A popularidade levou o acadêmico a concorrer às eleições para prefeito. Suas estratégias pouco ortodoxas (como vestir-se de Super Homem, por exemplo), somado ao descrédito dos bogotanos nos políticos tradicionais, colocaram, pela primeira vez na história, um político independente na comando da cidade. Não é exagero dizer que Mockus mudou Bogotá, e fez isso a partir da micro revolução. Em três anos Bogotá deixou de ser uma cidade extremamente violenta e mergulhada na corrupção, para ser um lugar bom de morar. O ex-reitor pregou a mudança do cidadão, do convívio, do amor à cidade, do respeito à lei, e fez isso com bom humor (e até certa inocência); se cercou de acadêmicos sem experiência política e apostou na intuição para governar. Colocou mímicos para ensinar as pessoas a respeitar o trânsito, investiu no transporte público, em parques (em dez anos a cidade ganhou 1.100 áreas públicas) e em bibliotecas.
Impedido de se reeleger, Mockus saiu de cena (o candidato que venceu seguiu seus passos) e voltou em 2001. Em 2002 usou um colete à prova de balas com um buraco em forma de coração, para protestar contra a ameaça das Farcs de matar quem não renunciasse.
Agora Mockus é candidato, pelo Partido Verde, à presidência. Largou em quarto nas pesquisas e hoje já é o primeiro – o pleito acontece no final de maio. É a alternativa ao continuísmo de Uribe (que não pode se candidatar, mas continuará mandando se Juan Manuel Santos chegar ao poder).
O atual presidente da Colômbia tem no combate às guerrilhas sua principal plataforma e usa o discurso criado por Bush (“guerra ao terror”) para justificar o atropelo aos direitos humanos.
Nas redes sociais a campanha pelo ex-reitor para presidência é forte. Uma delas diz: "Eu mostraria a bunda por Mockus".
Para quem se interessa pelo assunto recomendo o excelente documentário “Bogotá cambió” (Bogotá mudou), uma produção europeia que conta sobre Mockus e a mudança que o hoje candidato promoveu na capital (está meio em espanhol e meio em inglês, com legenda). Sugestão de Álvaro Cuellar, um grande amigo da Colômbia que está eufórico com a possibilidade Mockus ser o novo presidente.
Na sexta-feira passada, dia 9, se tornou público que Mockus sofre de Parkinson. É cedo para dizer o quanto isso pode atrapalhar sua chegada ao poder.
Ricardo Viel é jornalista
Um comentário:
Quando vamos ter poíiticos criativos e honestos como Mockus no Brasil?
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