.

.
30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Manchetes Rejeitadas (Tietê Campos) # 1

Tietê Campos é pseudônimo. O homem é jornalista das antigas e não quer ser reconhecido de jeito nenhum. Anda indignado porque ninguém aceita suas manchetes com os acontecimentos do dia a dia. Sempre me liga pra falar das suas pérolas. Sugeri que publicasse aqui no Nota de Rodapé. Topou. O politicamente correto não existe para ele. Gosta mesmo é de ser nu e cru. Um dia, quiça, ele se revele para os nossos humildes leitores. Aqui, pois, em breve estreia da seção Manchetes Rejeitadas por Tietê Campos.

domingo, 28 de junho de 2009

Um homem de moral reconhece a queda

Certa vez, há uns três anos, falei com Paulo Vanzolini ao telefone. Marquei uma entrevista. A gravação não deu certo. Não saiu a entrevista. A pessoa que o entrevistou perdeu as fitas. Uma fatalidade. Jornalismo tem dessas. Até hoje lembro que ele dizia ao telefone “Não tenho nada pra dizer”. Me enrolou direitinho e ontem, pensei: “Tem tudo pra dizer, esse Vanzolini, tudo.”

Paulo Vanzolini é zoólogo. É também um dos maiores do samba em São Paulo. Em 1951, compôs o samba Ronda. Em 1959, ofereceu seu samba Volta por cima à cantora Inezita Barroso, que não quis gravá-lo. Por influência de seu amigo José Henrique (violonista e dono da boate Zelão), voltou a mostrar o mesmo samba ao cantor Noite Ilustrada, que o lançou em 1963, com grande sucesso. Ainda em 63  tornou-se diretor do Museu de Zoologia. Ficou lá até a década de noventa. Continuou acumulando composições inéditas, muitas, centenas, conhecidas apenas por restrito grupo de boêmios. Era amigo de Adoniran Barbosa.

Daí que ontem assisti o documentário Um Homem de Moral, sobre ele, no cine Bombril na av. Paulista. 40 pessoas na plateia. Ao fim, aplausos. Raridade em cinemas. Um homem de moral é gostoso, engraçado, saudoso, paulista, emocionante.

Uma homenagem a cidade, ao samba, a Vanzolini; um extra-classe de criatividade. As letras, as ideias de cada uma, sempre acompanhando a verdadeira paixão, as matas, a zoologia. Me reapaixonei pela cidade. Orgulhoso do samba. Contente em saber mais sobre o Vanzolini do telefone.



Maria Marta interpreta Cuitelinho, música do Vanzolini, também no filme




João Gilberto interpretanto Ronda, também de Vanzolini


sexta-feira, 26 de junho de 2009

Augusto Boal, o caro amigo

Augusto Boal dizia que “só os oprimidos iriam libertar os oprimidos”. E criava com seu trabalho condições práticas para que o público se apropriasse dos meios de produzir teatro, ampliando suas possibilidades de expressão e de transformação social. “O mais difícil é mostrar o que todo mundo já olhou, mas não viu”, disse sobre a sua criação, o Teatro do Oprimido, estética que se tornou referência em mais de 70 países. No Teatro de Arena, em São Paulo, dirigiu Opinião, com Zé Ketti, João do Vale e Nara Leão, uma das primeiras manifestações de resistência ao golpe de 1964. No final daquela década foi preso e torturado. No exílio, em Lisboa, Chico Buarque dedicou-lhe uma carta em forma de música, o choro Meu Caro Amigo, gravado em 1976.
A convite de Darcy Ribeiro, em 1986, Boal dirigiu a Fábrica de Teatro Popular, no Rio de Janeiro, e criou o Centro de Teatro do Oprimido (CTO-Rio). “As sociedades se movem pelo confronto de forças, não pelo bom senso e justiça. Temos de avançar e, a cada avanço, avançar mais, na tentativa de humanizar a Humanidade. Não existe porto seguro neste mundo, porque todos os portos estão em alto-mar e o nosso navio tem leme, não tem âncoras. Navegar é preciso, e viver ainda mais preciso é, porque navegar é viver, viver é navegar!”, disse o dramaturgo, no Fórum Social Mundial de Belém, semanas antes de ser eleito embaixador da Unesco para o Teatro. Em 2008 foi indicado ao Nobel da Paz. Vítima de leucemia, Augusto Boal morreu no último dia 2 de maio, aos 78 anos, de insuficiência respiratória.

