Máquina de 8 mil dólares arrematada no Ebay |
Um amigo de Capote que vendeu a relíquia na rede disse ter herdado alguns objetos pessoais do escritor. Foi com essa Smith Corona que, ao que parece, Truman escreveu (sic) o clássico do chamado jornalismo literário A Sangue Frio (1966) que relata o assassinato de uma família na cidade de Holcomb, localizada no interior do estado do Kansas, EUA.
A história virou filme e deu o Oscar (2005) de melhor ator ao interprete de Capote, Philip Seymour Hoffman. Apesar de todo o sentimento que envolve a arte de colecionar e ter a posse de objetos raros, basta vermos os milhões pagos em quadros de grandes pintores, a questão é que Capote só usava a máquina para datilografar o que considerava a versão final de seus textos.
Numa entrevista em 1957 a Paris Review ele relata, entre outras coisas, seu método de trabalho. A repórter pergunta: “Quais são os seus hábitos ao escrever? O senhor usa uma escrivaninha? Escreve à máquina?”. Ele diz: “Sou um autor completamente horizontal. Não consigo pensar se não estiver deitado, ou na cama ou estirado num sofá, com cigarros e café à mão. Não, não uso máquina de escrever. Não no início. Escrevo minha primeira versão à mão (a lápis). Depois faço uma revisão completa, também à mão”, respondeu.
Será que o comprador (a) sabia disso? Diante da resposta dele, a máquina passa a ter muito menos peso na fantasia da criação e, principalmente, nesse desejo da imaginação de colecionar algo exclusivo. A história do objeto é que dá esse valor emocional e, por consequência, financeiro. O diamante da história são os papeis originais escritos à mão.
Thiago Domenici, jornalista
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