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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O mistério da Gol

Voltei a Brasília, confesso que não queria. Dessa vez, só um dia, menos mal. Não precisei de hotel. Fui de Tam e voltei de Gol. Da Tam só vou dizer que as aeromoças são lindas. Muito lindas e simpáticas. E da Gol, ahhh, da Gol. Eis o mistério da Gol.
[Voltando um pouco, informação importante: eu tenho medo de avião. muito!]
Dito isso, existem dias que o seu cagaço é premiado. Por que? Hoje choveu em São Paulo e em Brasília. Choveu muito! E eu tenho medo de avião, já disse.
[Outra pausa: Brasília foi bem cansativa, novamente não almocei, o que o diga Marina, companheira de trabalho, três "pão de queijo" e dois "café" pra segurar quase 12 horas. Comida de avião não conta. O vôo de volta que era pra ser 19h 10 foi transferido para às 20h 30. Atraso.]
A combinação de chuva forte, tempo escuro mais avião ter que voar comigo dentro não caiu bem. Achei que fosse o estômago, mas não. Era o meu cagaço premiado gritando.
[dentro do avião eu rezei e fingi estar sem medo. A mão gelada me remetia ao mantra que tilintava na minha cabeça 'se essa porra cair, fodeu']
Tentei me distrair pensando no porquê dos aviões terem assentos flutuantes. Alguém acredita que isso funciona? Será que alguém já usou numa piscina? Você usaria na piscina? Porque pra mim é meio claro, se cair fodeu. Se for no mar então... Eu não sou o Tom Hanks, não teria a mesma "sorte" do náufrago.
[em meio a esses pensamentos para evitar o meu cagaço eis que surge o ministério da gol]
"Senhoooooressss passageeeeirrooosss, beeeem-vindooos a bordo da Gol"
[cafajestemente pensei: 'que voz espetacular de tele-sexo'. Risadas gerais entre os passageiros. Era Milene, a aeromoça, sussurrando as instruções]
A cada chamada e explicação sussurrada ficava vidrado naquela voz. Que voz de presença a da Milene. O vôo seguia com chuva e luzes que eu julgava ser relâmpagos. A turbulência aumentava e eis que surge novamente Milene pra eliminar meu cagaço.
"Senhoooooressss passageeeeirrooosss, mantenhaaaamm a callllmaaaaa, estaaaamoooss num treeechooo de turbulênnnciiiiaaa."
[preciso saber quem é Milene, escondida lá na frente do avião, sem rosto ainda, apenas a voz. Marina concordou, temos que vê-la].
A avião chegando. O pouso seria na chuva.
O cagaço volta e se mistura com a fome, com os relâmpagos. Tento dormir e durmo.
Chacoalhão do avião e segundos depois: "beeeemmmm-viiiindooosss a sãooo paaaulo! A gooollll agradeeeeece a prefereeeenciaaa."
[Acordo e penso rapidamente 'uau, consegui dormir e o avião pousou. Enfim, terra firme'].
Vou agradecer Milene, vou ver Milene, eu preciso agradecê-la! Ansiedade.
A porta abre. É agora. Estou no fundo. A porta do fundo abre. Não é possível. Não vou ver Milene, mas Milene triunfou sobre meu cagaço, dessa vez, duplamente premiado. O cagaço premiado por Milene, o mistério da Gol.

lembrança de rodapé: hoje terminou em Brasília a 11 Conferência Nacional dos Direitos Humanos, no ano dos sessentão da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948-2008). Como de praxe, destaco a péssima cobertura da imprensa para um tema tão essencial e urgente. Fica a lembrança e o site para mais informações. Voltarei a falar do tema em breve.

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