Tal Mãe, Tal Filha
Terça-Feira, 10 da manhã, rotina de sempre: consultas de pacientes agendados e, quando o tempo permitia, atendia alguns pacientes de encaixe, que não haviam marcado hora e procuravam o hospital em caráter de urgência. E foi entre as dezenas de consultas que chamo Sílvia. “Ah, Sílvia... se eu soubesse, teria ido tomar um café em vez de te atender.”
- Olá, bom dia Sílvia, em que posso ajudá-la?
[Sílvia, 19 anos, entrou acompanhada por senhora lá com seus 42 anos, sua mãe... obviamente]
- Bom dia Dr.! Vim aqui porque estou com tosse, um pouco de peito cheio e sensação de falta de ar, não sei bem...
- E há quantos dias está assim? Teve febre?
- Não Dr., febre não. Mas tô assim faz uns três dias, começou tipo uma gripe.
Nesse momento, dirigi-me à mãe de Sílvia:
- Sra., me diga uma coisa: sua filha, na infância, teve muitos problemas pulmonares, como crises de asma ou...
Antes que eu pudesse concluir, Sílvia rispidamente me interrompeu, para dizer a última frase que pensaria em ouvir naquela situação:
- Dr., ela não é minha mãe... É minha esposa.
É no sentido figurado, pô!
Pronto-Socorro Municipal, sala de emergência. A materialização do caos, muito distante do que Dr. John Carter e sua equipe no seriado E.R nos dão a impressão de ser. Macas, soros e sangue entrecortados por jalecos brancos que vão e vem tentando fazer o possível. Logo entra novamente a equipe de resgate do SAMU, com mais um paciente grave para ser internado. Feito o atendimento inicial, a conduta foi dada à enfermagem:
- Meninas, por favor, paciente hemodinamicamente instável! Rápido: quero um acesso venoso e um sorão de 1000 no pau!!! Agora!!!
Feito o pedido, viro-me para assinar a papelada do SAMU e, em um minuto, volto ao paciente, para prosseguir com o atendimento. E a cena que se segue é quase indescritível: o paciente está sim, com o acesso venoso solicitado, em braço direito. E está sim, com o soro de 1000ml. Porém, o soro não está na veia, mas sim, no pênis! A auxiliar de enfermagem, inexperiente (e, digamos, maliciosa) entendeu que o “sorão de 1000 no pau” era no “pau” mesmo, e não “rapidamente”, como eu quis dizer. É no sentido figurado, pô!
Dr. Rino é médico e, há meses, considera toda senhora que acompanha uma moça em consulta uma Cássia Eller em potencial e, sem dúvida, tem evitado o uso de gírias desnecessárias no ambiente de trabalho.
3 comentários:
hauhauauahuahauahauah!!!!
Meu deus... A segunda me lembrou a história da "Fecha na Prochaska!"
acho que o melhor dessa coluna é que eu fico tentando visualizar as cenas!! E me acabo de rir, é lógico!
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