Uol, 11 câmeras e controle da imagem |
Desta vez, tomando-se como exemplo prático a Copa do Mundo disputada na África do Sul, o professor doutor Nélson Zagalo, de Portugal, e eu, refletimos sobre a incorporação de recursos 3D pelos portais de notícias Terra e Uol. Como ressaltamos em nosso abstract, em meio a um considerável desenvolvimento de aplicativos na internet e grande expansão de infraestrutura para tecnologias móveis digitais e conexões sem fio, como 3G, o terreno jornalístico se torna fértil para experiências com realidade aumentada, tridimensionalismo e jogos, ideias que, há pouco mais de uma década, já são trabalhadas no campo teórico.
O que nos levou a elaborar um texto “a quatro mãos”, além do contato acadêmico e amizade estabelecidos ao longo de 2 anos do outro lado do oceano, foi o fascínio pelo universo dos games. Neste mundial vimos surgir na Web uma nova forma de comunicação de informação relativa à Copa, mais concretamente aos gols que nela ocorreram. Esta forma concebe-se pela recriação tridimensional de todo o lance que dá origem ao gol, ou seja, são desenhados, modelados e animados todos os intervenientes na jogada assim como o campo e a bola. Esta reconstrução assenta nos princípios basilares da simulação que vai permitir que o usuário tenha acesso a praticamente todas as dimensões visuais do lance, simulando hipóteses imaginadas plastificadas numa concretude digital.
De um ponto de vista narrativo-informativo o que difere entre o modo do UOL e o do Terra está no controle editorial sobre a informação revelada. Ou seja, enquanto o UOL recria todo o lance e o dá ao usuário para que este escolha o modo como pretende desfrutar, o Terra também recria todo o lance mas é ele quem define o quê e como o leitor vai poder desfrutar. Em face desta pequena análise é possível verificar que a internet funciona como um canal privilegiado para a elaboração de novas técnicas de comunicação, técnicas que têm em conta as necessidades de informação detalhada do receptor mas que dão conta também dos novos papéis mais participativos do mesmo. Por isso falamos sempre do receptor como usuário e não como mero consumidor.
Terra, imagem sequencial, sem controle |
A explicação para esta tendência, em parte, está na presença de novos leitores. Os novos leitores são integrados à era digital e às tecnologias do século 21. A digitalização e a compressão dos dados permitem que qualquer tipo de signo possa ser recebido, armazenado e difundido via computador, somado à telecomunicação, e é um leitor mais livre, digital e imerso, diferentemente daquele contemplativo, rodeado de signos estáticos, ou movente, no sentido em que os signos estão em movimento. Com a realidade da TV Digital, a aposta é de crescimento destas experiências.
Paulo Rodrigo Ranieri é mestre em jornalismo, professor e pesquisador da comunicação no contexto digital e colunista do Nota de Rodapé
Nélson Zagalo é professor auxiliar do Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho. Possui doutorado em Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Aveiro. Blog.
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