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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

terça-feira, 30 de agosto de 2005

Experiência no presídio

Outro dia fiz uma entrevista com um rapper que está preso. Chama Dexter e a entrevista está no especial sobre Hip Hop da revista Caros Amigos. Fui, confesso, meio apreensivo até o presídio onde ele está – ou estava, já não sei mais – na Penitenciária II de São Vicente, litoral de São Paulo. O que marca o local são os cenários e o sentimento. O dia estava cinza, chuvoso, chato, sem ação, mas lá o baque é forte. Ação e reação. Pessoas sérias, lógico, mas um clima tenso que parece que a qualquer momento algo vai acontecer. Os caras lá, encarcerados, pagando seus erros, uns mais sérios, outros nem tanto. De certo, todos sem rumo, presos as grades, sem camisa, fumando, andando em círculos, imagino, só pensando na liberdade. Fiz meu trabalho, mas não saia da cabeça o pensamento de que esse sistema não recupera ninguém. É ambiente pra piorar o cara que já chega fudido. Num trecho da entrevista, o Dexter, gente fina, batalhador, “guerreiro” como ele próprio se intitula mandou a seguinte frase: “Ao contrário do que se espera do sistema carcerário, que deve ter uma política de recocialização, de correção e de incentivo, ele produz cada vez mais monstros. Infelizmente, o sistema carcerário não recupera ninguém, a recuperação vem do interior.” Tá aí, em duas horas lá cheguei a mesma conclusão.

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