Originalmente publicado na Revista do Brasil, edição de junho. Seção Retrato, por Thiago Domenici

terça-feira, 23 de junho de 2009

Casa de ferreiro

Sexta-feira é dia de visitar o ferreiro. As ferraduras de Faísca estão gastas pelo asfalto e só aguentam mais dois dias. Da Charlote até lá, quase 10 quilômetros, trajeto puxado, mas Clóvis explica que vamos no melhor ferreiro da região, dos poucos remanescentes na capital. É a ferraria do Pereira e a profissão é uma das mais antigas do mundo.
O cenário é marcante. Seis metros de frente por 15 de fundo. À esquerda, um eixo de rodas para vender; a bigorna ao centro, apoiada em um tronco de árvore; o forno à direita; as ferramentas – martelo, cinzel, tenaz e a lima – espalhadas, a tina cheia de água para esfriar as ferraduras, um palanque de madeira para amarrar os cavalos e a faixa anunciando: “Ferraria do Pereira – Arreios e Ferraduras”.
Pereira é apelido, o nome é Edison Faustino da Silva, 40 anos, camisa surrada bordada com o nome de Jesus e o número 1 bem grande. Estatura baixa, mulato, homem simples, paulistano da Cachoeirinha, filho de pernambucanos, casado, seis filhos. “Sou ferreiro desde sempre, nunca tive outra profissão”.
O pai era carroceiro. “Fui criado com o cavalo nas costas e tive que vender muita bosta de cavalo pra sobreviver”. Está há 25 anos nesse ofício aprendido com um italiano do bairro do Limão. Sem estudo, ele só sabe assinar o nome.
São 25 reais para ferrar um cavalo, o que lhe rende a média de 500 mensais. Trabalha todos os dias, menos domingos, das 8 às 16 horas. “Tenho uns vinte clientes e gente que vem até de Osasco.” Como os carroceiros, Pereira terá seu trabalho afetado. “Vou perder meus clientes e o que vou fazer da vida?”
Faísca está à espera das ferraduras novas. Pereira abastece o fogo com tocos de madeira. Coloca o ferro bruto no fogo. “Uso ferro de portão, esses de cinco oitavos.” O ferro aquece até ficar
rubro e aí é martelar, moldar a peça no formato desejado. É tudo muito rápido. Bate, esquenta, bate, bate, esquenta mais, fura (são seis furos), faz a ponta, esquenta e esfria na tina. Vai para o polimento e a ferradura está pronta. Faz as outras e agora é a vez de calçar Faísca. Tira as ferraduras gastas, limpa, queima o casco – para evitar bactérias – e com jeito martela os cravos das novas ferraduras. Quatro crianças param encantadas para observar Faísca enquanto o serviço é finalizado, com óleo nos cascos para amaciar. “Está pintando as unhas dele, criançada”, brinca Clóvis, sorridente.
Evangélico, Pereira vai “de casa pro trabalho e do trabalho pra igreja”. Na saída reparo numa mensagem na parede da ferraria: “E Deus lhe enxugará dos olhos toda a lágrima”. Carroça no asfalto e uma idéia em mente: na pancada está a arte de Pereira.

Trecho da reportagem "A última Carroça" de minha autoria publicada em junho de 2006. A reportagem contou com o companheiro Edu Moraes, vulgo Cazu, foto que abre o blog, personagem Pereira, o ferreiro da matéria. Álbum completo das fotos olhe aqui.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Muricy, o vizinho do 74

Texto do jornalista José Trajano no site da ESPN muito legal sobre o Muricy Ramalho. Achei legal postar aqui. Espero que gostem.

Somos vizinhos há mais de dez anos. E raramente nos vemos no condomínio. Moramos em prédios diferentes, e jamais fora a seu apartamento. Nossos filhos, porém, são amigos. Jogam bola e participam de torneios de videogame no salão de festas. Na noite de sexta-feira, o vizinho do 74 era o nome mais falado da cidade. Todos os telejornais e sites divulgavam com alarde que ele havia sido demitido do emprego. Um emprego e tanto! E, então, decidi visitá-lo.

