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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Acerte na flor


por Fernanda Pompeu*

Os fãs de Steve Jobs conhecem a historinha. Em 1997, ao voltar a ser o mandachuva, depois de anos fora da Apple, a primeira decisão de Jobs foi reduzir de forma radical o prolixo portfólio de produtos da empresa, que contava com quarenta itens. Ele impôs a matriz de apenas quatro computadores. A saber, dois notebooks profissional e doméstico e dois desktops profissional e doméstico. Justificativa: enxugar para focar melhor.

Deu certo! Os computadores ficaram muito bons e a Maçã Mordida lucrou uma barbaridade. Há uma lição aí: se você empreender várias ações concomitantes, a tendência é que haja dispersão e distração. É verdade que o cérebro humano é multifacetado, multiconectado etc. Mas não é multitudo, pelo menos não ao mesmo tempo!

Quem é motorista sabe que segurar o celular, trocar estação de rádio, meter o olho no GPS são distrações - que dependendo da velocidade em que o veículo está - podem levar a desastres. Então é mentira dizer que a nossa atenção acolhe inúmeras situações. A própria palavra foco é elucidativa: você vê a floresta, mas se fixa na árvore. Enxerga o mapa-múndi, mas aponta o dedo para um país. Operamos assim.

A não ser que o seu negócio seja um supermercado ou um armarinho, a dica é diminuir itens, carretéis e alfinetes. Abduzir excessos. Essa lógica não se aplica só a produtos. Ela também abarca a prestação de serviços. Por exemplo, um só profissional escrever bem, fotografar bem, ilustrar bem é sonho gostoso, mas duvidoso. Se você insistir, provavelmente conseguirá ser um mediano redator, fotógrafo, ilustrador. Salvo raras exceções!

Para ser bom no que fazemos é necessário focar! É parecido com o processo de encontrar água debaixo da terra. Não adianta se iludir fazendo furos superficiais pelo terreno. Você tem que apostar num único ponto e cavar fundo. Os processos fluem quando a gente mergulha neles. É básico. Eu demorei pares de anos para me convencer que não era possível dar de comer a toda a minha curiosidade. Tive que deixar morrer à míngua queridos interesses para super alimentar os escolhidos. Anda funcionando.

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fernanda pompeu, webcronista do Yahoo e do Nota de Rodapé. *Texto publicado originalmente no Mente Aberta - Yahoo. Imagem: Régine Ferrandis

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