Em dezembro de 2005, precisamente dia 14, completaram-se mil dias da invasão do Iraque. Invasão orquestrada por interesses comerciais dos EUA. Como bem escreveu o jornalista José Arbex Jr., "ao invadir o Iraque, Washington jogou uma cartada decisiva. Trata-se de uma tentativa de controlar diretamente o país que detém as maiores reservas de petróleo depois da Arábia Saudita".
A guerra foi desigual em número de soldados e em potência militar. Tanto é que nas semanas seguintes à invasão Saddam Hussein estava liquidado. A atitude de invadir aquele país com a malfadada e polêmica desculpa de que lá existiam armas de destruição em massa caiu por terra. À época Bush declarou, sem dar mais detalhes, que foram descobertos no Iraque "locais de fabricação de armas proibidas pelas Nações Unidas", enquanto Tony Blair afirmou que não existem dúvidas de que "as armas de destruição em massa serão descobertas nesse país". Não deu outra e o ditado popular brasileiro que diz que mentira tem perna curta se confirmou.
Nos primeiros meses da guerra a cobertura da imprensa foi intensa, a ocultação de dados também. Seis meses de conflito e o general do exército americano, Ricardo Sanchez, reconheceu que por semana de três a seis soldados norte-americanos morriam no conflito e que 40 ficavam feridos. O que poucos sabem é que dos mais de 18.000 militares americanos mortos ou feridos no Iraque, 94 por cento morreram ou se feriram após a queda de Saddam. O último levantamento da Associated Press dá conta de 2.100 soldados mortos e mais de 5.000 mutilados. O número de iraquianos mortos não foi quantificado, mas se fala em mais de 14.000 civis e entre 5.000 e 100.000 soldados. Isso não tem sido notícia.
Quem pensou que o Brasil não estaria nesse capítulo da história, enganou-se. O marine Felipe Carvalho Barbosa, 21 anos, morreu faz poucos dias, após seu carro capotar nas proximidades de Fallujah, a 50 km de Bagdá. Não se sabe se o acidente foi emboscada. O que dá pra afirmar é que Felipe agora faz parte dos números, a família vai ganhar uma medalha e a história será esquecida. Outra família brasileira continua angustiada, sem informações desde janeiro de 2005, quando o engenheiro João José de Vasconcellos Jr. desapareceu. A agência italiana de notícias Ansa chegou a noticiar a morte de Vasconcellos, mas a informação não foi confirmada pelo Itamaraty, que não pôde oficializar a morte sem antes encontrar o corpo.
Bush faz de tudo pra mudar a imagem negativa do EUA no exterior, tanto é que nomeou Karen Hughes, fiel escudeira , para comandar os esforços de diplomacia pública , leia-se, propaganda do Departamento de Estado . A missão é difícil. Como aliviar imagens como as da prisão americana de Abu Ghraib, onde prisioneiros iraquianos são claramente torturados? O tom das declarações de Washington, lógico, mudou. O que vale agora é a implantação da democracia nos moldes do Tio Sam.
Segundo pesquisas de opinião pública, o povo norte-americano está confuso: enquanto em uma das pesquisas inacreditáveis 56 por cento continuam a acreditar que havia armas de destruição em massa, em outra 51 por cento dizem que a guerra foi um erro.
As eleições no Iraque ocorreram em dezembro último e a principal coalizão xiita iraquiana, a Aliança Iraque Unido, venceu, mas sem maioria absoluta. Um grupo de observadores internacionais chegou a confirmar irregularidades nas eleições, mas não apresentou conclusões sobre a validade e a liberdade do pleito. Washington não sabe quando as tropas voltarão pra casa - mais de 1 milhão de soldados já serviram no Iraque, em várias levas. Bush disse que "só quando o Iraque for capaz de se defender" é que as tropas voltarão.