Resolvi interfonar para não usar a prerrogativa de ser vizinho. Ele não estava, mas deixei recado com sua mulher que se chegasse e estivesse disposto a conversar, me telefonasse. Poucos minutos depois, ele ligou e pediu que fosse até lá. No caminho, fiquei pensando que deveria estar cercado de gente, de amigos, ex-companheiros de clube ou coisa parecida. Qual não foi a minha surpresa quando me recebeu com a porta já aberta e sozinho na sala.

Ao contrário do que imaginava, estava tranquilo e sereno. Sem nenhuma ponta de mágoa, rancor, bronca. Parecia ter tirado um peso das costas. Seu rosto revelava a certeza de que havia saído de cabeça erguida e com a sensação do dever cumprido. Fora o momento que se queixou de Cuca, por ter ligado ao presidente Juvenal para pedir conselho se deveria sair ou continuar no Flamengo, atitude que ele enxergou como falta de ética, o vizinho conversou sobre tudo com muita tranquilidade.

Para ele, a diretoria anda mais preocupada com o Morumbi do que com o time. Os cartolas só pensam no estádio, na Copa do Mundo de 2014, e os problemas do time ficaram em segundo plano. E havia problemas no elenco. Falta de parceria, disse. Que eu entendi como ciumeira de alguns jogadores com os novos que chegaram este ano.

Sem levantar a voz ou tentar se desculpar pelos maus resultados, o vizinho lamentou não ter conseguido Conca como reforço. “Ele esteve duas vezes aqui, mas o negócio não vingou”, disse. Um bom meia de ligação teria feito o time jogar diferente, com mais liga entre a defesa e o ataque, sem precisar jogar à base de lançamentos longos para o setor ofensivo.

O vizinho desconfiava que, mais cedo ou mais tarde, a demissão iria acontecer, porque ele não tem o jeitão que alguns dirigentes imaginam para um técnico do São Paulo. Não é de frequentar bons restaurantes para fazer companhia aos cartolas, não gosta de interferências na contratação de reforços e acredita até que a maneira de se vestir deixava essa turma incomodada. “É o meu jeito, simples, sem frescura, sem afetação, que as vezes eles não gostam.”

Toquei na decisão que tomamos em não mais ouvi-lo depois de uma entrevista que achei grosseira . Ele disse que não guardou mágoa e que somos meio parecidos na defesa de quem trabalha com a gente. Até os filhos brincaram com ele, achando que andava meio rabugento.

Já era de madrugada quando fui embora. Um pouquinho antes de sair, chegaram Pi e Fabinho, dois de seus três filhos. O vizinho me contou que o Pi (sou testemunha que joga muita bola) voltou muito irritado do Morumbi depois da derrota para o Cruzeiro e prometeu não torcer mais pelo São Paulo. O vizinho discordou do filho e disse que não podia abrir mão de sua paixão, que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Voltei para casa com a impressão de que meu vizinho é mesmo aquilo que diz. Gosta de ficar em casa, em companhia da família, dos cachorrinhos que leva sempre para passear, de lavar louça para passar a ansiedade e de ir ao sítio em Ibiúna para descansar. É um cara simples, um trabalhador do esporte. Sem banca, sem arrogância, não tem nada de “professor”.

Ele sabe que foi a derrota da arquibancada para a numerada. Mas sabe também que saiu por cima. A torcida gritou seu nome a todo instante, e isso ele não esquecerá nunca. Quer dar uma parada, já jogou no lixo tempos atrás uma proposta milionária do Catar, mas não creio que fique parado por muito tempo. Continuo achando que precisa ter mais educação nas entrevistas, após uma partida, mas me conquistou pela sinceridade e autenticidade.

É um bom sujeito o vizinho do 74. Boa sorte para ele.

sábado, 20 de junho de 2009

Entrevista Muricy Ramalho

Entrevista realizada em janeiro de 2009 para a Revista-DVD oficial do Hexacampeonato do São Paulo. Ao contrário do que imaginei, Muricy foi super tranquilo, respondeu tudo com paciência, apesar da pressa. Foram 15 minutos. Repito o que disse no twitter sobre sua saída do São Paulo que ele é das poucas coisas que tiram o futebol da merda e da mesmice de sempre. Incrível como a história parece se repetir. Dessa vez, com final infeliz. Reproduzo a entrevista como saiu na revista e peço que se reproduzirem citem a fonte.

