Quem anda de busão já deve ter notado que o transporte é cheio dos arquétipos.
Só de cobradores eu consigo tipificar uns 3. Por exemplo:
O cobrador que dorme
Quem usa o Bilhete Único não se relaciona com o cobrador que dorme . Mas quando a tarjeta eletrônica se esvai de créditos, é preciso passar por aquela situação do sorriso amarelo na cara, da delicada-cutucada na mão do sujeito que abre os olhos, assustado, enquanto pega o dinheiro estendido no ar.
O cobrador sociável
É o mais bacana dos cobradores. Faz piada, enche o saco do motorista e te conta milhões de casos que, provavelmente, não aconteceram de verdade. É o Forest Gump dos cobradores.
O cobrador xavequeiro
Tá sempre de óculos escuros e escutando música. E mesmo com os olhos escondidos é possível saber que ele mira a bunda de todas as meninas que passam pela catraca.
Falando em escutar música, quase todo ônibus tem o cara da música alta, que pode não ser o cobrador xavequeiro, mas sim um passageiro inconveniente que acha que todos merecem partilhar de seu gosto melódico. Quem não quer cantar junto que ponha os fones de ouvido, oras.
Do fone de ouvido
Sou eu, no caso. Fico balançando a cabeça junto do balancê do busão e paro de cantar, um pouco avexada, quando percebo que estou sendo observada por exceder os decibéis permitidos a uma cantante amadora no transporte público.
Do escandaloso do celular
Ele não fala, mas berra ao telefone móvel. Apesar da indiscrição, devo confessar que eu gosto um pouco do escandaloso do celular porque eu adoro ouvir conversa alheia. Quase sempre rende uma boa crônica.
Do babão
Aquele que dorme. Profundamente. (Eu não sei como essas pessoas não perdem o ponto. Ou perdem, né, vai saber.)
Do perdido
Para o busão pra perguntar pra onde ele vai, empata a fila da catraca pra perguntar onde para, não sabe se senta ou fica de pé e atrapalha toda dinâmica espaço-temporal do coletivo.
Do antisocial
É o que eu mais desgosto: senta na cadeira do corredor só para evitar que as pessoas sentem do seu lado. Constrangidos, os demais passageiros desistem de pedir licença para sentar na janela e escolhem outro assento.
E, por fim, há o motorista alucinado que simula cenas de Velocidade Máxima com gosto.
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Maria Shirts, internacionalista e pedestrianista, mantém a coluna Transeunte Urbana.
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