"Ai, mãe, que saco" |
Mas um dia ele me pediu: “mãe, pega meu INPS”. “Que?” “Meu INPS, mãe, quero ouvir música”.
Enfim. Em minha defesa, devo dizer que não incentivo essa precocidade, mas ela está presente. Na escola, nos amigos, primos, irmãos… Em vez de culpar a internet, a Era, a publicidade, comecei a achar que a culpa é nossa mesmo. Da minha geração de mães em surto. Aliás, esta aqui faz 29 primaveras no próximo dia 15 - mais um colar de macarrão ou um porta lápis de palitos de sorvete para a coleção. Uma amiga (sem filhos, claro) ficou indignada no dia em que revelei que não, as mães não adoram os colares de macarrão. Elas guardam, agradecem, dão beijos e colocam em exposição, mas é para não frustrar o processo criativo dos filhos, ok? Convivam com isso. Desculpem a mudança de tema.
Justin: parte da mulecada quer ter o mesmo cabelo que ele |
O fato é que não temos como saber no que isso vai dar. Nem saber se é politicamente correto. Provavelmente o Içami Tiba diria que é errado… Mas cadê os educadores que escrevem livros quando a gente tem que dar banho na criança com uma mão, pagar uma conta com a outra, depois de um dia punk de trabalho e ainda lidar com a culpa de estar aqui com a cabeça lá e lá com a cabeça aqui?
Mas posso dizer com orgulho que todas as mães em surto que acompanho de perto têm feito um bom trabalho. Amam e defendem suas crias como nunca e são sinceras sempre. Nada de mentiras sobre pai que foi viajar e já vem: o papai foi morar na casinha dele porque nosso casamento não deu certo. Mas ele te ama mais do que tudo e a mamãe também. E choram na frente das crianças quando não conseguem segurar, e explicam que às vezes as mamães também ficam tristes e choram e que tudo bem, vai passar.No Facebook:Se você gostou do conteúdo do NR curta lá nossa página.
Para todas as mães em surto, e as que ainda não são mães ou que ainda não surtaram, meu feliz dia internacional da mulher.
PS: Aliás, esta coluna está chique este mês! Vai aparecer em uma matéria especial sobre mulheres guerreiras na Revista do Brasil. Se passar por uma banca, espia lá!
Andrea Dip é jornalista, mãe do David e mantém a coluna Mãe em Surto.
6 comentários:
matéria muito boa e realista,as fraquezas devem ser expostas aos filhos para que os mesmo sejam ensinados pelos pais como lidarem com essas situações!
Parabéns Andrea
Oi, Andrea" É a primeira vez que passo aqui e só tenho a elogiar. Como boa mãe em surto que sou, já passei por todos esses dramas (e ainda passo) com meu filhote de 6 anos. E fico feliz em saber que não sou a única e nem sou pior do que ninguém por isso. Obrigada pelo texto! =)
Olha, até curti o texto, mas esqueceram de te avisar que ciudar dos filhos não é exclusividade das mães.. òbviamente isso é uma realidade, mas tratar do assunto com naturalidade não ajuda em nada pra romper com esse paradigma de A MÃE cuidadora e O PAI provedor...
Graças a essa bizarrice, homens que se dedicam aos seus filhos são considerados seres de outro mundo, qdo a atitude deveria ser mais encorajada...
Thiago, não acho que pais que cuidam dos filhos sejam bizarros, admiro muito e sei que existem muitos homens que são ótimos pais!
Mas se você ler os outros textos, vai perceber que esta é uma coluna que fala especificamente sobre mães e filhos! Um beijo e obrigada por comentar!
COMO EDUCADORA E TERAPEUTA (E JÁ AVÓ)POSSO AFIRMAR QUE É MUITO LINDO VER PAIS E FILHOS TENDO CONVERSAS FRANCAS, NÃO DE CIMA PARA BAIXO, MAS OLHO NO OLHO. A TROCA É RICA DEMAIS E OS "SURTOS" FAZEM PARTE DO APRENDIZADO E DO CRESCIMENTO. MAS CERTAMENTE AS CRIANÇAS QUE SE RELACIONAM ASSIM COM SEUS PAIS, COM LIBERDADE DE DIZEREM O QUE PENSAM E SENTEM, OS RESPEITARÃO SEMPRE.
vou mandar pra minha filha ler, porque ela tem dois: quase 6 e 2,e ela surta algumas vezes por dia.
infelizmente ainda é raro pai que participa mesmo, é bem raro.
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