Faz favor pra mim, joga o Chalita aqui no trenzão, com todo mundo apertado onde não cabe nem o braço.
A escada rolante trava, um homem grita que nojo - vai pegar um taxi viado! grita o povo.
Todos seguram o menino, a muchila ficou presa na porta do outro vagão, o texto sendo escrito aqui dentro nesse aperto, que porra de vírgula num tá vendo que num da tempo.
Me contenho, vontade de agredir, mas a culpa num é de ninguém que tá aqui, aquele ali não seria o Serra? Era, já desceu correndo, num deu pra ver direito.
Faz assim, me põe ao lado do Kassab, quem sabe a multidão troca a pressa, a necessidade de chegar por alguns tapas na cara, e outro trem vem e outro vai e todo mundo grudado, suado, aquela menina parece a Soninha, mas tá sem rumo nem bicicleta, num é ela, tá perto de um rapaz digitando no celular, moço onde é o trem pro Grajaú? Acabou de sair moça num entra nem mais uma mosca.
Ferréz, romancista, contista e poeta, é autor dos livros Deus foi Almoçar, Capão Pecado, Manual Prático do Ódio, vai escrever para o Nota de Rodapé textos inéditos, curtos, escritos na rua.
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