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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Será que sou uma vadia?


Com toda essa história da SlutWalk, surgiram muitos questionamentos. Eu gostei da ideia de cara, nem tinha passado pela minha cabeça que não era um baita movimento legal. Mas, claro, não foi assim com todo mundo.

Li textos com dúvidas importantes e outros que tiveram uma boa repercussão, mas que discordo de alguns pontos. E li por aí mulheres dizendo que não sabiam se queriam ir na marcha porque “não são vadias”.

Isso tudo me levou a uma pergunta: mas, afinal, o que é ser uma vadia? Quem determina isso? Se uma mulher dá pra um número X de caras em X tempo, ok. Mas se ela dá pra um número Y em Y tempo, ah, é vadia, certeza! Se ela usa uma saia três dedos acima do joelho, ok, mas cinco dedos acima do joelho, imperdoável, "sua promíscua!". Essa ideia de vadia é muito subjetiva. Quem decide qual o limite para ser uma mulher “livre” ou uma “vagabunda”? Claro que quando alguém fala em alguma situação específica “aquela puta” entendo o que a pessoa quer dizer. Talvez não concorde, não ache “aquela mina uma puta”. Aí é que está a questão.

Imagino que tenha gente que me ache vadia por não ser mais virgem há um bom tempo sem nunca ter sido casada. Não vou sofrer com isso, por mais que adore passar uma “boa impressão”.

Vim de uma família que valoriza a mulher, que segue princípios feministas e tem atitudes feministas. Mas sempre fui ensinada a “não ser uma vadia”, a “me valorizar”, pois se usasse um determinado tipo de roupa não iriam me respeitar, se me relacionasse com determinado tipo de homem, não me levariam a sério e nunca conseguiria um parceiro/namorado “legal”.

Amanhã, 14h, avenida Paulista, a “Marcha das Vadias”
Ainda hoje, isso faz parte de mim. Não consigo usar uma roupa um pouco mais curta, mais decotada, mais “provocante”. Me sinto uma vadia.

Mas e se eu quiser dar (porque vadia não transa, nem faz amor, só dá por aí) pra um número Y de caras? Eu vou ser uma pessoa pior por isso? Isso significa que eu não tenho o direito de dizer não prum cara? Tenho que aceitar qualquer um que queira me comer?

A marcha é pela direito de escolha. Pelo controle do seu próprio corpo. Pelo direito de ser “vadia”, de ser “santa”, de ser humano, sem violência. E essa é uma causa de mulheres e de homens.

2 comentários:

Jéssica Santos disse...

Pois é Natália nós mulheres muitas vezes somos ensinadas a sentir vergonha de ter desejo sexual de realmente sentir que somos vadias por isso. Também vim de uma família feminista até que nunca me podou com roupas ou comportamentos, mas ao mesmo tempo estudei em um colégio católico. Então ás vezes me pego sentindo culpa ou julgando alguém por causa de coisas que aprendi lá. Essa marcha é pra gente mesmo perder esses conceitos e aproveitar a vida, desde que a gente respeite os outros né
abs

Natalia disse...

Isso mesmo, Jéssica! Muito obrigada pelo comentário :)

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