Por exemplo, a Lockheed Martin queria vender aviões C-130 de transporte militar pesado para o Chad, mas o departamento de Estado observou que o país não tinha como pagar a conta e além disso havia mentido sobre o uso dos aviões, que seriam usados para bombardear revoltosos e não para transporte de cargas. Mesmo assim deu sinal verde para a transação para reforçar alianças regionais.
O acordo que mais interessa ao Brasil foi a tentativa da Lockheed Martin vender caças F-16 para os miltares tailandeses. Como aqui, lá os soviéticos e suecos estavam na concorrência, oferecendo caças parecidos em pacotes com diferentes vantagens. A Lockheed descobriu que os militares, sem muitos dólares disponíveis, estavam dispostos a fazer um inusitado escambo, pagando em mercadorias. O departamento de Estado concordou porque os soviéticos iriam ser derrotados na transação e porque a Lockheed iria ter um lucro tremendo. O pagamento iria ser feito com 80 mil toneladas de frango congelado, com grande valor de mercado. A transação só não deu certo porque outra junta militar derrubou a anterior e preferiu vender os frangos no mercado.
Dai o Brasil poderia tentar incluir alguma forma de escambo nas negociações. Talvez cachaça para os russos, mulatas para os franceses, estatais para os americanos e, para os suecos, eu não sei o que eles gostam.
Flávio de Carvalho Serpa é jornalista, especial para o NR
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