Horácio vive na constante busca por algo que, pela falta de melhor definição, estipulou-se chamar de felicidade. E vê num universo totalmente diferente do seu a possibilidade de alcançar esse paraíso. A atração dele por Maga é também o encanto pelo que, para ele, é inexplicável: o “mundo-Maga”.
O mergulho nesse cosmos caótico cheio de encanto termina por deixá-lo só e louco. Há, inclusive, quem jure que Horácio cometeu suicídio – hipótese que Cortázar rechaça.
Mas era preciso mergulhar tão fundo? Dentro de todo Horácio também não mora (ou deveria morar) um adormecido lado Maga?
Gregorovius, um dos amigos do casal imortalizado por Cortázar, parece crer nessa hipótese: “A sensação é que Horácio carrega no bolso aquilo que está procurando”.
Mas como, então, usar esse outro lado? Como sair do quadro para vê-lo de fora? E como voltar para dentro dele?
Em Rayuela, Cortázar nos faz enxergar a existência de mais de uma realidade. O livro pode ser lido de várias maneiras. A história que existe são várias e o leitor é instigado a ajudar a contá-las.
Múltiplas realidades; múltiplos desfechos; histórias que podem ser contadas de várias formas, sem começo nem fim. Se é assim, por que não ser Horácio nesta semana e Maga na semana que vem?
Transitar entre o lado de lá e o lado de cá do quadro… Utopia?
Ricardo Viel escreve às segundas no NR e no Purgatório.
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