Diz Ferréz: “Como agente não consegue ficar em paz muito tempo, depois de caçar meus trabalhos em Minas Gerais, agora a bola da vez é a Bahia, o Ministério Público já foi acionado e está averiguando a denúncia de trechos do Capão Pecado, meu primeiro livro, que foi usado na escola de lá no livro Linguagem, práticas de leitura e escrita, escrito por Anna Christina Bentes, publicado pela Global e Ação Educativa. Quero aqui dizer a professora que está sendo vítima de perseguição por usar o livro, que é inclusive indicado pelo MEC, e torço para que os responsáveis pela secretaria de educação não se deixem manipular pela reportagem do jornal Bahia Meio Dia, que fez uma reportagem tendenciosa e preconceituosa sobre o livro; pra quem não sabe o jornal é do Grupo Rede Globo de televisão. Num país onde programa como Pânico na TV mostra até o "útero" das mulheres, e onde nosso símbolo de carnaval é uma mulher negra nua rebolando com a vinheta da Globo, até que eu devo estar errado mesmo, por tratar de temas como a Aids e machismo no meu livro”.
Peço que leiam o contexto da história (aqui) mas já aproveito para me solidarizar com o amigo Ferréz que é um batalhador da literatura e da periferia. Esse episódio, Ferréz, você é sabedor disso, só mostrar que não se pode abaixar a crista para o despreparo e conservadorismo de muitos educadores e gestores brasileiros. E também para grupos de mídia e jornalistas que adoram babar na gravata do patrão. Um viva a professora Anna Christina Bentes por desejar ir além do “mais do mesmo”, do óbvio, do que não faz pensar.
Thiago Domenici, jornalista
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