Vai Entender...
Sábado de plantão, 16h, hospital lotado. De repente chega ao meu consultório duas fichas de pacientes, unidas por um clipe, o que significa que são pacientes que vieram e querem ser atendidos juntos, o que é muito comum entre casais, irmãos, amigos e, por que não, amantes. Da porta do consultório, chamo os dois pacientes, juntos:
- Sr. Amâncio e Sra. Rute!
Entra o casal. Amâncio, 55 anos. Rute, 52 anos. Cumprimento os dois, apresento-me e peço-lhes que se sentem. Começo, como de costume, pela mulher:
- E aí dona Rute, o que a senhora sente?
Foi um blá-blá-blá de 5 minutos. E o tal do Amâncio só ouvindo, curiosamente sem fazer nenhum dos comentários típicos de esposo de longa data: “- É Dr., ela também abusa, deita toda noite de cabelo molhado! Só pode é ficar doente!”, ou “- Tá vendo, eu falo, eu falo! Mas só acredita se o médico fala!”. Colhida a história clinica sem interrupções, examino a paciente. Diagnóstico fácil, sinusite aguda. Preencho a ficha, a receita e oriento a paciente. Amâncio mudo. Finalizo:
- Alguma dúvida dona Rute?
- Não Dr., nenhuma. Obrigada.
- Então vamos agora pro Sr. Amâncio. O que o...
Fui interrompido com a paciente se levantando e saindo da sala, sem se despedir de mim e, mais estranhamente, do Amâncio. Este somente observa Rute saindo, calmamente, sem esboçar qualquer reação. Após a paciente fechar a porta, questiono:
- Ué, Sr. Amâncio?! Porque sua esposa não quis esperar que eu terminasse sua consulta? Algo de errado???
- Não Dr. Eu nem sequer conheço essa mulher...
Dr. Rino é médico, e tem a convicção de que, mesmo atendendo centenas de pacientes por mês, e operando outras centenas por ano, jamais entenderá o que se passa na cabeça do ser humano.
Um comentário:
Meus Deus, que gente doida!... Ri muito!
Parabens ao Dr. Rino! E ao dono do blog!
Bjos, Adri
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