedor na conquista?
A torcida foi tudo pra mim. Eu estava para sair depois da Libertadores, de saco cheio e com muitas propostas. Só que no jogo do Morumbi contra o Atlético Mineiro, entrei em campo e a torcida começou a gritar meu nome. Falei para minha mulher “não vou sair, tem alguma coisa muito boa reservada pra mim.”

Então você não saiu por causa da torcida?
Tive sempre o apoio do Seu Juvenal, mas a torcida foi fundamental, se não eu não estaria no São Paulo.

Se o Telê Santana estivesse vivo o que ele te diria?
Daria os parabéns com aquele jeito mineiro de ser, bem duro e ficaria bastante orgulhoso mais pelo trabalho do que pelo título: “pô, você aprendeu bastante comigo”.

2 comentários:

Moriti Neto disse...

É, Thiagão... Nóa, tricolores, perdemos, além de um grande técnico, um homem de enorme caráter, raridade no futebol profissional. Cara que não precisa ficar se auto-promovendo, puxando o saco da mídia ou agindo por baixo dos panos para ganhar dinheiro com venda de atleta.
Pra mim, tremenda pisada na bola da direção do nosso querido São Paulo, aquela mesma que se diz tão diferenciada!

Abraço,

Moriti

Thiago Domenici disse...

Falou e disse, Morita. Assino embaixo. Abração.

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