O NOVO MESTRE

Eleito o melhor técnico nos últimos quatro campeonatos brasileiros e único tricampeão da competição pelo mesmo clube, o comandante tricolor e discípulo do mestre Têle Santana dispara: “a torcida do São Paulo foi tudo pra mim”

O que um título como o Tri-Hexa traz para o futuro do clube?
É importante, afinal um time ser tricampeão inédito no Brasil onde todos os times se preparam para ganhar é complicado. O marketing melhora, a torcida, o maior patrimônio do São Paulo, aumenta muito, você vê as crianças torcendo para o São Paulo porque é um time vencedor. Com certeza, daqui alguns anos, o São Paulo vai ser uma das maiores torcidas do Brasil.

E ser o único técnico tricampeão brasileiro por um mesmo clube?
Além da satisfação, o que mais gosto é quando analisam e reconhecem o meu trabalho. Se o meu trabalho está sendo bom, as minhas conquistas me dão mais orgulho. E não posso parar porque o futebol é bom, mas às vezes é ingrato, você ganha muito, mas se perde um jogo, uma decisão, todo mundo vem em cima e não gosto de sentir esse sabor ruim, então tenho que brigar muito para continuar vencendo, e é o que vou tentar fazer, vencer novamente.

A pressão é o principal sentimento que carrega um técnico?
É o pior que tem sim, é da nossa cultura. Diante de um resultado negativo o técnico é o único cara que perde, porque ninguém divide a derrota, a verdade é essa. Estou acostumado com a pressão, sei sair muito bem dela quando acontece, mas é desgastante, porque vira uma coisa quase que pessoal, várias pessoas acusando uma só, se não tiver uma cabeça boa, você cai.

Nas horas de pressão você faz o quê?
Me fecho, falo pouco, converso muito com a minha esposa e com a minha família e não vou em programa de televisão.

O Hexa-Tri foi o título da superação?
Sem dúvida. A comissão técnica é responsável por 25 por cento, a diferença é a qualidade do jogador, mas nesse título tivemos um valor muito maior. No momento da desconfiança fui muito forte e houve uma superação muito grande, reuni os caras, peguei duro demais, falei coisas muito fortes e treinamos muito.

Dá pra contar o quê você disse?
Se tenho dúvida não deixo passar, chamo individualmente ou falo forte no coletivo. A conversa foi depois do empate com o Atlético Mineiro, em Minas, que pelo resultado era razoável, mas a equipe empatou com um futebol horrível e eu não aceitei aquilo. E quando acerta o time é difícil parar o São Paulo.

E a importância do torcedor na conquista?
A torcida foi tudo pra mim. Eu estava para sair depois da Libertadores, de saco cheio e com muitas propostas. Só que no jogo do Morumbi contra o Atlético Mineiro, entrei em campo e a torcida começou a gritar meu nome. Falei para minha mulher “não vou sair, tem alguma coisa muito boa reservada pra mim.”

Então você não saiu por causa da torcida?
Tive sempre o apoio do Seu Juvenal, mas a torcida foi fundamental, se não eu não estaria no São Paulo.

Se o Telê Santana estivesse vivo o que ele te diria?
Daria os parabéns com aquele jeito mineiro de ser, bem duro e ficaria bastante orgulhoso mais pelo trabalho do que pelo título: “pô, você aprendeu bastante comigo”.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Izaías Almada #3