Porém, o general Richard Cody, vice-chefe do Estado-Maior do Exército, avisou que não se deve esperar uma redução do contingente antes de uma data indeterminada entre 2006 e 2008. Enquanto isso a sangria continua: iraquianos insatisfeitos com os rumos pós-Saddam de um lado e soldados norte-americanos desejosos de voltar para casa de outro.
A guerra foi desigual em número de soldados e em potência militar. Tanto é que nas semanas seguintes à invasão Saddam Hussein estava liquidado. A atitude de invadir aquele país com a malfadada e polêmica desculpa de que lá existiam armas de destruição em massa caiu por terra. À época Bush declarou, sem dar mais detalhes, que foram descobertos no Iraque "locais de fabricação de armas proibidas pelas Nações Unidas", enquanto Tony Blair afirmou que não existem dúvidas de que "as armas de destruição em massa serão descobertas nesse país". Não deu outra e o ditado popular brasileiro que diz que mentira tem perna curta se confirmou.
Nos primeiros meses da guerra a cobertura da imprensa foi intensa, a ocultação de dados também. Seis meses de conflito e o general do exército americano, Ricardo Sanchez, reconheceu que por semana de três a seis soldados norte-americanos morriam no conflito e que 40 ficavam feridos. O que poucos sabem é que dos mais de 18.000 militares americanos mortos ou feridos no Iraque, 94 por cento morreram ou se feriram após a queda de Saddam. O último levantamento da Associated Press dá conta de 2.100 soldados mortos e mais de 5.000 mutilados. O número de iraquianos mortos não foi quantificado, mas se fala em mais de 14.000 civis e entre 5.000 e 100.000 soldados. Isso não tem sido notícia.
Quem pensou que o Brasil não estaria nesse capítulo da história, enganou-se. O marine Felipe Carvalho Barbosa, 21 anos, morreu faz poucos dias, após seu carro capotar nas proximidades de Fallujah, a 50 km de Bagdá. Não se sabe se o acidente foi emboscada. O que dá pra afirmar é que Felipe agora faz parte dos números, a família vai ganhar uma medalha e a história será esquecida. Outra família brasileira continua angustiada, sem informações desde janeiro de 2005, quando o engenheiro João José de Vasconcellos Jr. desapareceu. A agência italiana de notícias Ansa chegou a noticiar a morte de Vasconcellos, mas a informação não foi confirmada pelo Itamaraty, que não pôde oficializar a morte sem antes encontrar o corpo.
Bush faz de tudo pra mudar a imagem negativa do EUA no exterior, tanto é que nomeou Karen Hughes, fiel escudeira , para comandar os esforços de diplomacia pública , leia-se, propaganda do Departamento de Estado . A missão é difícil. Como aliviar imagens como as da prisão americana de Abu Ghraib, onde prisioneiros iraquianos são claramente torturados? O tom das declarações de Washington, lógico, mudou. O que vale agora é a implantação da democracia nos moldes do Tio Sam.
Segundo pesquisas de opinião pública, o povo norte-americano está confuso: enquanto em uma das pesquisas inacreditáveis 56 por cento continuam a acreditar que havia armas de destruição em massa, em outra 51 por cento dizem que a guerra foi um erro.
As eleições no Iraque ocorreram em dezembro último e a principal coalizão xiita iraquiana, a Aliança Iraque Unido, venceu, mas sem maioria absoluta. Um grupo de observadores internacionais chegou a confirmar irregularidades nas eleições, mas não apresentou conclusões sobre a validade e a liberdade do pleito. Washington não sabe quando as tropas voltarão pra casa - mais de 1 milhão de soldados já serviram no Iraque, em várias levas. Bush disse que "só quando o Iraque for capaz de se defender" é que as tropas voltarão.
Porém, o general Richard Cody, vice-chefe do Estado-Maior do Exército, avisou que não se deve esperar uma redução do contingente antes de uma data indeterminada entre 2006 e 2008. Enquanto isso a sangria continua: iraquianos insatisfeitos com os rumos pós-Saddam de um lado e soldados norte-americanos desejosos de voltar para casa de outro.
Thiago Domenici é jornalista.
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