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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Elites obscenas

O apetite e ganância dos ricaços globais não têm limites

O semanário britânico The Economist tem um fórum semanal de debates com a participação de leitores, de alta qualidade de argumentos. Hoje, quarta-feira, terminou um com um assunto da mais alta atualidade: as elites globais ajudam as massas populares?
Tratando-se de uma revista conservadora (mas séria), com leitores na maioria conservadores (mas em geral inteligentes) o resultado foi surpreendente.
As elites globais não ajudam as massas, foi a tese vencedora, por uma goleada de 84 a 16.
O defensor da tese, Jamie Whyte, jornalista, escritor e chefe de pesquisas da Oliver Wyman Financial Services, fez a ressalva que não acredita que as elites ganhem seus privilégios num mercado livre, pois tal coisa para ele não existe. O defensor da tese das elites globais benéficas disse que sua argumentação se restringia apenas aos fatos políticos, pois na área financeira e econômica ele vê um mundo tremendamente corrompido por “subsídios, privilégios legais. Banqueiros, fabricantes de aviões, promotores de ‘energia verde’, advogados, médicos, acadêmicos, fazendeiros e servidores públicos estão em alta. Meus argumentos são baseados em como funciona a democracia, não em mercados livres”. A ressalva não evitou que Whyte fosse bombardeado pela maioria dos leitores da influente revista. O debate pode ser visto AQUI.
O tema parece sido inspirado pelo artigo de capa da excelente revista americana The Atlantic. A autora, Chrystia Freeland, uma editora da Reuters, resumiu na revista um livro que está terminando sobre as novas super-elites globais.
A nova elite mudou bastante desde os tempos em que Karl Marx bisbilhotou as histórias dos ricaços, expondo as circunstâncias muitas vezes criminosas do que ele chamava de “acumulação primitiva”, que depois da lavagem de dinheiro acabava virando ricas famílias respeitáveis.
Durante muito tempo a maioria dos ricos vinham de famílias ricas, graças a um patriarca distante que ajuntou fortuna por métodos obscuros. Mas isso também mudou radicalmente segundo observou Chrystia, uma frequentadora dos círculos globais dessa nova elite, por força de seu cargo de jornalista de economia e finanças.
Essa nova elite é global, mesmo que tenham residência provisória em Nova York, Hong Kong, Moscou, Xangai ou Mumbai. Essa nova plutocracia é formada por bilionários de primeira geração, que não tiveram heranças e começaram quase do zero. “Eles se consideram uma nação deles mesmo”, sem lealdade a nenhum país, diz Chrystia. Quase todos passaram por Harvard, Cambridge, Oxford e outras universidades desse padrão. Eles vão aos mesmos restaurantes exclusivos em Nova York ou Moscou, tiram férias em resorts que nunca ouvimos falar. E, dentro de seus países eles engolem as riquezas coletivas de maneira obscena. Nos Estados Unidos, entre 2002 e 2007, mais de 65% do crescimento de riquezas foi abocanhado por apenas 1% da população do país. Não se trata mais apenas de um agravamento da tradicional desigualdade da distribuição de renda, mas um fenômeno novo, escreve Chrystia.

Flávio de Carvalho Serpa, jornalista, especial para o NR

Um comentário:

mineiro disse...

e quem disse que algum dia esses calhordas da elite ajuda a massa popular . so se for bastante idiota para acreditar nisso. e desde quando rico se importa com os pobres , eles nao ta nem ai para o povo. o que eles olham sao seu proprio umbigo e o resto que se lixe.

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