Liberdade de expressão

Pascual Serrano é um jornalista espanhol de última geração. Sério, investigativo, polêmico, escreve num cenário onde circula EL PAÍS, considerado um dos grandes jornais do mundo. Escreve também no site www.rebelión.org, do qual é um dos fundadores. Outras informações sobre Pascual poderão também ser obtidas pelo site www.pascualserrano.net.
Resolvi desta vez enviar minha colaboração ao rodapé traduzindo um pequeno texto de Serrano publicado no Rebelión e que tem o seguinte título: SE HOUVESSE ACONTECIDO NA VENEZUELA OU EM CUBA. Diz o texto: “Estas são duas notícias relacionadas com a liberdade de expressão e a mídia que passaram desapercebidas. Imaginemos por um momento se elas houvessem acontecido na Venezuela, qual teria sido a sua repercussão informativa mundial?”
“A primeira delas se passa no Peru. Ali, no último dia 1º de junho o Estado tomou o controle do canal de televisão Panamericana, um dos mais antigos do país. Dois dias antes, o presidente peruano Alan Garcia Perez, pediu à Superintendência Nacional Tributária (Senat) que interviesse na televisão diante das suas dívidas pendentes com o fisco. 48 horas depois, duzentos policiais tomavam posse do canal e o Senat assumia o controle por seis meses para assegurar o pagamento da dívida que é de 40 milhões de dólares”.
“A outra notícia se passa nos Estados Unidos. Lyndal Harrington, agente imobiliária de 53 anos de idade, passou quatro dias na prisão devido a alguns comentários publicados em seu blog. Esses comentários eram sobre Anna Nicole Smith, modelo e ex-garota Playboy, que morreu em 2007. A bloguera foi condenada na semana passada por negar-se a entregar o seu laptop a um tribunal. Estava acusada de contribuir na divulgação de falsidades, ao dizer que Virgie Arthur, mãe de Anna Smith, se casou com seu meio-irmão e maltratou sua filha. A bloguera assegurou que uma semana antes haviam lhe roubado o laptop e que por esta razão não poderia entregá-lo aos juízes. Também se mostrou contrariada porque alguns comentários seus, publicados para matar o tempo, num blog chamado ‘Rose Speaks’, a levaram à prisão”.
“É evidente que a maioria da opinião pública mundial sequer teve conhecimento destes dois casos, talvez por não apresentarem muita importância informativa. Contudo, imaginemos por um momento se o fechamento do canal peruano de televisão, feito por duzentos policiais, tivesse acontecido na Venezuela e a prisão da bloguera tivesse sido em Cuba”.
Respondo eu, Izaías: nossos jornalões, revista semanais e canais de televisão, dominados por quatro feudos familiares e nada transparentes e democráticos, cairiam matando e com grandes matérias sobre a falta de democracia em Cuba e na Venezuela. Haja hipocrisia!

Izaías Almada é autor do livro “Teatro de Arena: uma estética de resistência”. Editora Boitempo.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Vingando-se do Telemarketing

É pra chorar de rir.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Dou-lhe uma... duas

Qual foi o político brasileiro que fechou contratos internacionais sem licitação - na suíça - para a compra de servços que o Brasil possui e exporta; que recentemente propôs asfaltar partes do rio Tietê para alargar a marginal e que autorizou a polícia e tropas de choque no campus da USP para "cumprir ordem judicial"?

( ) a. Paulo Maluf
( ) b. José Serra

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Mudança de paradigma

Entrevista com o professor Venício Lima, realizada ontem (10) sobre o blog Fatos e Dados da Petrobras e as tretas com os veículos de comunicação. Ele fala umas coisas muito interessantes sobre o jornalismo da grande imprensa.

Na edição 36 da revista do Brasil tem uma matéria muito boa da repórter Evelyn Pedrozo sobre casais homoafetivos que enfrentam obstáculos na Justiça e na sociedade para formar sua família com filhos.

Outra matéria que havia feito sobre contratos irregulares da Secretaria de Educação de São Paulo com a editora Abril voltou à baila com o Ministério Público entrando na jogada. Tem a entrevista com o promotor do caso.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Izaías Almada #2

