Mas depois de dois fiascos seguidos, o de Parreira em 2006 e o do time de Dunga agora, a grande dúvida na cabeça do torcedor é: quem será o novo técnico da Seleção Brasileira? Fala-se em Felipão, Muricy Ramalho, Vanderlei Luxemburgo, Mano Menezes, Ricardo Gomes, Leonardo e, até Zico, que enfrenta mais resistência na cúpula da CBF. Independentemente de quem for o escolhido, o novo treinador assumirá já sabendo da enorme responsabilidade que terá para reformular o time, dar chances aos jovens talentos como Paulo Henrique Ganso e Neymar, e conquistar o hexa em casa (um novo Maracanazo ou mesmo uma eliminação antes da final seriam catástrofes sem precedentes).
Analisando as declarações de Ricardo Teixeira, presidente da CBF, de que tudo terá de mudar, de novo, penso que além do dirigente fugir da responsabilidade por ter colocado Dunga, que nunca havia treinado sequer um time de pelada, para comandar a seleção, saímos atrás de muitas equipes na corrida pelo título em 2014. Depois da farra feita na Alemanha em 2006, uma reformulação foi feita: os jogadores mais talentosos ficaram de fora e os jogadores aplicados e obedientes foram para o pau, mas negaram fogo na hora mais importante. Não podemos dizer que nada prestou, mas deste grupo que esteve na África do Sul, eu acho que o zagueiro Thiago Silva, o lateral Daniel Alves e o volante Ramires são um dos poucos que terão chances de disputar a Copa no Brasil. Elano, Robinho, Nilmar e Luis Fabiano ainda podem sonhar, terão de reconquistar a confiança da torcida e, principalmente, do novo técnico. Kaká, para mim, encerrou a carreira na seleção com um balanço negativo: um gol marcado em três Copas disputadas e a marca de ser uma estrela que se esconde na hora da decisão. A defesa, que realmente era a melhor do mundo, já teve sua vez e não deve manter o mesmo nível técnico e físico por mais quatro anos. Nomes como Felipe Melo, Gilberto Silva, Josué, Júlio Batista, Kleberson e Grafite, com certeza estão fora. Se eu não citei de algum nome dos 23 que foram ao mundial, não foi por esquecimento, mas porque o cara nem mereceu ser citado.
Abandonar o militarismo
Resumindo e sendo bem otimista: teremos 4 jogadores com experiência de uma Copa no novo grupo. Isso é preocupante, já que até 2014 não teremos competições fortes que servirão de teste para a seleção. Um pré-olímpico, uma Olimpíada, duas Copas Américas, uma Copa das Confederações e um monte de amistosos inúteis. Se o projeto olímpico não atrapalhar o time principal, podemos usar o ciclo para entrosar o time. De resto, já ficou provado que ganhar Copas Américas e das Confederações não garantem títulos mundiais.
Outro motivo para sairmos atrás é que a Espanha, atual campeã europeia e mundial, a Holanda, a Alemanha, o Uruguai, Argentina e até Gana, já têm excelentes bases formadas com jogadores jovens e, agora, experientes em Copas do Mundo. Ou alguém acredita que nomes como David Villa, Fábregas, Özil, Müller, Suárez, Messi, Aguero, Gyan, entre outros que brilharam na África do Sul, vão estar fora da Copa de 2014?
Espero que quem assumir a Seleção Brasileira tenha uma visão de futebol moderno e ofensivo, como sempre foi a característica do Brasil. Espanha, Holanda e Alemanha chegaram onde chegaram em 2010 porque jogaram como o Brasil sempre jogou. Vamos resgatar nossa tradição e abandonar o militarismo imposto por Dunga.
O Mundo é da Fúria
Um pouco atrasado, parabenizo a Espanha pela inédita conquista. Uma seleção/time, que teve como base o Barcelona, campeão de tudo nos últimos anos, reforçado por talentos de Real Madri, Sevilla e outros times locais. Lembrando que do time campeão, apenas Fábregas e o goleiro reserva Pepe Reina jogam fora da Espanha. O futebol de toque de bola e movimentação intensa superou os favoritos e o trauma de sempre amarelar na hora H.
Agora, a grande homenagem eu faço ao goleiro Casillas. Criticado após a derrota na estreia para a Suíça e acusado de sofrer com a presença da bela namorada-jornalista atrás do gol espanhol, o camisa 1 do Real foi decisivo e fez defesas importantíssimas na campanha do título da Fúria. E ainda fez um golaço ao beijar a amada durante uma entrevista após a final. Quem não viu, veja:
É isso gente, vamos torcer pelo Brasil, sem ufanismo, mas confiantes na recuperação do futebol que encanta o mundo desde antes do nascimento de um tal Pelé.
Thiago Barbieri é jornalista; autor do livro sobre o Corinthians "23 anos em 7 segundos", editor do jornal Primeira Hora da Rádio Bandeirandes e colunista do Nota de Rodapé.
Um comentário:
Parabéns meu companheiro! Entendo que sua análise sobre o futuro da seleção brasileira e a conquista do título pelos espanhóis, reflete perfeitamente o pensamento dos torcedores,entre os quais me coloco modestamente. Você sim, apesar de corintiano, está fazendo um "gol de letra" na coluna do Madrugador. Afinal, ninguém é perfeito...
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