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30 de Julho de 1929, jovens velejadoras no porto de Deauville, França (Getty Images)

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O Louco de Wall Street


por Maria Shirts*

Vou ter que confessar uma coisa: eu gosto do Oscar. Sim, sei que é uma pataquada só, marmelada pura, uma cafonice. Aliás, se você não quiser continuar lendo esse texto, tudo bem, eu entendo. Mas eu gosto do Oscar. E eu não só gosto como faço do Oscar um evento: me reúno com as amigas, faço um lanchinho lá pelas 8, 9 da noite, que é pra dar tempo da gente ver (e comentar, é claro) o tapete vermelho no E! Entertainment.

Depois, na premiação, a gente tenta ficar chutando os ganhadores, e essa é a parte mais legal porque uma das minhas amigas, a fotógrafa Clara Holtz, acerta todos. Todos. “A gente tem que levar ela pra Las Vegas e ganhar um dinheiro com isso”, disse meu pai, no ano passado, chocado com a habilidade da Cleidinha, como gostamos de chamá-la. Bem, como eu sou uma pessoa que gosta do Oscar, também gosto de assistir todos os filmes que dele participam. E semana passada fui ver O Lobo de Wall Street, do diretor Martin Scorsese (com a Cleidinha, inclusive).

O filme conta a história verdadeira de Jordan Belfort, um corretor da bolsa oriundo de uma família de classe média novaiorquina, mas com uma sede de dinheiro insaciável, quase sinistra. O jovem, que segundo a Wikipédia tentou carreira de dentista para se dar bem na vida, foi desestimulado por um professor da faculdade e optou pelo caminho da bolsa. Em pouco tempo vira um vendedor hábil, com uma lábia fascinante que só as pessoas desse ramo têm. Abre o seu próprio negócio e consegue consumar o seu sonho primordial: ficar rico.

Mas a que custo? O filme nos conta as várias tramóias do corretor, seus malabares muito bem dirigidos e com cenas impressionantes, que se eu tentar descrever vão perder toda a graça. Vale assistir, também, pela exímia atuação de Leonardo DiCaprio, o Belfort. Chega a impressionar o modo com o qual consegue interpretar a babaquice e boçalidade wall-streetiana. Em pouco tempo o espectador percebe que a sua conta bancária é inversamente proporcional à qualidade de seu caráter.

Em suma, é um filme que vale a pena ser visto, mas em casa. Nem eu nem a Clei sabíamos que o filme tinha 3 horas de duração, o que pra nós foi bem angustiante. Pode parecer que não, mas é deveras aflitivo ficar todo esse tempo assistindo a um milionário idiota e cocainômano humilhando mulheres, colegas e até o FBI só porque ele tem dinheiro. Se eu pudesse, teria pausado um pouco, desanuviado a cabeça e digerido a vergonha alheia, para depois ver o final (talvez até em outro dia).

Mas, agora que eu já passei por tudo isso, só me resta torcer para o DiCaprio ganhar a sua primeira estatueta. A ver!

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Maria Shirts, internacionalista e pedestrianista, mantém a coluna Transeunte Urbana.

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