Antes mesmo de conhecer o Tim, eu já tinha ouvido falar – por meio de alguns amigos – de um tal “moleque” que, com menos de 20 anos, era um baita músico talentoso, tocava muita guitarra e compunha belas músicas. De fato, Martim Bernardes, agora aos 22, tem todas essas qualidades, e isso ficou evidente para mim quando o vi pela primeira vez, em 2012, num show da banda O Terno – da qual ele é membro ao lado de Victor Chaves e Guilherme d’Almeida.
Tim Bernardes na foto de Sérgio Galvão |
Pois bem. É com Tim Bernardes como entrevistado que estreio aqui no Nota de Rodapé a série “Discoteca de Músico”, que a cada mês trará um artista respondendo às mesmas cinco questões, sobre discos e videoclipes que marcaram seus caminhos na música e na vida. Discos e vídeos antigos ou atuais, vale ressaltar, já que parto aqui da constatação de que música boa não para nunca de ser produzida.
A ideia da série é ter, no fim do processo, uma espécie de discoteca/videoteca virtual feita pelos músicos – de variadas idades e adeptos de diferentes estilos –, voltada para o público que quer conhecer mais os artistas ou mesmo que busca sugestões do que ver e ouvir. Sejam benvindos!
Um disco brasileiro que marcou sua formação musical
Difícil ser só um, hein... Por mais que que eu possa escolher qualquer um da discografia dos Mutantes, vou na verdade escolher o segundo disco do Cassiano. "Apresentamos Nosso Cassiano", de 1973. Desde que eu era muito pequeno esse disco morou no rádio do carro lá em casa e foi dos poucos que eu nunca cansei de ouvir. Pelo contrário, só fui achando ele mais foda a cada uma das milhões de vezes que eu ouvi. Os sons de bateria são insuperáveis, as orquestras, os hammonds, as guitarrinhas toscas (na verdade nada toscas), soa tudo muito bem. As músicas são incríveis, esquisitas, ele canta esganiçado e é lindo ao mesmo tempo... Demais!
Um disco gringo que marcou sua formação musical
O “Pet Sounds”, do Beach Boys, de 1966, é outro que eu conheci quando era criança e fui redescobrindo em várias fases da minha vida. Teve épocas que eu ficava de cara com os vocais, outras que eu pirava na sonoridade, os reverbs, os arranjos, a massaroca fina que é a instrumentação desse disco... Já pirei nas harmonias, em como são mega simples e mega sofisticadas ao mesmo tempo, cheio daquelas inversões lindas que vão se encadeando com uma puta classe. Isso sem falar nas composições. Pra mim, o Brian Wilson não tinha nem que ter grilado no “Sgt. Peppers” dos Beatles porque o “Pet Sounds” ganha de todo mundo.
Um disco lançado nos últimos anos (nesta década) que te marcou profundamente
Teve vários também, especificamente o “Helplessness Blues” dos Fleet Foxes pra mim é uma obra prima. Impressionante o capricho em cada aspecto do disco. Desde cada canção em si como nos jeitos que elas se agrupam no disco. Os arranjos e o som do disco são chocantes, muito fino, muito lindo. Vai além da canção folk, parece um filme foda.
Um videoclipe que marcou sua formação
“Your Life Is A Lie”, do MGMT. Esse clipe é muito doido, uma metralhadora de cenas incríveis meio nonsense, meio engraçado, com uma estética impecável à la Wes Anderson.
Um videoclipe lançado nos últimos anos (nesta década) que te marcou profundamente
Acho que os clipes que mais me marcaram são a maioria de 2010 pra cá. A produção independente de clipes chegou a uma qualidade incrível, então as ideias doidas estão virando clipes fodas sem precisar de gravadora, muita grana, ou um equipamento hollywoodiano. Um cara que eu sou fã dos clipes recentemente é o Tyler, The Creator. O clipe da música "IFHY" é sinistro.
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Marcos Grinspum Ferraz, jornalista e saxofonista da banda Trupe Chá de Boldo mantém a coluna mensal Verbo Sonoro, sobre cultura, música e afins. llustração de Victor Zalma, especial para a série
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