Reflexões de um cidadão sob total suspeita

Pois é assim que me vejo: sob total suspeita: E por quê? Pela simples razão de que me foi dado viver na passagem de século e de milênio de uma vez só. Nasci na metade do século 20 e já vou terminando a primeira década do século 21. Em outras palavras: nasci com o samba e no samba me criei, inclusive a bossa nova, mas vivo em meio ao funk, ao rap, à musica sertaneja, enfim, sentindo falta do samba. Nasci sob o impacto do neorrealismo italiano, onde o humanismo pós guerra procurava temperar os dramas do ser humano e agora vivo sob os efeitos especiais de Hollywood, onde o vazio ideológico tempera a ação de personagens de HQs de cultura alienígena, a maioria delas sem qualquer respeito pelo ser humano. Nasci quando as pessoas começaram a se reunir na sala de estar após o jantar para apreciar o mais novo invento da tecnologia de comunicação, a televisão. E hoje vivo na mesma sala para ser imbecilizado por essa mesma televisão, seja através de seus realities ou talk shows ou mesmo pelos seus telejornais sensacionalistas e mentirosos, sem compromisso com a verdade dos fatos. Nasci quando os Estados Unidos da América lançaram duas bombas atômicas sobre o Japão e hoje, hipocritamente, querem impedir outros povos de terem acesso à energia nuclear, pacífica ou não. Nasci quando o homem começava a dominar certas tecnologias e hoje vivo dominado por elas. Quando criança brinquei com telefones feitos de latas de molho de tomate ligadas por uma linha de cinco metros bem esticada e hoje fico aflito se esqueço o celular em casa e saio para a rua. Entre os anos da minha infância e os novos anos da minha “melhor idade” parece que o mundo foi reinventado.
Como muitos da minha geração, acreditei na construção de um novo homem, mas entre os que acreditaram e a possibilidade desta realização, surgiu o abismo de um capitalismo neoliberal cada vez mais selvagem, individualista, concentrador de riquezas e distribuidor de misérias. Dizia meu velho pai, homem simples do interior das Minas Gerais: “tudo que é demais faz mal”. Sábias palavras para quem jamais soube o que era o neoliberalismo. Está aí: a ganância foi tanta, o desregramento econômico foi tanto, que um dos símbolos deste mundo de sucessos e lantejoulas coloridas dos defensores do mercado livre (alguém viu por aí um neobobo chamado Fernando Henrique Cardoso?), a General Motors, teve suas ações retiradas da Bolsa de Nova York valendo apenas 0,67 centavos de dólar. E, pasmem, nacionalizada pelo governo norte americano! E dois dias depois a Organização dos Estados Americanos, ignorando a política externa dos EUA, trazem Cuba de volta para o seu convívio.
E não é que o mundo está mesmo sendo reinventado? Bom, mas sou suspeito para falar desses assuntos...
Izaías Almada é autor do livro “Teatro de Arena: uma estética de resistência”. Editora Boitempo.

domingo, 7 de junho de 2009

A história das coisas

Este vídeo dublado em português mostra a história dos objetos de consumo, da sua produção ao descarte e revela quem são as verdadeiras vítimas do sistema de produção linear. Está em duas partes.



Parte 2


quarta-feira, 3 de junho de 2009

Estreia no Blog: Izaías Almada

Olá amigos, 
Honra-me, a partir de agora, poder comparecer com algumas colaborações no blog do Thiago. Essa possibilidade surge após sua saída da Revista Caros Amigos, onde o conheci através do inesquecível Sérgio de Souza, um dos grandes jornalistas com J maiúsculo que o Brasil perdeu há alguns meses.
Já não é segredo para ninguém que a imprensa brasileira, como evidencia a atuação de alguns de seus mais representativos órgãos (jornais diários, revistas semanais e emissoras de rádio e televisão), vem se transformando numa entidade de atuação político-partidária e apenas defensora de seus interesses corporativos, deixando de lado (já com atitudes de arrogância e insensibilidade pela opinião dos leitores e ouvintes) aquilo que se considera – para muitos de nós – como uma fonte de informação imparcial e digna de credibilidade. Isso para dizer o menos... A morte de Sérgio de Souza ampliou o fosso que separa o atual jornalismo daquilo que a minha geração aprendeu como sendo o bom jornalismo.
Mas ele deixou seus seguidores e que não são poucos. Thiago Domenici, com certeza, é um deles.
O tal jornalismo, esse feito a soldo de interesses mesquinhos, egoístas e corporativos, geralmente estimulado por interesses econômicos e geopolíticos estabelecidos fora do país, precisa de um confronto cada vez mais intenso e franco, pois esse é o exato sentido da liberdade de expressão e de uma prática verdadeiramente democrática da informação e não dessa democracia imposta pelas armas e chantagens políticas, que só privilegiam o poder econômico e a prática da corrupção, do crime do colarinho branco e da impunidade dos seus praticantes. Obrigado, Thiago, pelo espaço. 
E boa leitura a todos. 

