Surpresa, porque é sabido até no reino mineral, que Hollywood e Wall Street mantêm vínculos promíscuos. Alegria por saber que com o prêmio o documentário do diretor Charles Ferguson ganharia maior divulgação internacional.
Trata-se de um filme instigante, em alguns momentos a lembrar as grandes sacadas de Michael Moore, que já andou dando umas boas cacetadas na hipocrisia norte americana, sua cultura de berço.
Que a sociedade norte americana seja enganada por suas grandes corporações econômicas, sua mídia sensacionalista e sua fantasia democrática, isso é lá um problema dela. O duro é agüentar que toda aquela palhaçada seja sustentada por seus milhões de contribuintes e, mais do que isso, pelos bilhões de seres humanos ao redor do mundo que ainda vivem a fantasia do sonho americano.
Bandidos e marginais é o mínimo que se pode dizer daqueles que comandaram ou ajudaram a eclodir a crise econômica de 2008 e que ainda se viram premiados com fantásticos bônus financeiros por suas criminosas ações.
O documentário é serio e até árido em alguns momentos, pois o número de informações que passa ao espectador é de tal ordem que a impressão que se tem é que o Departamento de Estado norte americano mantém uma fábrica de dólares nos fundos da Casa Branca ou do Pentágono. O lobbie dos bancos é monumental e perverso. Há, pelo menos, seis lobistas nessa área para cada congressista norte americano, gerando corrupção e impunidade aos crimes financeiros. E a conivência é tanto de democratas quanto de republicanos.
Ao receber a estátua, ao lado da produtora do documentário, o realizador Ferguson declarou que após uma crise financeira causada por uma fraude criminosa, nenhum dos executivos envolvidos foi para a cadeia. Seu discurso foi curto e grosso: “O setor financeiro se tornou tão poderoso nos EUA, que inibe o funcionamento normal da Justiça e da Lei”. E arrematou: “Muitas das decisões foram tomadas também pelo presidente Obama e membros do alto escalão do governo. Muitos, aliás, não quiseram dar entrevistas para o filme”.
O episódio revela um pouco mais alguns aspectos dessa farsa contemporânea a que se dá o nome de democracia norte americana, essa mesma que querem mostrar ao mundo que funciona. Que o digam, aliás, os milhares de mortos no Afeganistão, no Iraque, no Haiti, em Honduras, para ficarmos em casos mais recentes.
O didatismo do documentário “Trabalho Interno”, feito por um cidadão norte americano é uma aula para aqueles que ainda têm ilusões com as vantagens da economia neoliberal e se deixam enganar pelas miragens de uma democracia mantida pela força das armas, negociada por lobbies criminosos e difundida por uma mídia inescrupulosa e igualmente criminosa ao redor do mundo, aqui no Brasil inclusive.No Facebook:Se você gostou do conteúdo do NR curta lá nossa página.
Está chegando aí o presidente Barack Obama e que vem, com toda certeza, vender gato por lebre. Olho no pré sal, minha gente, pois a coisa no Oriente Médio não anda nada boa para os gringos...
Izaías Almada é escritor e dramaturgo, colunista do NR do Escrevinhador
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