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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

"Pai", um poema aos desaparecidos políticos

A notícia abaixo, tirada do jornal A Cidade, de Ribeirão Preto, encheu-me de alegria, como é óbvio. Ter uma peça escolhida por um grupo teatral para se apresentar no Fringe de Curitiba é, sobretudo, uma honra e motivo de orgulho. Ainda mais quando o tema é uma homenagem aos desaparecidos políticos no Brasil, alguns deles meus amigos pessoais, como Eduardo Leite (Bacuri), Yara Iavelberg, Heleni Guaryba, entre outros. Texto escrito sob forte emoção e com o carinho e o respeito a uma geração que não se curvou à ditadura. Como em teatro, por tradição, não se diz boa sorte, mas ‘merda’, desejo toda ‘merda’ do mundo ao Gilson, a Neuza Maria, a Mariana, ao Júlio, a Gracyela e a todos os que participam do espetáculo.

Grupo de Ribeirão é selecionado para Festival de Curitiba
Ribeirão Em cena vai estrear espetáculo inédito na capital paranaense sobre a família de um desaparecido político. Álefe Cintra - Especial A Cidade.
Pelo terceiro ano consecutivo, a Cia. Ribeirão Em Cena foi escolhida para participar do Festival Internacional de Curitiba. O grupo foi selecionado para a mostra Fringe, que agrega todas as tendências, e é dedicado a novos grupos.
Para a vigésima edição, que será realizada na capital paranaense entre 29 de março e 10 de abril, o espetáculo escolhido foi "Pai", escrito pelo mineiro Izaías Almada. A peça cumprirá temporada de quatro apresentações no Teatro Solar do Barão entre os dias seis e nove de abril. O diretor da peça Gilson Filho explica que a escolha do texto aconteceu graças a atriz ribeirão-pretana Débora Duboc (a Olga, de Passione), que indicou o livro. O enredo é sobre a história de uma família que descobre o corpo do pai, desaparecido político na época da ditadura militar brasileira. A ação se passa em São Paulo, 1991, ano que se descobriram centenas de ossadas numa parte clandestina do Cemitério de Perus, muitas delas de prisioneiros da ditadura. "Eu conversei com o Izaías, que ficou empolgado e autorizou", conta Gilson.
O elenco reúne a veterana atriz Neuza Maria e a jovem Mariana Casula, que faz parte da nova geração de atrizes formadas nas oficinas do Ribeirão Em Cena. Conta ainda com a participação especial do ator Julio Avanci e de Gracyela Gitirana. E para a apresentação, o grupo contará com a ajuda da tecnologia. "Nós teremos uma projeção de imagens da época no palco, durante o espetáculo", explica Gilson.
O Festival Internacional de Curitiba reúne grupos de teatro de todo o Brasil. Para o diretor Gilson, essa é a oportunidade de mostrar o trabalho de Ribeirão num evento de repercussão nacional. "O festival é uma vitrine e uma experiência muito rica. E o público é muito bom. Desde que fomos aprovados para participar do festival há três anos, o grupo não parou mais".

Izaías Almada é dramaturgo e escritor, colaborador do Nota de Rodapé

Um comentário:

Marici disse...

Ótima notícia. É importante relembrar: esses acontecimentos não podem ficar escondidos, pra que não se repitam.

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