Desconstruindo novas mentiras

Chega a ser enfadonho, além de desgastante pela repetição, o trabalho que dá desconstruir as mentiras da mídia internacional, repercutidas pela nacional, sobre o que se passa na Venezuela. Verdadeiro trabalho de Sísifo.

Como na edição de hoje, dia 03.06.09, no jornal O Estado de São Paulo, em sua seção internacional. Diz a notícia que o presidente Hugo Chávez “sumiu” por três dias causando grande preocupação e as mais variadas especulações na imprensa daquele país sobre tal “sumiço”. O texto começa por dizer que Chávez desapareceu por três dias, desde a última sexta-feira à noite, só reaparecendo na segunda-feira, mas que no sábado à tarde (o grifo é meu), cancelou suas aparições no programa Alô Presidente. Uma contradição da própria notícia. O pior vem a seguir.

Jornais e televisões, em sua maioria de oposição, especulam com ironias e falta de respeito ao presidente, levantando hipóteses de doenças, internamentos em hospital, visita secreta a Fidel que estaria morrendo, medo de enfrentar num debate público o escritor Mário Vargas Lhosa etc.

Toda uma enxurrada de notícias sensacionalistas e profundamente desrespeitosas vazadas através de uma mídia que diz ao mundo inteiro que na Venezuela não há liberdade de expressão. A esse propósito vale a pena destacar que neste mesmo final de semana, convocados pela oposição “democrática Venezuela” (essa cujo o seu mais destacado líder fugiu para o Peru acusado de corrupção), alguns escritores como Vargas Lhosa, Jorge Castañeda e outros menos conhecidos fizeram o ridículo papel de ir até Caracas denunciar para toda a imprensa nacional e internacional que não existe liberdade de opinião e expressão no país. O povo venezuelano ignorou tal provocação e só a mídia internacional é que repercute tal bobajada, aumentando o já não tão pequeno fosso que vai se abrindo entre a imprensa venal e o cidadão comum.

Por último, o mais triste da nota do Estadão: em pouquíssimas linhas fala-se do verdadeiro motivo do “sumiço” de Chávez. Sua segurança pessoal foi informada desde El Salvador, onde se deu a posse do novo governo de esquerda do país, que havia um plano para atentar contra a sua vida e a de Evo Morales, presidente da Bolívia, na rota de vôo Caracas/São Salvador. Isso não é motivo de preocupação na notícia. Nenhuma linha a condenar o possível magnicídio.

Pobre jornalismo brasileiro que, além de não buscar a informação correta dos fatos, repete como papagaio aquilo que julga ser a verdade de seus parceiros na Venezuela, onde, diga-se a bem da verdade, se pratica um jornalismo de gangsteres. Basta dizer que o principal acionista da Globovision, emissora de grande audiência, está sendo processado também por crime de usura, contrabando e enriquecimento ilícito. Essa é a democracia que os EUA procuram impor ao mundo pelas armas e que entre nós é defendida por órgãos como a FSP, O Estadão, Veja, Rede Globo, etc.

Izaías Almada é autor do livro VENEZUELA POVO E FORÇAS ARMADAS, Ed. Caros Amigos.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Mulher invisível é como ver os Trapalhões no cinema

Mulher Invisível, o nacional que tem Selton Mello e Luana Piovani no elenco é um pastelão padrão com roteiro simples. Estilo global, saca? É um filme bom pra rir num domingo à noite. É como ver os Trapalhões no cinema. Cumpre o papel de não exigir grandes manobras de pensamento.
Complicado é o preço do cinema, 17 reais mais o estacionamento. Absurdamente fora da realidade.
Sem sacanear tanto o filme dei boas risadas, confesso. Isso já vale - mas não sou parâmetro. O fato de eu achar Selton Mello bom ator de comédia não exclui outro fato: de ele sempre parecer "igual" nas características de interpretação de seus personagens. No ranking do ano o filme Gran Torino continua na frente da minha lista. O site do filme Mulher Invisível pra quem quiser ler a sinopse está aqui.

Veja o trailer.


Web Analytics