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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Beyoncé não viu Puerto Candelaria

A resposta da encantadora Carolina, amiga colombiana, foi animadora. "Claro que conheço o Puerto Candelaria. São da minha cidade, Medellin, e a música deles é maravilhosa. Alegre, festiva, com uma energia única. E ao vivo é algo inexplicável, muita vida e vibração".
Me animei e convenci o Thiago Domenici, chefe deste quilombo, a desistir do show da Beyoncé que rolou no estádio do Morumbi com produção de mais de duzentas pessoas. Estávamos, no entanto, há 25 minutos do estádio, no deslumbrante Auditório do Ibirapuera, arte de Niemeyer.
"Sabia que existe um absurdo país chamado Colômbia?" Com essa pergunta provocativa Puerto Candelaria começa seu show. E durante pouco mais de uma hora o sexteto apresenta uma mistura de música latina (salsa, cumbia etc) com jazz. Com sacadas engraçadas, os caras conseguiram driblar a dificuldade do público de entender as letras e fazer a galera interagir. Ótimos músicos, seguraram bem os momentos instrumentais e mais calminhos do concerto. Carolina tinha razão, música viva e vibrante.
Findo o espetáculo, me aproximo dos caras, que vendiam o CD do grupo por ali mesmo.
Converso com Cristian Rios, trombonista da banda. Ele me conta que o grupo existe há dez anos, mas que em 2005 houve uma mudança forte de rumo. Até então, Juancho Valencia, o tecladista e fundador, comandava um som mais “sério”, palavras de Rios. Era uma mescla de jazz com sons regionais da Colômbia, mas menos dançante. Com a entrada da percussão e do sopro, o som ganhou alegria. Aos poucos, eles acrescentaram isso na performance – as brincadeiras com o público são frequentes.
Cristian Rios conta que Puerto Candelaria adora o Brasil e foi por aqui, em 2006, que eles fizeram o primeiro show fora da Colômbia. Foi em Salvador. Depois disso, voltaram mais três vezes. “Sabe que as pessoas daqui se animam mais nos shows do que os colombianos”, comenta. Palpito que pode ser que o fato de fazer um som tão diferente do que se escuta aqui possa explicar a recepção calorosa e pergunto: como vocês classificam o som? “A gente costuma dizer que é uma Cumbia Underground” e sorri.
Fiquei com vontade de vê-los de novo em um lugar menor e onde se possa dançar – no Auditório Ibirapuera o público assiste o show sentado. Quem sabe em Medellin, onde eu possa tirar a Carolina e não o Thiago.
Então fica a dica. Hoje, domingão, os caras fazem o último concerto em São Paulo nessa quarta passagem – ainda tocam no Recife, no Rec Beat, no sábado. Faça como o Thiago, dê de presente pro porteiro do prédio seu ingresso da Beyoncé e vá mexer o popô ao som de Puerto Candelaria.



Ricardo Viel é jornalista e mantém a Coluna Conexsom Latina neste Nota de Rodapé

4 comentários:

Thomaz Molina disse...

Também vem da Colômbia uma das melhores bandas de rock da América Latina, o Mamporro. Pena que esses sons não são divulgados por aqui...

Ricardo disse...

Legal Thomaz. Essa não conheço, vou fuçar pra vem quem são. Abraço

Eduardo Messias disse...

Vi o pessoal no Metropolis e um som original assim é logo identificado como único. Nem sempre música é senão diversão. "Does humor belong to music?" Beyonce que nada.

Portugaz! disse...

Pô, conhecí o som só agora, via vídeo do youtube. Iria fácil no show dos caras!

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