- Sempre defendemos a imprensa livre. Cabe ao leitor, ou ao telespectador, ou ao ouvinte, julgar a forma como cada veículo se comporta. Esse não é um julgamento que deve ser feito por nós – foi a resposta do deputado. Bastante diplomática.
Ciro Gomes, muito menos poupador de palavras, considera que é preciso mostrar a cada brasileiro qual a posição ideológica dos veículos. O deputado, agora integrado à campanha de Dilma, entende que faz parte da vida democrática que a Veja possa existir e se manifestar livremente, mas pondera que deve ficar clara a posição reacionária do veículo da editora Abril.
- Que a Veja tenha longa vida, mas que todos fiquem sabendo que a Veja não é uma observadora neutra da vida brasileira: ela está a serviço dos interesses internacionais, da privataria, da escória brasileira. Isso sempre foi – respondeu à questão que apresentei sobre o papel de Veja no primeiro turno. A conversa na íntegra está publicada na página da Rede Brasil Atual.
Imprensa Candanga
Muita gente da imprensa candanga ficou eufórica no domingo ao descobrir que haveria segundo turno. Enrolados na bandeira azul e amarela, esses representantes da democracia circulam pela capital federal com um microfone na mão e algumas ideias, próprias ou não, na cabeça. Uma delas, claro, é fazer com que aves da fauna nacional voltem a frequentar o Planalto.
Quando chegou a uma reunião da base aliada, o senador eleito Roberto Requião (PMDB-PR) foi questionado se o Senado não ficaria governista demais a partir de 2011.
- E como você queria o Senado? – assustou-se o ex-governador.
- Equilibrado. E-QUI-LI-BRA-DO – vociferou uma outra representante do jornalismo embandeirado.
Entendi tudo: a festa da democracia, tão propalada por alguns veículos, só é boa quando serve à manutenção de certos interesses. Se os vencedores forem os outros, há risco à ordem institucional, concentração de poder, personalismo político. E, claro, a democracia brasileira é frágil, está por um fio... Ah, como sofre essa gente.
A Globo da Argentina
Só pra concluir, uma rápida da Argentina, mas que tem tudo a ver com o Brasil. Os jornais brasileiros de grande (ou média, com viés de baixa) circulação nesta quinta-feira comemoram o veto apresentado pela Corte Suprema da Argentina à Ley de Medios, que visa à democratização da comunicação no país vizinho.
Os jornais daqui entenderam, ou quiseram entender, que a Corte avaliou que o Clarín, a Globo de lá, não precisa vender parte de suas concessões de rádio e de TV, uma medida prevista para desconcentrar o poder dos veículos de comunicação. Não é bem assim. Os ministros da Corte pontuaram que não podem se posicionar sobre o prazo da medida cautelar apresentada pelo Clarín, que entende que não poderia cumprir essa venda em um ano, como previa o prazo inicial. Em essência, o grupo mais poderoso da comunicação argentina terá de se livrar, sim, de suas concessões. Apenas o que não se tem, neste momento, é o prazo para que isso ocorra.
João Peres é jornalista e colunista do NR
Um comentário:
opa!
congresso "equilibrado" seria um congresso em que os partidos de extrema esquerda teriam o mesmo número de representantes que os de extrema direita (leia-se setores do dem e setores do pmdb ruralista, por exemplo).
ser governista e ser oposição não é o único equilíbrio que existe, embora seja o único que interessa pro governo e pra quem encabeça a oposição (leia-se a mídia, segundo a presidente da ANJ).
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